Tauromaquia: Mourão e as Candelárias
Festividade religiosa e festa tauromáquica acontecem em associação natural.
Como sou velho (essa moda do "idoso" não vai com o meu feitio), ainda me lembro de quando a temporada taurina abria no Campo Pequeno, em Domingo de Páscoa, naquela simbiose do religioso/pagão (que sempre caracterizou a Festa de Toiros desde tempos inumeráveis), com toda a assistência de fato e gravata e alguns até de "palhinhas".
No entanto, de há uns anos para cá, já é de tradição que seja Mourão a merecer essa honra durante a festividade das Candelárias que tem lugar a 1 de Fevereiro de cada ano, que é também dia de Santa Brígida e, historicamente, coincidente com o "primeiro tempo sagrado" (da cultura celta), chamado de "Imbolc", que simbolizava a purificação e a fertilidade. O que confirma a tal simbiose acima referida a remeter-nos para a característica quase generalizada dos festejos raianos (e não só), onde essa simbiose do religioso cristão com o culto pagão surgem amiúde, como a Historia aponta.
Neste caso, em que a festividade religiosa e a festa tauromáquica acontecem em associação natural, Mourão revive tempos de grande euforia enchendo-se de forasteiros, da sua diáspora e de gente ali nascida, para festejar a Senhora das Candeias que trás consigo a luz purificadora e a promessa de melhores dias com paz e pão nas mesas.
Diz a lenda que a Virgem apareceu a um pastor sobre umas moitas de tojos (de onde também ser conhecida como Senhora do Tojal). Na festa que lhe é dedicada, ano após ano, para além da "novena", da missa solene, e da procissão, que tem lugar no fim da tarde do dia 2, o andor, todo florido, com a sua imagem, em pedra ançã, pesando mais de 200 quilos, é transportado por equipas de seis valentes moços da terra que se vão revezando ao longo do percurso pelas ruas da vila.
O Festival taurino que modernamente substitui a antiga "vacada" (no fim da qual o toiro lidado era morto, com a sua carne distribuída pela população) costuma ter lugar a 1 de Fevereiro e a bela praça de Mourão, alindada e sempre com lotação esgotada terá este ano (por calhar numa segunda-feira) um "entreacto" na tarde de 31 de Janeiro, com cartel de matadores espanhóis, (Finito, Padilla, Robleño e Ureña) e o português Dias Gomes, com o cavaleiro Rui Fernandes a abrir e os Forcados de Santarém nas pegas aos novilhos de Joaquim Grave, "alma mater" da organização taurina que se duplicará para a segunda-feira num festival de gente jovem.
Uma abertura de temporada de excelente perspectiva que contará certamente com a presença da nata da nossa ‘afición’ esperando-se que a meteorologia ajude.
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