page view

Zulu: “O silêncio faz de mim um campo de criatividade”

A cantora da Ilha da Boavista lança ‘Cise é testemunha’, que retrata a vivência dos cabo-verdianos.

02 de maio de 2025 às 13:39
A carregar o vídeo ...

Zulu: “O silêncio faz de mim um campo de criatividade”

A cantora Zulu é da Ilha da Boavista, da localidade da Bofareira. O seu primeiro contacto com a música foi em casa, em convívio com o pai, que organizava tocatinas. “Chamava amigos, todos os domingos, reuniam-se e tocavam morna, coladeira e outros ritmos tradicionais. O meu pai canta e toca, a minha irmã também. Foram as principais influências para eu começar a atuar na música. Mas também tive a influência da igreja. Fazia parte do grupo coral e tinha a responsabilidade de citar o salmo, que é cantado. Isso repercutiu em mim a forma como eu percebia a harmonia da música e como sentia o mais profundo da música, tanto na religião, como em casa”, refere a cantora cabo-verdiana. 

A base das músicas de Zulu são as músicas tradicionais. “Batuque, um bocado de Funaná, Tabanca, só que num formato diferente do que estamos habituados a ver e vivenciar. Também o Landu, que é pouco explorado em Cabo Verde. Um ritmo tradicional da ilha da Boavista e que trouxe em forma de folclore, em todas as composições. O essencial é poder explicar que tentamos trazer uma mesclagem da música tradicional com a fusão do jazz, do blues, do soul music. Tentar trazer toda essa alegria e liberdade, no expressar, no cantar, no tocar, no interpretar de todas as composições”, informa a artista. “Eu sou uma pessoa muito solitária, não saio muito para convívios sociais. Não tenho muitos amigos. Este ambiente é propício, porque o silêncio faz de mim um campo de criatividade. Acabo por me centrar muito no meu interior. Escuto músicas, sinto, percebo, observo e trago isto para as composições. Mas houve composições que foram escritas dentro do estúdio de produção. Como é o caso de ‘Bubista D’otrora’, que foi o último a ser composto e deu uma riqueza incrível, porque tem muito a ver com a afinidade que consegui ter com o produtor, que permitiu que eu conseguisse expressar toda a minha liberdade musical e extrair de mim o meu melhor. Ele foi o meu melhor ouvinte, durante este processo. Acabou, de alguma forma, por transformar todas as minhas composições em músicas incríveis”, conta a cantora sobre o EP Briza, lançado em março pela editora Harmonia. 

O primeiro single do disco foi ‘Cise é testemunha’, que para Zulu é mais do que uma homenagem a Cesária Évora. “Representa para nós, a maior embaixadora da música e cultura cabo-verdiana. É normal ir a qualquer canto e ninguém reconhecer Cabo Verde, as dez ilhas no Oceano Atlântico, mas sim reconhecer o país de onde veio Cesária Évora. ‘Cise é testemunha’ retrata toda uma vivência do cabo-verdiano. A beleza da diversidade. As etnias que fazem parte do nosso ADN, as manifestações culturais, a tradição, a riqueza. E passa por todas as ilhas de Cabo Verde”, realça a cantora. 

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8