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Candidaturas ao Cinanima com número crescente de filmes de animação realizados em África

Egito foi aquele que apresentou mais filmes, num total de cinco, distribuindo-se as restantes 12 obras por países que apresentaram apenas uma cada.

11 de novembro de 2025 às 08:46

O festival de cinema de animação Cinanima tem recebido um número crescente de candidaturas provenientes do continente africano, que este ano se fixaram em 17, disse à Lusa a organização.

O coordenador de programação do certame internacional a decorrer em Espinho até domingo, André Ramada, revelou à Lusa que, entre os 2.231 filmes de 148 países que concorreram à 49.ª edição desse festival do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, houve 17 obras com origem em 10 nações de África.

Dessas, o Egito foi aquele que apresentou mais filmes, num total de cinco, distribuindo-se as restantes 12 obras por países que apresentaram apenas uma cada, como aconteceu, por exemplo, com o Gana, o Lesoto e o Uganda.

Esses números podem parecer ainda diminutos, mas André Ramada diz que têm "grande significado" e, mesmo evitando referência a edições mais antigas do festival, quando a presença africana na fase de candidatura era nula ou perto disso, explica-o com dados recentes: "Um bom termo de comparação é que em 2020 recebemos submissões de apenas quatro países africanos e agora, em 2025, eles já foram 10".

O programador do Cinanima associa este aumento a parcerias com festivais europeus: "A tendência para um número crescente de filmes oriundos de África tem a ver com os 'workshops' de animação que os festivais europeus têm realizado nesse continente. Isto significa que os criadores de lá têm aprendido coisas novas, estão a ganhar gosto pela animação e começaram a produzir mais".

André Ramada admite que o nível dessas produções ainda não apresenta a sofisticação de obras criadas na Europa e noutras regiões do mundo com mais tradição e experiência em cinema animado, mas mostra-se otimista quanto à evolução.

"Nota-se que os realizadores africanos ainda não têm acesso a equipamento sofisticado, sobretudo ao nível do 'software' de desenho e modelação 3D por computador. Mas, se as financeiras investirem nisso, atendendo [até] ao potencial da animação para o mercado publicitário, acredito que, em 10 a 15 anos, África terá filmes mais próximos do grau de qualidade europeu e que serão selecionados para integrar a competição do Cinanima", opinou.

Segundo André Ramada, as temáticas acabam por ser "muito diversas", ao privilegiarem o quotidianao dos diferentes povos: "Os filmes representam a realidade deles, o seu dia-a-dia, os problemas que enfrentam -- são mais retrato do que ficção pura ou fantasia, por exemplo".

Quanto aos seis países africanos que têm o português como língua oficial, nenhum concorreu ao festival.

Do Brasil, no entanto, houve 93 candidaturas, sendo que, dessas, duas foram selecionadas para competição, uma na categoria de curtas-metragens e outra na de 'longas' (neste caso em coprodução com o Peru).

A primeira intitula-se "Como Nasce um Rio", é realizada por Luma Flôres e recorre à técnica de recortes e desenho 2D em computador para revelar em oito minutos uma história de autodescoberta durante a exploração de uma montanha. A longa-metragem, por sua vez, é "Nimuendajú", tem direção de Tania Anaya, foi desenhada a 2D em computador com recurso a rotoscópio e relata em 84 minutos a história de Curt Unckel (1883-1945), o etnólogo, antropologista e escritor alemão que viveu com povos indígenas brasileiros durante 40 anos.

O 49.º Cinanima -- Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho arrancou na passada sexta-feira e apresenta mais de 430 filmes de 50 países, continuando a focar-se no tema da guerra, mas abordando também a revolta feminina e "muita solidão".

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