Curta-metragem de ficção segue Miguel, que vive com a mãe numa zona industrial costeira, nos arredores do Porto.
O cansaço, o trabalho e a cidade do Porto marcam a nova curta-metragem de Tomás Baltazar, a partir da relação entre mãe e filho em "Cabo do Mundo", apresentado em antestreia mundial no domingo, no Batalha-Centro de Cinema.
"Cabo do Mundo" foi um dos projetos selecionados no ciclo Working Class Heroes do festival Porto/Post/Doc em 2023 e, agora, estreia-se integrado na programação deste evento, pelas 20:00 de domingo.
A curta-metragem de ficção segue Miguel, que vive com a mãe numa zona industrial costeira, nos arredores do Porto.
"Ela, fisioterapeuta exausta, recebe-o todos os dias após a escola, enquanto ele vagueia pelos corredores do hospital onde trabalha. A chegada de um novo paciente em estado catatónico perturba a rotina e aproxima mãe e filho num silêncio partilhado, onde ambos procuram consolo e um sentido para seguir em frente", pode ler-se na sinopse.
"O filme, no fundo, é um processo de pensamento à volta da minha relação com o Porto, principalmente na lógica do Working Class Heroes, e familiar, tentando encontrar uma ponte entre o Porto, trabalho, a relação entre essas duas coisas, e uma família nesse meio", explicou à Lusa o realizador.
Para Baltazar, "a forma mais fácil de chegar a uma verdade, neste caso específico, foi pela ficção, por mais paradoxal que pareça", criando "ligações" entre estas áreas temáticas.
"Havia espaços no Porto que me despertavam, por uma questão de infância. Há partes muito relacionadas com a minha vida, e da minha vida com o Porto, como o Hospital Santo António, em que a minha mãe trabalhava como fisioterapeuta. Essa parte está no filme. Depois, há vários elementos que têm a ver com uma ideia de ficção para melhor contar uma narrativa", descreveu.
Da experiência pessoal ao filme, decidiu retratar não só um Porto em mudança, dos anos 1980 e 1990 para os dias de hoje, mas também o cansaço e as dificuldades perante a conjuntura socioeconómica.
"Do centro de uma cidade, vai-se para uma zona costeira. É a periferia, e há um trajeto que reforça o isolamento e a luta diária. Isso está lá, e nesse cansaço, que até é muito mais isso do que a relação com o filho", lembra.
Essa luta, "independentemente de uma dureza implícita", é destacada pelo realizador para lembrar "a força intrínseca que liga as pessoas, que vão encontrando no dia a dia momentos para superar" dificuldades.
"Aparece aqui uma personagem misteriosa, que de alguma forma colmata, tanto para a mãe como para o filho, uma ideia de presença, de que estamos aqui a fazer alguma coisa. Na lógica da luta diária, há também o esforço de confiança de que é para continuar", completa.
Nascido em 1978, Tomás Baltazar tem trabalhado sobretudo nos departamentos de montagem e edição de filmes e séries, tendo realizado vários filmes e trabalhado, também, como programador do festival DocLisboa.
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