No críptico filme ‘Holly Motors’, de Leos Carax, em exibição entre nós, é difícil ficarmos indiferentes à forte imagem inicial de sedução de uma Eva Mendes assombrosa, em pose no cemitério Père Lachaise, em Paris. Em Toronto, a propósito da promoção do fascinante ‘The Place Beyond the Pines’ (já adquirido para Portugal, mas ainda sem data de estreia), onde contracena com Ryan Gossling e Bradley Cooper, questionámo-la sobre esse seu papel. E ficámos a saber que Mendes adora vaguear por cemitérios... E também que tinha desejos secretos em criança.
Paulo Portugal – Como foi esta sua experiência com Leos Carax em ‘Holy Motors’?
Eva Mendes – Fiquei estusiasmadíssima por poder trabalhar com o Leos. Delirei quando me disse que as minha cenas decorriam todas no cemitério Père Lachaise e nos túneis adjacentes, porque esse cemitério é um dos meus lugares favoritos em todo o mundo. É uma parte em que não tenho diálogo e que me permitiu vaguear pelo cemitério uma semana inteira.
- O que foi que o Leos lhe disse sobre a sua personagem? E sobre a cor do seu cabelo?
- (risos) Basicamente, queria apenas que eu não tivesse medo e ficasse desligada da cena. Numa pose sensual, mas sem ser forçada e muito sexy. No fundo, que eu me tornasse numa beleza inatingível. Adorei que ele me tivesse deixado ir tão longe com aquela pose. Onde será que me vão deixar usar uma peruca vermelha tão longa?... Em vez de uma pele bronzeada e brilhante, ele preferiu a minha pele muito pálida e uma maquilhagem louca. A mim parecia-me quase que estava numa instalação de arte.
- Foi para si também um desafio deixar de lado todo esse glamour para o seu filme seguinte?
- As pessoas perguntam-me muito isso, mas a verdade é que eu ando normalmente com muito pouco ‘glamour’. E em muitos filmes. Pode haver um lado de ‘glamour’ mais ‘trash’, que é o que sucede com o filme de Werner Herzog, ‘Polícia sem Lei’ e no filme de James Gray, com o Joaquin Phoenix, ‘Nós Controlamos a Noite’. Fiz muitas cenas sem maquilhagem.
- Embora não seja essa a imagem que as pessoas têm de si...
- É claro que quando desfilo numa passadeira vermelha ou faço publicidade para uma marca tenho de me arranjar, pois trata-se de vender um filme ou um perfume, mas quando estou a trabalhar, em muitos filmes não uso maquilhagem.
- Como decorreu a sua chegada a ‘The Place Beyond the Pines’?
- Fui eu que seduzi o realizador [Derek Cianfrance]!.... (risos) Não, a sério, era grande fã de ‘Blue Valentine’ e pedi ao meu agente para marcar uma reunião com ele. Disse-lhe que fosse o que fosse que ele fizesse, eu estaria disponível. Mesmo como figurante. Quando finalmente concluiu o guião, acabei por fazer uma audição para o papel.
- Como decorreu essa audição?
- Eu fui sem qualquer maquilhagem, tinha o cabelo medonho, a minha roupa era completamente comum. Ou seja, era uma mulher completamente diferente da que ele tinha conhecido antes. Sei que passou por mim e nem sequer me reconheceu. Era o que queria. Eu queria que ele soubesse que aquela personagem “era eu”. E levei-o, mais os investidores, numa viagem de carro pelos lugares de Los Angeles em que cresci. Foi algo muito pessoal. Ele gostou desse meu lado muito pessoal.
- E que lado era esse?
- Era o de uma descendente de emigrantes cubanos, de uma mãe solteira, numa família carenciada a tentar fazer pela vida. Uma sobrevivente.
- Foi essa memória que quis também ‘colar’ à personagem?
- Exactamente. Eu era a mãe de uma criança que tinha sido fruto de uma relação ocasional [com a personagem Ryan Gossling]. Depois, conheço um outro homem que me respeita e com quem tenho uma relação equilibrada. Só que entretanto, o outro homem entra na história e quer recuperar a nossa relação... É um dilema moral profundo.
- Lembra-se do que que queria ser quando era ainda criança. É verdade que queria ser uma freira?
- (risos) Essa história está a ser um pouco exagerada. Eu tinha apenas cinco anos quando disse que queria ser freira. Mas como crescemos com muitas dificuldades, e eu sempre quis ajudar a minha mãe, a minha irmã disse-me que se quisesse ser freira não poderia pagar as contas da mãe e comprar-lhe uma casa. Por isso, foi um desejo efémero...
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