Escritora morreu na quinta-feira aos 96 anos.
O velório da escritora Isabel da Nóbrega realiza-se esta sexta-feira na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 17:30, e o funeral terá lugar no sábado, no Cemitério dos Prazeres, disse fonte familiar.
A escritora, jornalista e tradutora Isabel da Nóbrega, autora de "Viver com os outros", morreu na quinta-feira, no Estoril, aos 96 anos.
A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) manifestou entretanto o seu pesar pela morte da escritora e cronista, que foi cooperadora da instituição desde novembro de 1978.
Isabel da Nóbrega foi, durante décadas, "uma figura de referência e prestígio no quadro da vida literária e jornalística portuguesa, também devido à sua ligação sentimental com figuras marcantes da nossa vida literária, caso de João Gaspar Simões e depois de José Saramago, que lhe dedicou o romance 'Memorial do Convento'", destacou a SPA, em comunicado.
Isabel da Nóbrega, pseudónimo de Maria Isabel Guerra Bastos Gonçalves, nasceu em Lisboa em junho de 1925 e, ao longo da vida, publicou ficção, contos, teatro e literatura para os mais novos.
Em 1965, foi distinguida com o Prémio Camilo Castelo Branco pelo livro "Viver com os Outros", romance que a consagrou.
Contudo, a sua estreia na ficção literária deu-se antes, com "Os Anjos e os Homens", em 1952.
Ao longo da carreira publicou livros como "Solo para gravador" (1973) e "Cartas de Amor de Gente Famosa" (2009), para além de ter escrito uma apresentação para "O Cântico dos Cânticos", de Salomão, publicado em 1966 pelos Estúdios Cor, que também editaram, nesse mesmo ano, "Já não há Salomão...", da autora, com desenhos de Sá Nogueira e prefácio de José Saramago.
Entre as peças que escreveu para teatro, conta-se "O filho pródigo", representado no Teatro Nacional D. Maria II, em 1954, pela então residente companhia Rey Colaço-Robles Monteiro.
De acordo com o Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Isabel da Nóbrega escreveu ainda as peças "A Cigarra e as Formigas" (1971), encenada na Casa da Comédia, e "O Filho de Rama" (1998), levada ao palco de A Barraca e da Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul.
Influenciada pelo 'nouveau roman' e pela obra de Virgina Woolf, bateu-se sempre pelos direitos das mulheres e pela sua autonomia na vida cultural e social.
Foi uma das fundadoras do vespertino A Capital, colaborando depois no Diário de Lisboa, no Diário de Notícias e no Primeiro de Janeiro.
Isabel da Nóbrega colaborou ainda com várias editoras como tradutora, tendo traduzido livros como "Guerra e Paz", de Tolstoi, "Tempo para amar tempo para morrer", de Erich Maria Remarque, ou "Pago para matar", de Graham Greene.
Nos anos 1950 separou-se do cardiologista Abreu Loureiro com quem vivia no Estoril, iniciando uma relação longa com o crítico, ficcionista e ensaísta João Gaspar Simões, recorda a SPA.
Manteve longas relações de amizade com Natália Correia e com Sophia de Melo Breyner e conheceu escritores com grande reconhecimento internacional como Henry Miller.
Isabel da Nóbrega manteve também "uma forte relação sentimental com José Saramago cujos contactos no meio literário ajudou a aprofundar e a consolidar". "Saramago era editor nos Estúdios Cor e era ainda pouco conhecido fora do meio literário", assinala a SPA, destacando que a escritora "sempre acreditou na consagração da obra de Saramago, deixando progressivamente de publicar novos livros".
"Sabe-se que guardou o fraque do pai porque acreditava que José Saramago o poderia usar na cerimónia de entrega do Nobel da Literatura", acrescenta.
"Mulher elegante, determinada e muito culta, nunca aceitou comentar o facto de Saramago ter decidido apagar as dedicatórias que lhe foram destinadas em obras essenciais do seu percurso literário", sublinha a SPA, referindo que a separação de José Saramago "foi um acontecimento que muito a marcou e em larga medida isolou".
Foi uma das organizadoras do 1.º Congresso dos Escritores Portugueses, logo após o 25 de Abril de 1974.
O livro "Quadratim", de 1976, reuniu as suas crónicas mais importantes, vindas a lume em vários jornais.
Ajudou a divulgar, em sessões com escassa promoção, a obra de poetas que muito admirava.
Em 2008, a SPA atribuiu-lhe o Prémio de Consagração de Carreira, que foi um dos últimos atos culturais em que participou.
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