Morreu este domingo, aos 80 anos, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.
O Ministério da Cultura lamentou "profundamente" a morte do poeta Gastão Cruz, considerando que a cultura portuguesa "perdeu hoje um autor que, acima de tudo, tinha uma profundamente paixão pela expressão literária".
"A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta profundamente a morte do poeta, tradutor, crítico literário e encenador Gastão Cruz (1941-2022), figura indiscutível da poesia portuguesa contemporânea e um dos seus grandes renovadores, tanto enquanto autor, como enquanto crítico literário", lê-se num comunicado hoje divulgado pelo Ministério da Cultura.
O poeta Gastão Cruz morreu este domingo, aos 80 anos, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, onde estava internado, disse à Lusa fonte próxima da família.
No comunicado, a tutela recorda o percurso de Gastão Cruz, salientando que "a cultura portuguesa perdeu hoje um autor que, acima de tudo, tinha uma profunda paixão pela expressão literária, criando, trabalhando e divulgando a literatura nacional com um inestimável empenho".
Gastão Cruz, que nasceu em Faro em 1941, era licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e autor premiado de vários títulos de poesia e ensaio.
Foi nos tempos de estudante universitário que começou a publicar em jornais e revistas poemas e artigos sobre poesia. Na mesma altura, participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da "Antologia de Poesia Universitária" (1964).
O seu primeiro livro, "A Morte Percutiva", data de 1961. Depois, publicou, entre outros, "A Poesia Portuguesa Hoje" (1973), "Campânula" (1978), "Órgão de Luzes" (1990), "Transe -- Antologia 1960-1990" (1992) e "As Pedras Negras" (1995).
Os seus ensaios sobre poesia, "A Poesia Portuguesa Hoje", foram editados pela primeira vez em 1973. "A Vida da Poesia -- textos críticos reunidos" (2008) foi a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.
No ano seguinte, em 2009, reuniu a sua poesia no volume "Os Poemas", tendo posteriormente publicado "Escarpas" (2010), "Observação do Verão" (2011), "Fogo" (2013), "Óxido" (2015) e "Existência" (2017).
O Ministério da Cultura destacou que, "nos seus poemas, tal como nos ensaios e textos de crítica, Gastão Cruz defendia uma poesia depurada, menos discursiva e mais centrada na carga emocional das palavras e na densidade expressiva da linguagem, mas nem por isso alheia as condições do tempo da sua escrita: 'Desta janela de intranquilidade/ vemos a primavera sobre as casas/ agosto tem a morte e as palavras/ recusarás as armas que te der" (de 'A Doença', 1963)".
"Se é verdade que, ao longo da sua obra poética, estas características tão vincadamente suas nos primeiros trabalhos se foram atenuando, a poesia de Gastão Cruz revelou, sempre, um trabalho formal rigoroso, depurado e atento a história da poesia portuguesa, que conhecia como poucos", lê-se no comunicado.
Para a tutela, um "exemplo da visão única e complexa de Gastão Cruz da poesia portuguesa é a sua reunião textos de ensaio intitulada 'A Poesia Portuguesa Hoje' (1973), livro que permanece ainda hoje como um marco para compreender a produção poética nacional entre os anos 60 e 70".
Em 1975, Gastão Cruz foi um dos fundadores do grupo Teatro Hoje, posteriormente fixado no Teatro da Graça, que dirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance "Uma Abelha na Chuva", de Carlos de Oliveira.
Entre 1980 e 1986 foi leitor de português no King's College, na Universidade de Londres.
Em 2018, foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Governo português, "em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à poesia".
Na altura, o Ministério da Cultura justificou a distinção com a dedicação de Gastão Cruz "à produção literária e à escrita, difundindo amplamente a Língua e a Cultura portuguesas, ao longo de mais de 50 anos".
Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.
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