Realizador quer repetir modelo de distribuição tentado em 2010 com "O Filme do Desassossego"
O realizador João Botelho e o produtor Alexandre Oliveira querem ir ao encontro dos espectadores de cinema português com o filme "As Meninas Exemplares", numa digressão por todas as capitais de distrito e fora do circuito comercial.
À Lusa, o produtor do filme, Alexandre Oliveira, explicou que o objetivo é replicar aquilo que ele e João Botelho fizeram há quinze anos com "O Filme do Desassossego", apresentado em cine-teatros e auditórios municipais e que "correu muitíssimo bem".
"Na altura, os números de espectadores do cinema português já eram baixos. Hoje, por mais incrível que pareça, ainda está pior", e considera que o cenário da exibição de cinema em sala "está afunilado" para um tipo de cinema mais comercial.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em 2025, até setembro, a exibição comercial de cinema somou quase 8,4 milhões de espectadores, dos quais apenas 2,1% (172.771 espectadores) viram cinema português.
"O público mais velho que via outro cinema ficou absolutamente desligado do circuito comercial. Na pandemia isso ficou intensificado com o 'boom' do 'streaming', onde as pessoas passaram a ver cinema em casa. Uma pessoa hoje experimenta ir ao cinema e está com quatro ou cinco espectadores, é um panorama desolador, prefere ver cinema em casa", lamentou.
Quando questionado sobre o paradeiro dos espectadores de cinema português, Alexandre Oliveira diz estar "absolutamente convencido de que o público não perdeu interesse; perdeu interesse em ir aos centros comerciais".
"Vemos que somos reconhecidos nos cinemas internacionais, há facilidade de os filmes obterem coproduções, não creio que seja um problema de conteúdos nossos em relação ao público", defendeu.
Alexandre Oliveira exortou ainda os cineteatros a terem um circuito de exibição de cinema, com os filmes portugueses apoiados pelo ICA, tal como já acontece com as peças de teatro apoiadas financeiramente pela Direção-Geral das Artes.
"Se existe uma política de Estado com júris que selecionam aqueles filmes [através do ICA], então tem de se completar que os filmes sejam vistos. Sentimos que o mercado está completamente adverso a nós. Temos de encontrar políticas culturais que assegurem que, se se apoiam os filmes, que sejam vistos", exclamou.
Sobre "As Meninas Exemplares", o produtor da Ar de Filmes desenhou uma digressão pelo país em sessões em cineteatros e quase sempre acompanhadas por uma exposição de gravuras de Paula Rego, a quem o filme presta homenagem.
"As Meninas Exemplares", com as atrizes Rita Durão, Victoria Guerra, Rita Blanco, Crista Alfaiate e Margarida Marinho, é inspirado nos livros da escritora russa Sophia Rostopchine, conhecida por Condessa de Ségur, mas também na obra de Paula Rego.
"Quando uma pessoa fica mais velha volta à infância", disse João Botelho em junho passado à Lusa, para explicar por que é que decidiu fazer um filme a partir daquele livro que leu em criança, por influência das irmãs.
"A ideia é ser um divertimento e uma homenagem a Paula Rego, uma grande pintora. E é uma homenagem ao cinema de que eu gosto", disse.
Alexandre Oliveira lembra que este filme é um projeto antigo de João Botelho, do qual Paula Rego chegou a ter conhecimento num encontro de ambos no festival de cinema de Veneza.
"Ela adorou a ideia. Ofereceu-se para desenvolver os cenários e figurinos. Na altura o João não teve apoios e não aconteceu e só conseguiu agora e a Paula Rego já não está entre nós", resumiu o produtor.
No périplo pelo país, "As Meninas Exemplares" terá exibição já garantida esta semana, na sexta-feira e no sábado, no Teatro Municipal de Bragança, uma capital de distrito praticamente sem oferta de cinema.
Em Lisboa, o filme passa no âmbito do Lisboa Film Festival - Leffest, com sessão no dia 14, no cinema São Jorge.
Segundo Alexandre Oliveira, estão garantidas ainda exibições em Leiria, Coimbra, Vila Real e Porto, onde o filme e a exposição ficarão uma temporada no Batalha -- Centro de Cinema, entre 4 de dezembro e 18 de janeiro.
A exibição estender-se-á por 2026 e "o objetivo disto é cobrir o território nacional e garantir pelo menos as capitais de distrito", disse o produtor.
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