A edição de hoje
"Achamos que na sociedade portuguesa não existem muitas ações de participação cívica, de ouvir, de auscultar o que os jovens e as crianças fazem", referiu o organizador do festival.
Lisboa acolhe este mês o primeiro festival literário pensado para crianças e jovens, em que eles possam participar na programação, como resposta a uma lacuna de oferta cultural, disse à Lusa um dos organizadores.
O festival literário infantojuvenil Agora vai acontecer entre os dias 25 e 27 em vários espaços de Lisboa, como a Assembleia da República e a Fundação Calouste Gulbenkian, com uma série de iniciativas destinadas a envolver o público mais novo.
"Achamos que na sociedade portuguesa não existem muitas ações de participação cívica, de ouvir, de auscultar o que os jovens e as crianças fazem", disse o gestor Carlos Moura-Carvalho que organiza este festival juntamente com a escritora Maria Inês Almeida e a investigadora Odete Severino Soares.
Uma das iniciativas do festival, na Biblioteca Palácio Galveias, é um encontro de 'booktokers', ou seja, jovens que promovem livros e a leitura na rede social TikTok, e que, no entender da organização, "são responsáveis pelo aumento de vendas de livros".
"Vivemos numa época de internet, de comunicação extrema, de facilidade absoluta de informação e comunicação. E os jovens e as crianças são muito mais informados do que pensamos. E delineámos um festival que tivesse isso em consideração. Há vários painéis em que eles participam e procuramos projetos que tenham as crianças, a educação e o fomento da leitura como foco", descreveu o programador.
Ainda naquela biblioteca, serão dados a conhecer projetos que valorizam o incentivo à leitura junto de crianças e jovens e decorrerá uma conversa com autores, como Sara Rodi e Catarina Sobral, sobre livros que os marcaram.
Na Fundação Calouste Gulbenkian haverá, por exemplo, leituras encenadas, com a participação, entre outros, de Inês Pupo e Gonçalo Pratas e com Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.
Na Gulbenkian estará disponível uma carrinha da antiga biblioteca itinerante da fundação, com livros infantojuvenis para leitura.
O festival vai acolher ainda, no parlamento, uma entrevista conduzida por adolescentes ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, e uma assembleia de jovens, para os ouvir sobre "os temas que os preocupam, como ocupam os tempos livres, que livros leem, onde preferem ler, que propostas têm", refere o programa.
"[Queríamos] um festival que não fosse só passivo, com ações, conversas, iniciativas, de eventos destinados a crianças e jovens, mas em que eles participassem diretamente, com perguntas, painéis", sublinhou Moura-Carvalho.
Um dos pontos altos apontado pela organização será, no dia 26, na escadaria da Assembleia da República, a Festa da Leitura. Cada jovem é convidado a levar um livro, a lê-lo por breves minutos e a trocar impressões com alguém desconhecido que esteja ao seu lado.
No Teatro da Comuna, o ator e encenador João Mota vai falar sobre literatura e teatro e Pedro Miguel Ribeiro dará um espetáculo de comédia sobre livros.
O festival literário Agora é uma organização independente daqueles três programadores, "feita com zero euros", sem apoios da câmara municipal ou dos ministérios da Cultura e da Educação, disse Carlos Moura-Carvalho, mas com parceria da Assembleia da República, do Plano Nacional de Leitura e da Fundação Calouste Gulbenkian.
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