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Maria João Luís: “Ainda sinto o cheiro do lodo nas narinas”

Atriz encena e interpreta um espetáculo que recorda a tragédia das cheias de 1967.

03 de junho de 2019 às 08:25

Em novembro de 1967, uma chuva torrencial abateu-se sobre a região de Lisboa e provocou centenas de mortos e a destruição de 20 mil casas, afetando sobretudo a zona de Vila Franca de Xira. Maria João Luís vivia lá.

Não tinha ainda quatro anos feitos, mas recorda-se da tragédia que matou várias pessoas da família, incluindo a avó, tios, primos...

"Ainda sinto o cheiro do lodo nas narinas", conta ao CM, a atriz que vai estrear, na sexta-feira, no Teatro Cinema de Ponte de Sor, ‘Ermelinda do Rio’, um original de João Monge sobre as cheias – e as mortes – que Salazar tentou encobrir.

"Desde que anunciei que estava a preparar este espetáculo que tive contactos espontâneos de várias pessoas. Houve um senhor que me disse que na altura era militar e que ajudou a contar os corpos. Disse-me que contaram 890 pessoas mortas, mas não há provas, porque a ditadura tentou abafar tudo."

Apesar do tema, a atriz – que também assina a encenação deste espetáculo – diz que ‘Ermelinda do Rio’ não é um trabalho triste. Acompanhada em cena por três contrabaixistas, a atriz garante que o resultado é "leve e até divertido".

"Fizemos uma coisa muito bonita, uma espécie de concerto de jazz que vai agradar às pessoas. O tema suscitou tanta curiosidade por parte dos programadores que já conseguimos agendar várias datas para digressão", acrescenta.

Em Ponte de Sor, ‘Ermelinda do Rio’ estreia na sexta-feira e fica em cena até dia 16.

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