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Morreu Lourdes Castro, uma das mais importantes artistas plásticas portuguesas contemporâneas

Madeirense tinha 91 anos.

08 de janeiro de 2022 às 13:46

Morreu este sábado a artista Lourdes Castro, aos 91 anos, uma das mais importantes artistas plásticas portuguesas contemporâneas, estando representada em museus e coleções públicas em privadas em todo o mundo, como o Vitoria and Albert Museum, em Londres, o Museu de Arte Moderna, em Havana, O Museu Nacional de Varsóvia, ou nos portugueses Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Serralves.

Segundo o Público, maria de Lourdes morreu na Madeira, de onde era natural. A artista foi condecorada com a Medalha de Mérito Cultural em dezembro de 2020. Na cerimónia de entrega, já em abril de 2021, recebeu a medalha pelas mãos da ministra da Cultura, Graça Freitas.

Nascida em 1930 no Funchal, ilha da Madeira, Lourdes Castro estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, e viveu na Alemanha e em França, onde foi uma das fundadoras da revista "KWY", um título composto por três letras que não existiam, na época, no alfabeto português.

Um nome "insubstituível na história de arte", recorda ministra da Cultura

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou "profundamente a morte da artista Lourdes Castro (1930-2022)", que ocorreu este sábado, no Funchal, recordando o seu contributo "insubstituível na história de arte", portuguesa e mundial.

A vida e obra de Lourdes Castro, "em permanente diálogo e complemento", representam, para Graça Fonseca, "um contributo incontestável para a cultura portuguesa e ocupam um espaço insubstituível na história de arte, tanto portuguesa, quanto mundial".

Graça Fonseca recorda o percurso artístico da artista, sublinhando que, manifestou "desde muito cedo aquelas que seriam as suas características mais evidentes: uma abordagem multifacetada, não conforme, inovadora, com recurso a técnicas e processos muito próprios e que mostram a sua profunda sensibilidade face à impermanência e a atenção particular com que o seu olhar artístico se relaciona com o mundo".

"Em 1957, juntamente com René Bertholo, Costa Pinheiro e outros artistas jovens partiu para Munique, tendo-se fixado, no ano seguinte, em Paris, onde participou na fundação da revista 'KWY' (1958-1963), publicação que reuniu um conjunto heterogéneo de artistas e que representou um momento fulcral para a internacionalização das artes plásticas portuguesas, com a adoção de novas técnicas e linguagens que agitaram e mudaram significativamente o panorama artístico nacional".

Graça Fonseca recorda igualmente que a obra de Lourdes Castro está "amplamente representada em grandes coleções de arte mundiais, nacionais e estrangeiras, públicas e privadas, como o Victoria and Albert Museum, de Londres, o Museu de Arte Contemporânea de Belgrado, a Coleção de Arte Contemporânea do Estado [português], a Fundação de Serralves - Museu de Arte Contemporânea e o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian".

"Lourdes Castro construiu, com as suas inconfundíveis sombras e os seus livros de artista, algumas das peças mais emblemáticas e imediatamente reconhecíveis da arte contemporânea portuguesa", reconhece a ministra da Cultura.

Paralelamente ao seu trabalho artístico, Graça Fonseca sublinha também "a relevância cultural, histórica e documental do trabalho arquivista [de Lourdes Castro], que cuida dos documentos, das obras, das fotos, da correspondência com tantos artistas, críticos, curadores, agentes da cultura mundial desde os anos 50 até hoje, e que representam um outro testemunho do seu percurso e do seu impacto".

"Esta forma de preservar a vida e o quotidiano foram também obras maiores de uma artista que nunca deixou de dar atenção ao aqui e agora", reforça a ministra, que recorda ter sido Lourdes Castro distinguida, em dezembro de 2020, "com a Medalha de Mérito Cultural, num gesto do Governo português que veio fazer justiça e dar forma pública a uma homenagem há muito devido a uma artista maior da cultura portuguesa".

"Com um perfil subtil e tímido, a obra de Lourdes Castro marcou de forma indelével a história da arte contemporânea portuguesa. Desde finais dos anos 50 e ao longo de muitas décadas, a artista perseguiu uma poética da sombra, na sua despojada dimensão estética e existencial, buscando nos seres e nos objetos que faziam parte da sua vida o auxílio necessário à tarefa infinita de reunir todas as sombras, contrastes e matizes que a inspiravam".

"Multidisciplinar e experimentalista, do 'objetualismo' reciclado à materialização diáfana da sombra, Lourdes Castro deixa-nos uma obra ímpar, com um perfil cósmico que nos acompanha e acompanhará ao longo das nossas vidas", conclui a ministra da Cultura.

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