Guilherme de Melo, jornalista e escritor - Já quase tudo foi escrito mas nem tudo foi dito. ‘Crónicas de Bons Costumes’ vem colmatar a lacuna com intantâneos de uma comédia de enganos que tem na sátira a moldura.
Correio da Manhã – A crónica de costumes é uma estreia no género. Aconteceu como e porquê?
Guilherme de Melo – Pois é, o mais perto que cheguei desta tendência para a ‘short story’ foi com os contos mas guardei o ‘escárnio e mal dizer’ para agora... Lembrei-me de fazer uma série de retratos do dia-a-dia da sociedade actual e, inicialmente, era para se chamar ‘Retratos Sem Moldura’. Nasciam, assim, de apontamentos breves que registava a partir de acontecimentos isolados até que, às tantas, tinha a coisa toda carpinteirada e comecei, calmamente, a escrever o que veio a ser o mais rápido dos meus livros. Foram mais os meses de observação e registo do que os de prosa final. Num ano estava tudo pronto.
– A escolha das ‘caricaturas’ pautou-se pela escassez ou pelo excesso?
– Não fiz qualquer esforço por estas cinquenta e mais havia... O caderno estava cheio delas e mesmo em relação a realidades de que hoje estou afastado. Lembro-me, por exemplo, da crónica sobre os jornalistas estagiários (Os Ultrapassados). Ora, eu já me reformei há sete anos e meio mas, até há um ano, ia ao jornal, almoçava com muitos do meu tempo que ainda lá estão e de quem ouvia os desabafos que me mantinham (tristemente) actualizado. Daí nasceu o retrato do jornalismo que não é aquele que eu conheci e vivi (durante quase 50 anos), mas aquele que me foi transmitido.
– O jornalismo que conheceu e viveu... O que resta dele no outro, o que lhe foi transmitido?
– Pois... Eu compro, diariamente, quase todos os diários e parece tudo igual, mas não é. O ‘24 Horas’ é o perfeito tablóide. O ‘CM’ tem hoje uma nova imagem, o ‘Público’ é o elitismo por excelência e o ‘DN’ quer ser sensacionalista a fingir que é sério e ser sério a fingir que é sensacionalista. E o mesmo assunto tratado nos quatro jornais? É engraçadíssimo. Tenho horror à expressão ‘no meu tempo’ mas... No meu tempo tínhamos brio profissional. E ética!
– E do jornalismo para a política, o actual momento político dava uma boa crónica, não?
– Deixa ver bem porque a dificuldade está na escolha! Tinha de ser qualquer coisa relacionada com o Poder... ‘Tachos ao Buraco’ porque é cada tacho à procura do seu buraco ou ‘Os Tachos e o Buraco’ e, exactamente, pela mesma razão.
– E agora, Guilherme?
– Agora? Lá para o Natal sai, finalmente, o meu livro de poemas (’A Raiz da Pele’). E depois quero voltar ao romance. O romance em falta. O grande romance homossexual que ainda está por escrever, contrariamente ao que acontece com os grandes amores hetero... Está a marinar, precisa de distância deste luto que ainda está longe de estar feito pelo meu companheiro de uma vida (foram 24 anos juntos) e, também por ele, quero escrever uma grande história de amor. Que não será a nossa mas inspirada em nós, naturalmente.
Guilherme José Fernandes de Melo nasceu em Ressano Garcia, Moçambique, em 20 de Janeiro de 1931 e foi o terceiro dos quatro filhos de um casal ‘suis generis’: Ele, homem de trabalho, funcionário público, ferroviário. Ela, filha única, punhos de renda e bom partido. Família unida e infância desassombrada deram homem de combate. ‘A Sombra dos Dias’, biografia mascarada de romance, lança o escritor. Lançado estava já o jornalista.
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