Produtor recusou as críticas feitas pelos responsáveis do evento no âmbito do processo que o opõe a Terry Gilliam.
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O produtor português Paulo Branco afirmou esta segunda-feira que o Festival de Cannes "não está acima da lei" e recusou as críticas feitas pelos responsáveis do evento no âmbito do processo que o opõe ao realizador Terry Gilliam.
Num comunicado assinado pela advogada Claire Hocquet, que o representa e à Alfama Films, em reação à tomada de posição pelos dirigentes do festival de cinema de Cannes sobre o processo legal em torno do filme "O homem que matou D. Quixote", Paulo Branco rejeitou que utilize qualquer "método de intimidação ao recorrer à justiça para fazer valer os seus direitos" e afirmou que "a virulência e agressividade do tom [do festival de Cannes] não mudarão nada".
A direção do Festival de Cinema de Cannes saiu hoje em defesa do realizador Terry Gilliam e do filme "O homem que matou D. Quixote", deixando duras críticas ao produtor Paulo Branco por causa da disputa judicial que pode comprometer a exibição do filme, incluindo no encerramento do festival que se realiza entre 08 e 19 de maio.
"O Festival de Cannes, apesar de estar ao corrente de todos os processos, decidiu ignorar as decisões dos Tribunais e foi por essa razão alvo de um processo de interdição. É indecente, para não dizer abjeto, que o Festival de Cannes, para se justificar, compare a situação de Terry Gilliam, que se recusa a respeitar decisões judiciais num Estado de Direito, à dos realizadores vítimas de repressão e censura nos seus países", realçou Branco.
Em causa está uma ação de interdição interposta pelo produtor português, através da produtora Alfama Films, para impedir que o festival de Cannes exiba o filme de Terry Gilliam no encerramento desta 71.ª edição.
Por decisão judicial do Tribunal de Paris, está marcada uma audiência para a próxima segunda-feira, véspera de abertura do festival, e aí se saberá se o filme poderá ou não ser exibido.
No comunicado conjunto do presidente do festival de Cannes, Pierre Lescure, e do delegado-geral, Thierry Frémaux, é estabelecido o paralelo entre a situação de Gilliam e a de realizadores como a queniana Wanuri Kahiu, que viu o seu filme ser proibido no país de origem.
"O Festival de Cannes esquece assim que sem os produtores, que assumem os riscos financeiros, nem os filmes, nem o Festival existiriam. Durante 16 anos, de 2000 a 2016, Terry Gilliam não arranjou um único produtor que tenha aceite retomar este projeto. Se o filme existe hoje, é graças ao trabalho e aos investimentos realizados pela Alfama Films Production e Paulo Branco, quando já ninguém acreditava neste projeto", acrescentou o comunicado do produtor.
No centro desta polémica está pelo menos um processo judicial que opõe o realizador Terry Gilliam ao produtor Paulo Branco, por causa do filme "O homem que matou D. Quixote".
O projeto chegou a contar com produção de Paulo Branco, mas Terry Gilliam acabou por não concretizar a parceria, alegadamente por problemas de financiamento, optando por trabalhar com outra produtora portuguesa, a Ukbar Filmes.
Terry Gilliam pediu a anulação do contrato de produção com a produtora Alfama Films, de Paulo Branco, mas, no ano passado, o Tribunal de Grande Instância de Paris declarou que aquele continua válido.
"Continuo a ter os direitos sobre o filme e será difícil que a situação seja revertida. A decisão de 15 de junho, que foi comunicada, não resolve nada. Há ainda um processo no Reino Unido", disse Paulo Branco à agência Lusa no passado dia 04 de abril.
Nesse dia, Pandora da Cunha Telles, da Ukbar Filmes, explicou à agência Lusa que este processo "não inviabiliza nem a exploração comercial nem a circulação do filme".
Sobre este processo está marcada para 15 de junho uma audiência no Tribunal de Recurso em Paris na qual será conhecida a sentença sobre a possível indemnização do cineasta ao produtor português, por causa de direitos sobre o filme.
"O homem que matou Dom Quixote", um projeto antigo de Terry Gilliam, é uma coprodução entre Portugal, Espanha, França, Bélgica e Inglaterra, com um orçamento de cerca de 16 milhões de euros, que teve filmagens em Portugal.
À Lusa, Paulo Branco recordou que "os direitos do filme ainda pertencem à Alfama Films" e disse estar há pelo menos dois anos "disposto a sentar-se à mesa" para negociar com o realizador.
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