Segundo a protagonista, tratar-se de uma peça muito atual face ao regresso de muitos discursos fascistas.
A peça "Apareceu a Margarida", do dramaturgo brasileiro Roberto Athayde, interpretada por Júlia Guerra e dirigida por Alexandra Marinho de Oliveira, estreia-se no sábado, na Sociedade Filarmónica Recordação D' Apolo, em Lisboa, disse à Lusa a protagonista do espetáculo.
"A peça propõe um mergulho provocador no universo da autoridade, da repressão e do absurdo", acrescentou a atriz, sublinhando tratar-se de uma peça "muito atual face ao regresso de muitos discursos fascistas".
Júlia Guerra nasceu no Brasil, onde, em 2013, iniciou estudos superiores em teatro. Residente em Portugal desde o ano passado, decidiu abordar o texto que conheceu quando iniciou os estudos e que sempre "pensou pôr em palco", disse.
"Apesar de ser um texto que trata de temas bem complicados, é uma comédia", disse a atriz a propósito da peça escrita por Roberto Athayde, em 1973, em plena ditadura militar no Brasil, e estreada no mesmo ano por Marília Pera, no Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro.
Em 1974, o espetáculo estreou-se em França, no Teatro Montparnasse, em Paris, protagonizada por Annie Girardot, mantendo-se em cena no país, ao longo de mais de 40 anos, protagonizada por diferentes atrizes, em mais de 60 produções. Ao longo de cinco décadas, a obra já chegou a mais de 30 países, sobretudo da América e da Europa, incluindo Alemanha e Estados Unidos.
Levar a peça em digressão por Portugal é um dos objetivos da atriz, que também a produz e que já participou num trabalho com o Teatro do Imigrante, que também apresenta as suas produções naquela coletividade recreativa na Ajuda.
Júlia Guerra sublinha que "Apareceu a Margarida" "não é uma peça meramente militante", mas antes "uma grande ironia", observou.
"Apareceu a Margarida" centra-se numa professora que está sozinha numa sala de aula onde exerce a sua autoridade de forma agressiva, cómica e imprevisível, disse, acrescentando que a montagem em cena parte desse ambiente escolar para "promover uma reflexão mais ampla sobre as dinâmicas de poder em diversas esferas da vida social".
Numa "nova leitura" da peça, a encenadora Alexandra Marinho, investigadora do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, orienta a colocação do texto em palco com um olhar "crítico, influenciado" pelo teatro político e por técnicas de distanciamento brechtiano", referiu Júlia Guerra, que já fez teatro, cinema e 'streaming' no Brasil, e que com este monólogo se estreia em Portugal.
Traduzida em mais de 15 línguas, "Apareceu a Margarida" insta o público a "pensar sobre como o poder aparece disfarçado em normas, gestos e silêncios e como o teatro pode ser uma ferramenta de revelação e resistência", concluiu Júlia Guerra.
Em 2018, a companhia Baal17, de Serpa, que pôs a obra em cena no cineteatro local, com o encenador brasileiro Clovis Levi, disse que "Margarida retrata, com uma fúria avassaladora, os regimes totalitários que se multiplicam neste século XXI", sobretudo ao nível da intolerância política, religiosa e sexual.
"O poder, a repressão, a manipulação, a sociedade e as suas contradições estão lá", segundo o Projeto EmCena, que também apresentou a encenação de Clovis Levi, em 2019, em Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém.
Além da estreia em Lisboa, no sábado, dia 12, "Apareceu a Margarida" tem mais três récitas na Sociedade Filarmónica Recordação D' Apolo: no domingo, dia 13, e nos próximos dias 19 e 20, sempre às 19:00.
Com dramaturgia de Roberto Athayde, a peça conta ainda com uma participação de Denis Buenos na interpretação.
"Apareceu a Margarida" tem cenário de Júlia Guerra que assina também o figurino com Alexandra Marinho de Oliveira.
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