Governo e Madaíl ausentes do funeral de José Torres
Centenas de pessoas fizeram questão de se despedir ontem de José Torres, antigo internacional português, ponta-de-lança do Benfica e ex-seleccionador, que morreu na sexta-feira com 71 anos. Ausências notadas foram as de Laurentino Dias, secretário de Estado da Juventude e Desporto, e de Gilberto Madaíl, presidente da FPF.
A falta de comparência destas figuras terá mesmo gerado mal-estar entre os presentes. "Vivemos num país de memória curta", disse Simões, companheiro de Torres no Benfica e na Selecção. Fonte contactada pelo CM referiu que o Governo foi representado por Luís Sardinha, líder do Instituto do Desporto de Portugal.
Vítima de Alzheimer, José Torres foi a enterrar ontem, no cemitério da Amadora. Eusébio, um dos ‘Magriços’ da Selecção que alcançou o 3º lugar no Mundial de 1966, recordou com emoção o companheiro. "É muito difícil para mim. Foi um grande, grande amigo. Foi a primeira pessoa que cumprimentei quando cheguei ao Benfica", lembrou o ‘Pantera Negra’.
Humberto Coelho, antigo seleccionador, realça a "alegria" de um homem que "estava sempre pronto para ajudar", enquanto José Augusto encontra dificuldades para escolher uma entre milhares de boas recordações: "Partilhámos o mesmo quarto e entrámos no Benfica na mesma altura..." Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, e Maurício do Vale, em representação do líder do Sporting, José Eduardo Bettencourt, também marcaram presença no funeral.
Entre as inúmeras virtudes apontadas a Torres, há uma que merece consenso total: a "generosidade". E só podia ser assim, não fosse ele o ‘Bom Gigante’.
SIMÕES ATACA AMÂNDIO
António Simões, uma das figuras ontem presentes no funeral do ‘Bom Gigante’, não poupou críticas à Federação Portuguesa de Futebol [que não se fez representar], mais concretamente ao vice-presidente Amândio de Carvalho.
"Curiosamente, ontem [sexta--feira], data do falecimento de Torres, jogou a Selecção e esteve sentado no banco o homem que tornou Torres vítima em Saltillo [México’86]. Vinte e quatro anos depois, mantém-se em funções, depois de aniquilar a carreira profissional de Torres", lançou o antigo jogador do Benfica e da selecção nacional. "O futebol nacional não soube reconhecer a grandeza de Torres", prosseguiu Simões, visivelmente consternado. "Espero que o País ainda reconheça o profissional e o cidadão exemplar que foi José Torres", concluiu.
Recorde-se que o ‘magriço’ viu expirar esta semana o seu vínculo à FPF, sendo que o organismo decidiu não renovar o seu contrato.
HILÁRIO RECORDA LADO BRINCALHÃO DE JOSÉ TORRES
"Uma vez, em Vale do Lobo, num estágio da Selecção, chegou lá um campeão de bilhar a desafiar-nos. Torres virou-se para ele e disse: ‘consigo vencer-te com a mão esquerda’. A verdade é que conseguiu mesmo ganhar, só não lhe disse é que era um bom jogador e que era... canhoto!"
O episódio contado por Hilário ao Correio da Manhã é um dos muitos que ajudam a perceber o feitio de Torres, falecido na sexta-feira. "Ele gozava connosco, mas de uma forma divertida. Durante os jogos, antecipava o que íamos fazer e brincava com isso: ‘vai dar fruta!’", recorda o antigo futebolista e colega do ‘Bom Gigante’ na selecção nacional.
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