Um penálti inexistente assinalado por Duarte Gomes ao cair do pano salvou ontem o Benfica de uma derrota que parecia tão inevitável como justa e permitiu aos ‘encarnados’ seguir para a quarta eliminatória da Taça da Liga. O Estrela foi melhor, perante um Benfica de segundas escolhas e muito pobre, e chegou ao 1-0 na primeira parte por Maurício.
Os encarnados não criaram uma única ocasião de golo em todo o jogo e a derrota parecia certa quando Duarte Gomes assinalou penálti na área do Estrela após indicação de um dos árbitros assistentes, por pretensa mão de Wagnão, que na realidade cortou a bola com a cabeça. O jogo foi para penáltis e aí o Benfica foi melhor - só Butt falhou a conversão, enquanto no Estrela Yoni e Maurício não souberam marcar.
Camacho fez sete alterações em relação à equipa que empatou em Braga, apostando numa defesa toda nova e promovendo as estreias de Butt, Zoro, Miguelito e Dabao em jogos oficiais. O resultado desta revolução na equipa foi desastroso. Na primeira parte, o Benfica foi completamente anulado por um Estrela da Amadora melhor organizado e com jogadores mais motivados. A produção atacante do Benfica limitou-se a dois remates sem consequências, ainda nos primeiros cinco minutos. Depois, até ao intervalo, só o Estrela jogou à bola.
A diferença decisiva fez-se no meio campo, onde a equipa de Daúto Faquirá ganhou quase todos os duelos individuais. E enquanto os homens da casa tinham em Moses uma referência atacante que não parou de incomodar os centrais do Benfica, já Yu Dabao mostrou estar ainda verde para estas andanças. Aos 15 minutos, o Estrela criou a primeira grande ocasião de golo, com Moses a surgir isolado perante Butt, valendo a intercepção de Zoro. Seguiu-se uma fase de pressão dos tricolores que acabou por marcar aos 36’, num livre directo de muito longe convertido por Maurício com um remate indefensável - Butt tem contudo responsabilidades porque só colocou três homens para a barreira. Na segunda parte, Camacho lançou primeiro Adu e depois Coentrão e Diaz, mas as coisas não melhoraram. O Estrela limitava-se agora a esperar pelos encarnados, que demonstravam uma incapacidade confrangedora. Até que o árbitro salvou os encarnados.
"SÓ GOSTEI DOS ADEPTOS"
Camacho foi muito crítico para com a sua equipa no final da partida, proferindo uma frase sintomática da sua desilusão com a exibição do Benfica. “A única coisa de que gostei foi dos adeptos, só eles mostraram que somos uma equipa grande”, disse à SportTV, sublinhando que não faltou vontade aos seus jogadores. “O problema não foi a atitude, temos é de jogar à bola”. O técnico frisou ainda que vai continuar a utilizar as segundas figuras na Taça da Liga.
Luisão, de regresso após longa ausência, comentou de seguida as palavras do técnico: “Tem toda a razão em cobrar mas sabemos que actuaram muitos jogadores pouco utilizados”. Sobre a sua condição física, afirmou: “Senti-me bem mas tenho de ganhar ritmo e melhorar muito. O Sporting? Só quero que o Benfica vença”.
Local: Estádio José Gomes, na Reboleira (3.000 espectadores)
Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)
ESTRELA DA AMADORA: Pedro Alves, Rui Duarte (Wagnão, 87m), Maurício, Hugo Carreira, Cardoso, Fernando, Luís Aguiar (Mateus, 65m), Tiago Gomes, Yoni, Nuno Viveiros (Pedro Pereira, 78m) e Moses. Treinador: Daúto Faquirá.
BENFICA: Butt, Nélson, Luisão, Zoro, Miguelito, Binya, Maxi Pereira, Nuno Assis (Andrés Diaz, 73m), Cristian Rodriguez (Adu, 46m), Di Maria (Fábio Coentrão, 62m) e Dabao. Treinador: José Antonio Camacho.
Marcador: 1-0, Maurício (36m); 1-1, Freddy Adu (90m, gp)
Marcadores das grandes penalidades: 0-1, Freddy Adu; 1-1, Mateus; 1-2, Cristian Rodriguez; 2-2, Tiago Gomes; 3-2, Cardoso; 3-3, Luisão; 4-3, Fernando; 4-4, Fábio Coentrão; 4-5, Andrés Diaz.
Acção disciplinar: Cartões amarelos - Binya (45m), Viveiros (67m), Fernando (70m), Wagnão (87m) e Maurício (90 1m)
Melhor jogador: Maurício
SEM DESCANSO
Benfica e Sporting atacam hoje o dérbi. Sem descanso, o Benfica treina no Seixal às 10h00, enquanto os leões entram em acção às 11h00 em Acochete.
RENOVAÇÃO DE LÉO AVANÇA
O Benfica quer garantir a continuidade do lateral-esquerdo Léo. O clube da Luz pretende prolongar o contrato do jogador brasileiro até 2010.
TREINO PARA SEIS
O sexteto Edcarlos, Léo, Katsouranis, Rui Costa, Nuno Gomes e Cardozo, embora não chamados para o jogo na Amadora, treinaram ontem de manhã.
DÉRBIS DO PASSADO: 4 'SPECIAL ONES'
Quatro figuras especiais que marcaram a história do dérbi. Do grande Eusébio a Isaías pé-de-canhão, passando por Manuel José e Mourinho, que passou na Luz como “cometa” mas ainda goleou os leões.
SÓ MESMO EUSÉBIO
Damas realizou a melhor exibição de sempre num Benfica-Sporting a 8 Outubro 1972. Defendeu 5 bolas de golo e saiu sob ovação do próprio terceiro anel. O mítico guarda-redes, que fazia 25 anos nessa dia, só foi suplantado por um extraordinário Eusébio, que lhe marcou quatro golos (25’, 34’, 86’, 89’), e ainda acertou uma vez na trave. 4-1 para o Benfica e “o Eusébio é que é bom”, como frisou o treinador inglês Jimmy Hagan no final do jogo. Se era.
MANUEL JOSÉ
Manuel José não ganhou nada em duas passagens pelo Sporting mas ficou ligado a dois dérbis sagrados para o universo leonino. Um deles toda a gente sabe qual é. O outro (anterior) foi a vitória 2-1 na Luz a 13 Abril 1986: significou o “roubo” do título ao Benfica de Mortimore perante 80 mil encarnados a uma jornada do fim - entregue numa bandeja ao Porto de Artur Jorge. Poucos se lembrarão que um mês antes (12 Março), também na Luz, o mesmo Sporting de Manuel José fora eliminado da Taça com um esmagador 5-0.
ISAÍAS ANTI-EMOCIONAL
Benfica-Sporting, 18 Dezembro 1993, 13.ª jornada. O jovem russo Cherbakov acabara de ter o terrível acidente e o Sporting, desvastado, queria dedicar-lhe a vitória. Figo marcou aos 29’ e dedicou-lhe o golo, gritando “Cher-ba! Cher-ba!”. O ucraniano Sergei Yuran tratou de empatar aos 50’ e quando os rivais pareciam conformados com o empate, o pé-de-canhão do (até aí ausente) brasileiro Isaías decidiu o jogo para o Benfica (84’). Era mesmo assim Isaías, capaz de alternar remates e golos monumentais com longos “apagões” e pontapés desastrados.
JOSÉ JÁ ERA ESPECIAL
Mourinho não tinha a fama de hoje quando passou como um cometa pelo Benfica - entrou em Setembro de 2000 e ficou apenas 4 meses, naquele que terá sido o erro histórico mais dificil de digerir pelos encarnados. José já sabia que estava de saída quando liderou o Benfica pela última vez, na Luz, frente ao campeão Sporting (13.ª jornada). Até na escolha da despedida José soube ser especial. “Espetou” 3-0 ao Sporting (bis de João Tomás; Van Hooijdonk) e saiu por cima.
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