Em causa está a ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social.
O Boavista falhou a inscrição nas competições profissionais de futebol de 2025/26, cujo prazo termina esta quarta-feira, anunciou o presidente da SAD despromovida à II Liga, face à ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social.
"É algo que nos apanhou de surpresa e podem ter a certeza de que estou completamente de rastos. Pelo trabalho que fizemos este ano, nunca pensei que isto nos ia acontecer. Cumprimos os pressupostos e fizemos tudo para ter os papéis que permitissem inscrever o Boavista, menos o dinheiro que precisamos", reconheceu o senegalês Fary Faye, visivelmente emocionado, num encontro com os jornalistas no Estádio do Bessa, no Porto.
Na segunda-feira, o acionista maioritário da SAD do Boavista, o hispano-luxemburguês Gérard Lopez, tentou depositar 2,5 milhões de euros (ME) nas contas da sociedade gestora do futebol profissional 'axadrezado', que permitiriam a regularização da situação financeira das 'panteras', mas os fundos ainda não se encontram disponíveis para que a administração de Fary Faye conclua o processo de licenciamento nas provas profissionais.
"Estamos à espera do dinheiro desde a manhã de segunda-feira. Até agora, ainda não chegou. Esta casa tem 120 anos e o trabalho que fizemos este ano em tentar cumprir com tudo foi reconhecido por muita gente. Pagámos aos jogadores e funcionários, que estavam todos [com salários] em dia no final da época, e aos fornecedores. Acho que perceberão que é muito complicado para nós, e sobretudo para mim, chegar a este momento", notou.
Despromovido à II Liga em maio, quando encerrou a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, e interrompeu um percurso de 11 épocas seguidas na elite, o Boavista podia inscrever-se nas competições tuteladas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) até à meia-noite, cenário que está comprometido e implicará a queda administrativa na Liga 3, organizada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
"Há muita coisa que podia dizer, mas, sinceramente, ainda estou um pouco fora de mim, porque não acredito muito no que está a acontecer. O que mais quero é que este clube recupere o respeito e a credibilidade para voltar ao lugar que merece. Comigo ou sem mim, o Boavista nunca vai morrer e é um clube grande. Que tudo se resolva e que o Boavista volte a ser o que era", adicionou Fary, sem confirmar se vai pedir a demissão.
A existência de comprovativos de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social consta dos pressupostos exigidos no licenciamento dos clubes pela LPFP, que vai anunciar os 18 participantes de cada um dos dois escalões profissionais em 30 de junho.
"Hoje reuni-me com pessoas para inscrever jogadores para a II Liga. Oficiosamente, já tínhamos contratado quatro atletas e estávamos à espera da conclusão do licenciamento para podermos apresentá-los. Infelizmente, aconteceu-nos uma das piores surpresas. Falei com todos, fiz todos os esforços e, mesmo assim, o dinheiro só pode chegar amanhã [na quinta-feira] ou depois de amanhã [sexta-feira]", acrescentou o líder da Boavista SAD.
Se passar no licenciamento da FPF, o campeão nacional em 2000/01, que já não 'caía' no relvado ao patamar secundário desde 1959/60, alinhará no terceiro escalão pela primeira vez desde 2013/14, quando foi reintegrado administrativamente na I Liga, revertendo a despromoção ditada em 2007/08 pelo Apito Final, processo derivado do Apito Dourado.
"Não sei o que será e como será o futuro. Neste momento, não posso dizer nada. Vamos falar com Gérard Lopez para ver aquilo que ele quer, porque é o dono da SAD", apontou Fary, ao lado do administrador executivo espanhol Carmelo Fraile, que garantiu que o acionista maioritário já investiu 40 ME ao fim de cinco temporadas no conjunto do Bessa.
O presidente 'axadrezado' lembrou que o défice poderia ter sido resolvido em abril, com a venda do avançado eslovaco Róbert Bozeník aos norte-americanos do Real Salt Lake, cenário que "não se concretizou por motivos legais" inerentes ao Processo Especial de Revitalização (PER), que distribuía provisoriamente por 239 credores quase 166 ME de dívidas e foi reprovado em 18 de junho pelo Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia.
"Chegámos num momento muito difícil e, mesmo assim, lutámos para ficar até ao fim na I Liga. Nunca apontei o dedo a ninguém e fiz tudo para que o Boavista vencesse e saísse desta situação. Em fevereiro, estava muito difícil [resolver o impedimento de inscrição de novos jogadores em vigor há cinco janelas de transferências], mas conseguimos, senão todos pensariam que o Boavista morria ali. Não estou agarrado a nada, mas vou querer sempre o bem do Boavista e continuarei a fazer tudo para ajudá-lo, esteja aqui ou não", terminou Fary, sucessor de Vítor Murta à frente da Boavista SAD desde maio de 2023.
De acordo com o sexto ponto do 23.º artigo do regulamento de competições da LPFP, "se um clube da II Liga não reunir os requisitos legais e regulamentares estabelecidos, perde a respetiva vaga em favor do clube despromovido melhor classificado" na época anterior.
Despromovida à Liga 3 na 17.ª e penúltima posição, com 29 pontos, a Oliveirense deverá ocupar a vaga do Boavista na II Liga em 2025/26, caso passe no licenciamento da LPFP.
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