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Emma Mazzenga tem 92 anos mas células musculares de alguém com 20. E isso já lhe valeu quatro recordes mundiais

Situação de Mazzenga indignou cientistas de Itália e dos Estados Unidos, que estudam a capacidade de longevídade da atleta e de que forma é que os músculos continuam a contribuir para o seu sucesso.

29 de agosto de 2025 às 19:33

Emma Maria Mazzenga vive em Pádua, Itália, e aos 92 anos tem algo que a distingue dos demais na mesma faixa etária: é uma velocista de elite com quatro recordes mundiais. No ano passado, Mazzenga quebrou o recorde mundial de 200 metros ao ar livre na prova para mulheres com mais de 90 anos. No mês depois, voltou a quebrar o próprio recorde por um segundo e já soma quatro vitórias mundiais. 

A situação de Mazzenga indignou cientistas de Itália e dos Estados Unidos da América, que estão a estudar de que forma é que os músculos da atleta de 90 anos e os níveis de condição física se diferenciam da maioria das pessoas na mesma faixa etária. Na Universidade de Paiva, Itália, os especialistas analisaram uma recolha de amostras dos músculos da parte da frente da coxa de Mazzenga, assim como os nervos e a central energética das células da velocista. 

A paixão pela corrida teve início aos 19 anos, quando começou a praticar atletismo na Universidade de Pádua, onde era aluna de Biologia. A doença da mãe fez com que tivesse de parar de treinar, mas depois de um intervalo de dezenas de anos foi aos 53 que voltou a dar o pontapé de saída para o exercício. Corre duas a três vezes por semana, faz caminhadas no dia de folga e "nunca passa um dia dentro de casa", disse em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post. Mesmo no auge da pandemia, Emma não deixava as corridas para trás e era no corredor de 20 metros que realizava os treinos, ou ao redor do quarteirão do sítio onde mora. 

Uma aptidão respiratória de alguém na faixa dos 50 anos e a capacidade de fornecimento de oxigénio com a mesma eficiência de um jovem de 20 são as bases para o sucesso de Mazzenga, de acordo com os resultados revelados pela investigação citada pelo The Washington Post. "Não consegui encontrar uma pessoa de 90 anos que se pudesse comparar a Mazzenga", referiu Marta Colosio, a primeira autora do estudo de caso levado a cabo internacionalmente. 

Os cientistas acreditam que tal se deve a uma combinação entre fatores genéticos e o estilo de vida levado a cabo pela italiana, cujo "corpo humano pode ir além dos limites do envelhecimento", apontam. 

"As partes funcionais do músculo de Mazzenga parecem estar a trabalhar para compensar as fibras musculares de contração rápida", apontou Sundberg, diretor do Laboratório de Fisiologia Muscular Integrativa e Energética da Universidade Marquette, que também integrou os testes. 

Mas porque é que se estudam atletas de elite mais velhos? De acordo com os cientistas, estas análises permitem aprender mais sobre o que é possivel fazer-se à medida que o corpo humano envelhece. Mazzenga foi submetida a testes de ciclismo e levantamento de peso, para se conseguir ainda avaliar a aptidão cardiovascular e a força das pernas. 

Dados dos peritos na área adiantam que o envelhecimento saudável envolve "muito mais do que apenas músculos", como aponta o diretor científico do Instituto Nacional do Envelhecimento em Baltimore, Luigi Ferrucci citado pelo jornal norte-americano. Para além da atividade física, são necessários os cuidados com a alimentação. Evitar comer três horas antes das corridas e cozinhar coisas "muito simples", como bife, peixe, ovos, massa e arroz, são alguns dos hábitos de Emma. 

Apesar de os estudos ao músculo da atleta de 92 anos ainda não terem sido dado como concluídos, os cientistas apontam já a divulgação de artigos científicos por diversos académicos na área. "Temos muitas avaliações em andamento para obter uma imagem holística real do que está a acontecer no músculo dela", referiu a autora do estudo. 

"O desporto deu-me muito", afirmou a atleta. Questionada sobre qual conselho daria aos atletas mais velhos, Emma Mazzenga acredita que o mais importa é que "conheçam os seus limites". Depois, "manter a consistência". 

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