A viver a sua primeira experiência no futebol angolano, no Inter de Luanda, Álvaro Magalhães não perde de vista o futebol português e já ‘vê’ o Benfica. Elogia a qualidade do plantel e lembra o contributo que deu para o último título, em 2005.
Correio Sport – Acredita que a questão do título ficará resolvida neste fim-de-semana?
Álvaro Magalhães – É difícil dizer se será nesta jornada, depende do resultado do Naval-Sp. Braga e do Benfica-Olhanense. Apesar de todo o respeito que me merece o Olhanense, clube que eu treinei e de que gosto muito, acho que o Benfica não vai facilitar. A equipa está muito moralizada e naquele ambiente, com a Luz cheia, não vai dar hipóteses ao adversário. A Naval não vai ser fácil para o Braga – mas a equipa de Domingos está numa fase extraordinária. Tem provado que luta pelo título com todo o mérito.
- Conhece bem o clube: que mudou para a equipa aparecer com esta pujança?
- Tem de haver mérito de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus. O presidente, porque escolheu um treinador que conhece bem o futebol nacional e o mercado internacional. O treinador porque escolheu muito bem os jogadores. Recuperou alguns, que na época passada não estiveram em grande nível, como Di María, Aimar e o próprio David Luiz, e trouxe outros de grande qualidade técnica e táctica que aguentaram bem a pressão de jogar no Benfica.
– Este Benfica é comparável ao que se sagrou campeão na época de 2004-05?
- Não. Este tem muito mais soluções. O onze está muito bem definido e há jogadores para colmatar todas as posições. Nós tínhamos um onze muito forte mas apenas 13/14 jogadores de qualidade. Neste ano há mais equilíbrio em todos os sectores, o Benfica tem uma super- equipa, com um banco fantástico.
– Ao qual nem falta ‘um outro’ Mantorras...
- Sim, o Weldon é o Mantorras desta equipa. Gosto muito dele, no início da época, quando se falou quando ele vinha para o Benfica, elogiei logo a sua contratação.
- Que jogador destaca no Benfica 2009-10?
- Prefiro falar do colectivo. Numa equipa há sempre aqueles que fazem a diferença – mas o Luisão é um verdadeiro líder. No meu tempo, apesar de Simão e Nuno Gomes serem os capitães, já revelava uma personalidade forte. David Luiz está fantástico, Cardozo na sua melhor forma de sempre e Di María dispensa comentários. Javi García dá grande solidez ao sector intermediário, a seguir a Petit é o jogador mais forte naquela posição entre os que chegaram ao Benfica nos últimos anos.
- Podia estar ainda no Benfica e voltar a ser campeão...
- ... Podia perfeitamente continuar a trabalhar no clube, conhecia bem os cantos à casa, tinha empatia com os jogadores e com a massa associativa. Entrei a ganhar, pois conquistei uma Taça de Portugal com José Antonio Camacho e fui campeão com Trapattoni. Mas decidiram mudar. Não ganharam nada com isso, só neste ano apostaram em quem conhece bem o futebol português – e as coisas mudaram para melhor. São todos meus amigos, ainda na semana passada falei com Jorge Jesus, e estou muito satisfeito com o sucesso deles. Não vão deixar fugir o título.
- Depois, há que evitar que passem mais cinco anos sem o título de campeão...
- O FC Porto não teve uma época boa mas o mérito é de Benfica e Sporting de Braga. Eles já ganharam muitos títulos, e as grandes equipas também têm momentos menos bons. A rivalidade vai continuar, e o Benfica não pode conquistar um título e adormecer à sombra desse feito. Mas, ao que tenho lido, os dirigentes pretendem manter uma equipa competitiva na próxima época.
- Fala-se das possíveis saídas de Di María, David Luiz e Óscar Cardozo. Seria arriscado?
- São pedras fundamentais, mas acredito que o Benfica conhece bem o mercado internacional e se eles saírem irá contratar três jogadores de grande qualidade. O futebol é assim, uns saem, outros entram. Importante é manter a dinâmica, a estrutura, dentro e fora do campo.
- Que lhe pareceu, entretanto, a adaptação de Fábio Coentrão a lateral-esquerdo?
- Isto é trabalho do treinador, e por aqui se vê mais uma vez o papel de Jorge Jesus. Mentalizou Fábio Coentrão para ser responsável e profissional. O Fábio andava perdido mas, empregando a linguagem de quem conhece bem o meio futebolístico, o treinador preparou-o e neste momento está a fazer uma época fantástica. Pode sonhar com a ida ao Mundial da África do Sul.
– Acredita num regresso ao Benfica nos tempos mais próximos?
– Nunca se sabe o dia de amanhã. Neste momento estou a treinar um grande clube de Angola e é nisso que estou concentrado. Em Portugal, há que acreditar mais no trabalho das pessoas e deixar de inventar coisas sobre as pessoas. Não se pode misturar profissionalismo com amizade. Temos de defender as nossas instituições. Às vezes, defendemos com o coração e interpretam-nos mal por isso – e passamos a ser vistos como pessoas com mau-feitio ou má pessoa. Não é bem assim.
– Jesus prolongou o contrato. Com Trapattoni foi diferente. Conquistou o título e saiu...
- Não gostaria muito de falar disso, já se passaram quatro anos. A mim, explicaram-me que Koeman tinha a sua própria equipa e iam dispensar os adjuntos de Trapattoni. Não ganharam nada. Eu disse publicamente que ia fazer de Trapattoni campeão ainda no estágio na Suíça, e foi o que aconteceu. Fiz de Trapattoni campeão no Benfica.
- O que o leva a dizer isso?
- Já tinha trabalhado um ano com José Antonio Camacho, conhecia os cantos à casa, e eu sei o trabalho que fiz naquela casa. Aprendi muito com Trapattoni, foi mesmo um ano em cheio para mim. Ele sabia que tinha um braço-direito forte e deixou-me trabalhar à vontade. Mas ser o braço-direito não significa dizer ‘ámen’ a tudo.
– Por que razão saiu ele?
- Penso que saiu porque quis. Tive várias conversas com o presidente e José Veiga e queriam que ficasse mas ele preferiu seguir o seu caminho. Saiu como campeão, depois de fazer um trabalho psicológico muito grande no Benfica.
- Há muitos talentos em Angola?
- Muitos, mesmo. O mercado africano tem de ser melhor explorado. Há muitos grandes jogadores em África, tenho um guarda-redes com nível para as melhores equipas de Portugal e um jovem médio chamado Paty, de apenas 19 anos, que já é internacional e poderá jogar nas melhores equipas de Portugal.
– Como viu a contratação de Paulo Sérgio pelo Sporting?
– Sei que o Sporting contratou Paulo Sérgio, e isso é mais uma oportunidade para um treinador português. É uma aposta positiva para o nosso futebol, visto que nada temos a dever aos técnicos estrangeiros. Já trabalhei com vários e sei o que digo.
PERFIL
Álvaro Monteiro Magalhães nasceu a 3 de Janeiro de 1961 (49 anos), em Lamego, e iniciou a carreira futebolística nos Craks de Lamego. Jogou 9 épocas consecutivas no Benfica, de 1980-81 a 1989-90, somando 20 internacionalizações. Como treinador, orientou vários clubes nacionais e deu nas vistas como adjunto de Giovanni Trapattoni no título nacional do Benfica em 2004-05. Actualmente, treina o Inter de Luanda (Angola).
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