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Mais uma edição para a história

Na extensa história de Wimbledon, a edição deste ano marca a 125ª vez em que se joga o mais famoso torneio de ténis do mundo – com o arranque a suceder em 1877, quando os próprios jogadores pagaram um xelim cada para custear o troféu. Passados 134 anos (com interrupções para as duas Grandes Guerras Mundiais), o prize-money atinge um novo recorde ao oferecer um total de 14,600 milhões de libras (6,4% de aumento) e 1,1 milhão exacto para os campeões de singulares (10% de aumento).

20 de junho de 2011 às 10:14

Perante tamanha fortuna, uma coisa é certa: para qualquer jogador que ponha os pés no All England Club, o que importante é o título mais prestigiado do planeta – porque com a fama vêm muitos mais milhões do que os dos prémios oficiais.

FAVORITOS E CANDIDATAS

No que diz respeito à luta pelo título masculino, a atenção está focada num quarteto: Roger Federer e Rafael Nadal já ganharam antes na Catedral do Ténis e são favoritos para jogarem nova final, mas Novak Djokovic e Andy Murray apresentam um nível de jogo muito próximo. E se nos homens há um quarteto de tenores bem definido, nas senhoras o coro de candidatas é muito alargado: a longa ausência das irmãs Williams impede que sejam as habituais favoritas destacadas e no lote há que incluir Sharapova, Wozniacki, Zvonareva, Li Na, Azarenka, Kvitova e… muitas mais.

No entanto, os protagonistas iniciais do torneio serão seguramente o americano John Isner e o francês Nicolas Mahut. Há um ano pulverizaram os recordes ao jogarem o encontro de ténis mais longo de sempre (11h05m); os caprichos do destino fizeram com que se voltasse a defrontar na primeira ronda de Wimbledon!

A participação portuguesa está confinada a Frederico Gil (defronta o israelita Dudi Sela) e a Frederico Silva (joga a prova de juniores).

OITAVOS-DE-FINAL TEÓRICOS

Se as hierarquias pré-estabelecidas forem respeitadas, eis o acasalamento dos oitavos-de-final no que diz respeito aos principais cabeças-de-série seguindo a ordem natural dos quadros de cima para baixo:

HOMENS:

Rafael Nadal (Esp,cs1)-Gilles Simon (Fra,cs15)

Mardy Fish (EUS,cs10)-Tomas Berdych (Che,cs6)

Andy Murray (GB,cs4)-Stanislas Wawrinka (Sui,cs14)

Gael Monfils (Fra,cs9)-Andy Roddick (EUA,cs8)

David Ferrer (Esp,cs7)-Jo Wilfried Tsonga (Fra,cs12)

Roger Federer (Sui,cs3)-Nicolas Almagro (Esp,cs16)

Robin Soderling (Sue,cs5)-Jurgen Melzer (Aut,cs11)

Novak Djokovic (Ser,cs2)-Viktor Troicki (Ser,cs13)

SENHORAS:

Caroline Wozniacki (Din,cs1)-Julia Goerges (Ale,cs16)

Samantha Stosur (Aus,cs10)-Maria Sharapova (Rus,cs5)

Li Na (Chi,cs3)-Agnieszka Radwanska (Pol,cs13)

Marion Bartoli (Fra,cs9)-Serena Williams (EUA;cs7)

Francesca Schiavone (Ita,cs6)-Andrea Petkovic (Ser,cs11)

Anastasia Pavlyuchenkova (Rus,cs14)-Victoria Azarenka (Bie.cs4)

Petra Kvitova (Che,cs8)-Svetlana Kuznetsova (Rus,cs12)

Jelena Jankovic (Ser,cs15)-Vera Zvonareva (Rus,cs2)

LENDAS E MITOS

Dos quatro eventos do Grand Slam que constituem os pilares da modalidade, Wimbledon é o mais antigo e famoso – e preserva todo o seu fascínio graças a uma descarada manutenção das suas velhas tradições, como a do domingo de descanso a meio da quinzena… enquanto, veladamente, procura sempre estar na vanguarda tecnológica. Muitas vezes acusado de utilizar procedimentos que não pactuam com as exigências actuais, Wimbledon tem como segredo do seu enorme sucesso precisamente o facto de continuar a investir na diferença.

Na verdade, Wimbledon é um anacronismo voluntário. Ao contrário do US Open e o Open da Austrália, que trocaram a frágil relva por courts sintéticos mais resistentes, o All England Club resistiu à tentação e constitui um autêntico oásis de clorofila no meio dos hardcourts e da terra batida do circuito profissional. O grande mérito da organização foi o de operar mudanças fazendo parecer que nada muda: fala-se muito que o torneio está virado em demasia para o passado, mas os seus responsáveis foram decisivos na passagem à era Open, recusando-se a pactuar com o falso amadorismo vigente até 1968 (amadores que recebiam ‘por baixo da mesa’) e passando a organizar um torneio profissional onde os jogadores seriam pagos pelo seu esforço.

INOVAÇÃO

Para além disso, o futuro está sempre no pensamento dos organizadores — em 1980 fez estrear o primeiro juiz-de-linha electrónico em provas oficiais ao mais alto nível (o cyclops), foi também o primeiro torneio do Grand Slam a instaurar um sistema com 32 cabeças-de-série (o dobro do habitual), foi o segundo evento do Grand Slam a anunciar prémios iguais para homens e senhoras, e se a meio da década passada promoveu a mais cara transformação de uma arena desportiva em Inglaterra (o Court 1), o vetusto Centre Court estreou em 2009 um tecto amovível transparente orçado em 30 milhões de euros! O plano contínuo de remodelação, que ultrapassa os 100 milhões de euros nas suas várias fases, prossegue em 2011 com a estreia do novo Court 3 (que já está pronto mas cuja superfície relvada precisa de mais um ano para ‘amadurecer’).

MAIS CURIOSIDADES

Os primórdios – A primeira edição, jogada em 1877, foi patrocinada... pelos jogadores, que pagaram um xelim cada um para a compra do troféu. Spencer Gore ganhou a prova, mas achava que o jogo de ‘lawn tennis’ não tinha futuro nenhum. Mal sabia ele: na sua 125ª edição, Wimbledon distribui 14,6 milhões de libras;  os campeões de singulares recebem 1,1 milhão.

Que patrocinadores? – O super-empresário Mark McCormack assegurava que «Nunca ninguém conseguirá patrocinar Wimbledon, tal como ninguém conseguirá patrocinar a cerimónia de coroação da família real inglesa».No entanto, as coisas não são bem assim. Parece não haver publicidade, mas Rolex, Slazenger, Pimm’s e Robinson’s são marcas que têm logótipos discretamente colocados no court central que valem milhões por milímetro quadrado.

90 milhões de lucro – O prestígio do torneio é suficiente para garantir proventos multimilionários (lucros de quase 90 milhões de euros/ano), graças aos direitos televisivos e de exploração de imagem, merchandising, aluguer de camarotes e salas para relações públicas, venda de morangos com chantilly (8 euros a taça, são consumidas cerca de 30 toneladas durante a quinzena), aluguer de almofadas e do parque de estacionamento e venda de bilhetes.

Cariz popular e burguês – O torneio regista mais de 450 mil entradas, mas poderia vender mais ingressos caso abdicasse do dia de folga (o domingo do meio da quinzena); os bilhetes são adquiridos com grande antecedência e muitos são absorvidos pelo mundo empresarial, mas as escassas centenas colocadas diariamente à venda vão para os adeptos puros e duros – que fazem fila durante a noite e à chuva.

Lemas famosos – No corredor à saída da sala de espera para o Centre Court existe uma famosa citação de Rudyard Kipling que passa por ser o ideal do amadorismo: «Se conseguires enfrentar o triunfo e o desaire, e lidar com esses dois impostores da mesma maneira». Outro lema muito conhecido figura orgulhosamente na lapela de muitos casacos: ‘I Queued at Wimbledon’ (estive na bicha em Wimbledon).

Mitos – O Court 2 tinha o cognome de ‘Cemitério’ por se acreditar que ali caem mais cabeças-de-série que em qualquer outro court... e a verdade é grandes campeões já lá perderam, mas isso não voltará a acontecer: foi demolido para dar lugar este ano ao novo Court 3. A crença popular que afirma que em Wimbledon chove sempre também é exagerada: desde 1877, só 31 jornadas foram completamente anuladas devido à chuva e nos últimos anos as quinzenas foram particularmente secas. Mas, em 1991, Nuno Marques começou a jogar a uma segunda-feira… e só acabou na sexta. 

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