Joelho direito do avançado não melhorou após quatro cirurgias e inúmeros tratamentos. Final de uma carreira aos 28 anos
Electroterapia, cinesoterapia, magnetoterapia, fisioterapia... Os tratamentos infindáveis a que o joelho direito de Pedro Mantorras foi sujeito pouco ou nada resultaram para debelar uma lesão sofrida em 2001, que hipotecou as possibilidades de o angolano chegar ao patamar mais alto do futebol mundial.
O alerta e temor de Luís Filipe Vieira - "Deixem jogar o Mantorras" (após um jogo com o Varzim em que o angolano foi alvo de marcação impiedosa) - concretizou-se, e o ex-avançado viria a lesionar-se com gravidade em Dezembro de 2001 num jogo com o Sporting.
Quase dez anos depois e com quatro operações ao joelho, é o próprio presidente do Benfica a anunciar o fim da carreira do angolano de 28 anos. "Este é o momento em que o Pedro [Mantorras] decidiu que chegou o tempo de parar de lutar contra o sofrimento, contra as dores e contra as limitações físicas que o impediram de ser o que ele merecia: uma referência mundial do futebol", disse o líder das águias há uma semana.
A história de Pedro Manuel Torres começa no Progresso do Sambizanga. Depois de estagiar no Barcelona (só não ficou porque o clube espanhol tinha todas as vagas extracomunitárias ocupadas), rumou ao Alverca, onde na temporada 2000/2001 ‘explodiu' todo o seu futebol. "Nos juniores já víamos a elevada qualidade que tinha. Era um menino simples e humilde com espírito de vitória", disse José Romão, primeiro técnico do angolano no Alverca. A qualidade demonstrada levou o Benfica a dar cinco milhões de euros pelo jogador, de tal forma que Luís Filipe Vieira disse publicamente que o passe estava avaliado em "18 milhões de contos" (90 milhões de euros). Após a primeira cirurgia, os vários departamentos médicos do clube desdobraram-se em tratamentos - alguns deles inovadores, inclusive no estrangeiro -, mas nunca conseguiram acabar com as dores do internacional angolano.
O Benfica vai assim despedir-se de um jogador muito querido da massa associativa com um jogo de homenagem a realizar no final da presente temporada ou início de 2011/2012. O futuro do angolano passa agora por um cargo na estrutura do Benfica. Nos últimos tempos, Mantorras tem estado ao serviço do clube em campanhas internacionais com os adeptos, principalmente no continente africano.
DISCURSO DIRECTO
"CARINHO ESPECIAL", Toni, Primeiro técnico de Mantorras no Benfica
Correio Sport - Como foi trabalhar com Mantorras?
- Tenho um carinho especial pelo Pedro até porque foi ele quem me manteve mais tempo no Benfica esse ano, até à lesão. Sabíamos o valor que tínhamos em mãos.
- Era um jogador fundamental já na altura?
- Não era um novo Eusébio, como se dizia, mas era um jogador explosivo. Infelizmente, pela lesão, a carreira de Mantorras chegou ao fim há muito tempo.
PERFIL
Pedro Manuel Torres nasceu em Luanda (Angola) a 13 de Março de 1982 (28 anos). Jogou no Progresso (1999), Alverca (1999 a 2001) e no Benfica (2001 a 2011).
MALDITA CONDRÓLISE
O angolano padece de condrólise, que consiste no desaparecimento da cartilagem articular de um ou todos os compartimentos do joelho. Foi seguido pelo médico espanhol Ramon Cugat.
ACÇÃO EM TRIBUNAL
O antigo médico do Benfica Bernardo Vasconcelos tem uma acção em tribunal contra Mantorras. O angolano acusou o médico de negligência e incompetência depois de se ter lesionado.
UMA CARREIRA MARCADA PELA LESÃO NO JOELHO DIREITO
02-10-1999
Estreia-se na Liga portuguesa pelo Alverca, em Guimarães, entrando perto do final do jogo a substituir Nuno Assis. O Alverca perdeu por 1-0.
11-08-2001
Estreia no Benfica, frente ao Varzim, na Póvoa de Varzim. Resultado: 2-2.
25-08-2001
Primeiro golo pelo Benfica, na vitória (3-2) sobre o V. Setúbal, no Estádio da Luz.
15-12-2001
No decorrer de um jogo contra o Sporting (2-2) sofre uma entorse no joelho direito. É tratado e dado como apto.
29-01-2002
Primeiro sinal de que algo não estava bem: após fazer alguns jogos, surge um derrame no joelho e há suspeita de lesão no menisco.
13-02-2002
Confirmada a lesão no menisco do joelho direito do internacional angolano.
25-02-2002
Primeira intervenção cirúrgica no joelho direito: artroscopia com meniscectomia parcial externa.
06-04-2002
Após o regresso e mais alguns jogos, o joelho volta a fazer derrame.
24-07-2002
No decorrer do estágio de pré--época, o derrame agrava-se.
10-11-2002
Marca dois golos ao P. Ferreira numa altura em que faz um tratamento intra-articular semanal.
11-12-2002
O derrame volta a manifestar-se
16-12-2002
Segunda intervenção cirúrgica. A lesão na cartilagem do joelho é de nível 4, o mais grave.
17-10-2003
Final de um período de 10 meses de trabalho com o fisioterapeuta António Gaspar.
10-11-2003
É observado pelo médico espanhol Ramon Cugat, em Barcelona.
05-02-2003
Terceira intervenção cirúrgica, em Barcelona. Artroscopia ao joelho direito.
17-07-2004
Regressa à competição em jogo amigável de pré-temporada com o Etoile-Carouge no estágio na Suíça.
06-08-2004
Quarta intervenção cirúrgica. Nova artroscopia ao joelho direito, realizada de novo pelo especialista em lesões no joelho Ramon Cugat.
08-01-2005
Regressa à competição: dez minutos frente ao Sporting em Alvalade
03-04-2005
Entra perto do final e resolve com um golo (4-3) o jogo com o Marítimo, no Estádio da Luz.
24-04-2005
Marca golo da vitória por 2-1 sobre o Estoril e revela-se decisivo para a conquista do título nacional nessa época (rácio de um golo por cada 71 minutos jogados).
05-09-2007
Volta a ser observado pelo médio Ramon Cugat, que detecta atrofia muscular. Não aguenta as cargas de trabalho impostas em alta competição. Pode jogar futebol mas tem de diminuir os ritmos impostos.
24-05-2009
Termina a época 2008/09 com apenas cinco jogos (parcialmente) realizados. Na época anterior, tinha feito nove.
18-10-2009
Último jogo oficial na vitória por 6-0 do Benfica no terreno do Monsanto (Taça de Portugal).
19-02-2011
Luís Filipe Vieira, emocionado, anuncia o final da carreira de Mantorras e fala de ‘final do sofrimento'.
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