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Verdasco renascido no adeus de Gil

E eis que ao terceiro dia de competição, o drama surgiu de rompante no Open da Austrália, e com diversos protagonistas. De todos eles, destaque para Fernando Verdasco. O espanhol de 26 anos, cabeça-de-cartaz já anunciado para o Estoril Open 2011, renasceu das cinzas em plena Hisense Arena de Melbourne Park e carimbou o passaporte para a terceira ronda do primeiro Grand Slam da temporada.

19 de janeiro de 2011 às 13:40

Depois de duas jornadas mornas, sem surpresas de maior - com excepção porventura dos desaires de Ana Ivanovic e Nikolay Davydenko -, o aperitivo para o dia "mais quente" até ao momento registado no Open da Austrália foi servido logo no início da madrugada de quarta-feira em Melbourne. Num duelo que se previa tremendo, Lleyton Hewitt e David Nalbandian não defraudaram os cerca de 15 mil espectadores que encheram a Rod Laver Arena para uma reedição da final de Wimbledon 2002. A contenda ultrapassou as cinco horas de duração, com o australiano a ter dois pontos de encontro, acabando o resultado final por pender para o lado do bicampeão do Estoril Open (2002 e 2006) pelos parciais de 3-6, 6-4, 3-6, 7-6(1) e 9-7. "Deixámos tudo no court, jogámos com o coração", resumiu o sul-americano.

Já o menu de pratos principais começou a servir-se ao final da manhã, especialmente na Hisense Arena. Depois do correctivo aplicado pela número um mundial Caroline Wozniacki à norte-americana Vania King (6-1 e 6-0), tomaram conta do segundo court principal Fernando Verdasco e Janko Tipsarevic, acompanhados do árbitro português Carlos Ramos. E aí permaneceram durante 3h52m. Actual nono classificado da hierarquia mundial, Fernando Verdasco não foi feliz no arranque. Em apenas 12 minutos viu-se a perder por 4-0, para aos 33 entregar em definitivo a primeira partida. A segunda ficou também nas mãos do sérvio de 26 anos, enquanto o madrileno continuava demasiado perdulário.

Mesmo perante tamanho desnível no marcador (0-2 em sets), Fernando Verdasco só no final da terceira partida reagiu em definitivo. Confirmou a única quebra de serviço no décimo jogo e levou a contenda ao quarto set - aí já claramente com maior domínio por parte do espanhol nas trocas de bola no fundo do court. Ainda assim, acabou por ser Tipsarevic a ter à sua disposição três bolas de encontro, com as duas primeiras a serem arrojadamente salvas por Verdasco, antes de ver o opositor desperdiçar a terceira numa decepcionante dupla-falta. Fechou-se no tie-break o quarto set - com um pesado 7-0 favorável ao madrileno e a sentença definitivamente escrita para todo o encontro: dos últimos 37 pontos jogados, Verdasco amealhou 32 (perdeu apenas um deles no seu serviço), selando o resultado final em 2-6, 4-6, 6-4, 7-6(0) e 6-0.

Para lá do apuramento para a terceira ronda, na qual irá agora defrontar Kei Nishikori, ficou uma vez mais demonstrada a enorme força mental de Fernando Verdasco - nem sempre um ponto forte ao longo da sua carreira, mas especialmente aprimorada nas últimas temporadas com o trabalho específico levado a cabo junto a Gil Reyes, antigo mentor e preparador físico de André Agassi. "Sempre que se vence um encontro desta forma num Grand Slam é importante para ganhar confiança e vermos que estamos bem, tanto física como mentalmente. Para mim pelo menos foi, especialmente pela recuperação da desvantagem e por ter anulado os match-points no quarto set. Mais positivo não poderia ter sido", destacou o espanhol que será um dos cabeças-de-cartaz do Estoril Open 2011, entre os dias 23 de Abril e 1 de Maio.

Também sofrida foi a segunda vitória de Roger Federer, mas muito por culpa do próprio número dois mundial. O campeão em título e dono de 16 troféus do Grand Slam liderou por dois sets a zero frente a Gilles Simon, mas acabou por permitir a recuperação do francês. Na quinta e decisiva partida, começou por ter três pontos de encontro no saque do adversário ao oitavo jogo, mas somente no seguinte (e ao quinto match-point) logrou selar o apuramento para terceira ronda (6-2, 6-3, 4-6, 4-6, 6-3), onde irá defrontar o belga Xavier Malisse, que por sua vez saiu vencedor do embate frente ao bicampeão em título do Estoril Open, Albert Montanes (6-4, 6-0, 6-1).

GIL PERDE MAS REGRESSA A NÚMERO UM

Igualmente com uma forte ligação ao Estoril Open, ou não tivesse aí jogado em 2010 a sua primeira final em torneios do escalão máximo do ATP World Tour, Frederico Gil não conheceu a mesma sorte de Verdasco no terceiro dia de prova no Open da Austrália. A discutir pela primeira vez na carreira a segunda ronda de um torneio do Grand Slam, o atleta português sucumbiu perante o maior poderio de Gael Monfils, triunfando o número 12 mundial em quatro sets (6-4, 6-3, 1-6, 6-2), ao cabo 2h29m.

Não se pode dizer que o tenista português tenha entrado mal na contenda que teve honras de ser discutida na Margaret Court Arena de Melbourne Park - com forte contingente luso nas bancadas. Quebrou cedo o serviço a Monfils no segundo jogo, mas não demorou muito até o francês engrenar o seu ténis e devolver a oferta logo no jogo seguinte, com repetição no sétimo, antes de fechar o set inaugural. Gil tentou manter a solidez no fundo do court, mas acabou controlado pelo explosivo opositor também na segunda partida.

Face à desvantagem, o actual 91º classificado da hierarquia ATP World Tour continuou à procura do resultado e com três quebras de serviço venceu o terceiro set - marcado pelo susto apanhado por Monfils após uma ligeira torção do joelho direito. O francês deu a sensação clara de querer entregar esse set para se concentrar em definitivo no quarto e a estratégia revelou-se eficaz para Gil. Ao fim de 33 minutos, Gael Monfils fazia então a sua dança comemorativa, celebrando a passagem à terceira ronda do Open da Austrália, para aí defrontar Stanislas Wawrinka - o suíço que saiu vencedor em três sets (7-5, 6-3, 6-3) do embate frente ao jovem búlgaro Grigor Dimitrov, conhecido por ser a fotocópia mais aproximada de Roger Federer no que ao ténis jogado diz respeito.

Antes da despedida dos antípodas, Frederico Gil congratulou-se por mais uma experiência ao mais alto nível. “Foi mais uma grande exibição. Sinto-me a jogar muito bem e no caminho certo. O encontro foi muito equilibrado, jogou-se bom ténis. O meu adversário acabou por ser um bocadinho superior no segundo set mas, de resto, os níveis de jogo estiveram muito perto. Entrei bem e podia ter feito um bocadinho mais quando fiz o break logo no segundo jogo, mas faz parte. O meu jogo esteve bem, a minha bola alta podia ter estado um pouco melhor e mais funda, mas a bola de manutenção está lá!”, assumiu confiante, destacando uma vez mais o forte apoio sentido parte dos compatriotas: “o ambiente foi fantástico e quero agradecer aos portugueses presentes e aos que seguiram o encontro de outras formas. Agora, seguimos para a América do Sul, mais concretamente em Santiago do Chile, para discutir o ATP 250 Movistar Open”.

Quanto ao tenista português, para lá da estreia em triunfos individuais nas provas grandes do circuito mundial, despediu-se de Melbourne Park com um cheque aproximado de 24 mil euros e a certeza de que, a partir do próximo dia 31 de Janeiro, voltará a ter sobre si a designação de melhor português da actualidade no ranking mundial do ATP World Tour.

ALL-STAR TÉNIS EM PERSPECTIVA

A ideia não é nova e conhece aliás sucesso, há vários anos, no basquetebol profissional norte-americano (NBA). Falamos neste caso do famoso All-Star Game que anualmente reúne uma constelação de estrelas da popular modalidade colectiva. No ténis, as entidades responsáveis, ao que tudo indica, estão a preparar um projecto semelhante, com vista à recolha de mais fundos para os circuitos mundiais. "O objectivo passará por capitalizar a força do ténis enquanto desporto, através das suas maiores estrelas, capazes de gerar autênticos sucessos de bilheteira", explicou o presidente executivo do ATP World Tour, Adam Helfant.

A iniciativa, todavia, precisará sempre de contar com o aval dos próprios jogadores. A recentemente anunciada redução dos calendários de torneios para 2012 e 2013 foi o culminar de uma longa controvérsia entre atletas e autoridades, sendo de esperar alguma resistência das vedetas quanto a novo compromisso profissional. Ainda assim, Helfant e a sua equipa - depois de estudarem a fundo as inúmeras exibições levadas a cabo pelos jogadores em tempo de supostas férias e que terão servido para angariar largos milhões de euros - esperam apelar ao lado emocional da questão, revertendo parte das receitas para causas de solidariedade. Para minimizar ainda mais o possível desgaste dos intervenientes, ficou também assente que semelhante evento teria de ser "colado" a um dos torneios grandes (ou seja, no fim-de-semana anterior, como foi o caso do recente "Rally for Relief" em Melbourne, para ajudar as vítimas das cheias nos antípodas), oferecendo assim aos jogadores um "aquecimento" para a competição principal. Resta saber o que têm a dizer Federer, Nadal e Ca.

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