Símbolo da geração de ouro
Luís Figo conquistou (quase) tudo como jogador. Agora, quer ser o dirigente máximo da FIFA.
Figo anunciou esta quarta-feira, aos 42 anos, a sua candidatura à presidência da FIFA, o órgão máximo do futebol mundial. Nascido a 4 de novembro de 1972, em Lisboa, Luís Filipe Madeira Caeiro Figo começou a dar os primeiros toques na bola no clube Os Pastilhas, em Almada. Com 11 anos, ingressou no Sporting, onde percorreu todos os escalões jovens até chegar à equipa principal dos leões, pela qual se estreou aos 17 anos, diante do Marítimo.
Alvalade viu, a 1 de abril de 1990, a primeira partida profissional de um jogador que atuava como extremo e viria a fazer 22 golos em 158 jogos oficiais, em cinco épocas. Nesse período, conquistou apenas uma Taça de Portugal, mas as suas exibições permitiram-lhe iniciar uma carreira internacional de sucesso. Contudo, não começou da melhor forma.
Após a sua saída dos leões, Figo assinou dois contratos com diferentes clubes italianos (Juventus e Parma), o que lhe valeu uma proibição de jogar em Itália durante dois anos. Apesar da polémica, não tardou até que a sua saída de Portugal se concretizasse com a transferência para o Barcelona, que comprou o passe do extremo no verão de 1995 por uma verba que não terá chegado aos três milhões de euros.
De Barcelona para Madrid
Foi este o início do reconhecimento além-fronteiras, que teve novamente uma transferência polémica. Cinco anos depois de chegar aos catalães, e depois de conquistar a Taça das Taças e duas Ligas espanholas ao lado de jogadores como Guardiola, Rivaldo, Romário ou Ronaldo, Luís Figo, então capitão da equipa, assina contrato com o Real Madrid, o maior rival do Barcelona, naquela que se tornou a maior transferência de sempre: 60 milhões de euros. Esta "traição" valeu ao internacional português a alcunha "pesetero". No regresso a Camp Nou, agora com a camisola blanca, viu um adepto catalão a atirar uma cabeça de leitão na sua direção para o relvado.
Seis meses depois desta troca, venceu a Bola de Ouro, tornando-se no segundo futebolista português a conquistar o troféu, depois de Eusébio. Na capital espanhola, ficou cinco anos, sendo que fez parte dos "Galáticos", juntamente com jogadores como Zidane, Roberto Carlos, Raúl, Beckham e novamente Ronaldo. Ganhou mais duas Ligas espanholas, duas Supertaças de Espanha, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental.
Figo, à conversa com os antigos futebolistas Di Stefano e Raymond Kapa, mostra a Bola de Ouro no relvado do Santiago Bernabéu
Em 2005, abraçou uma nova aventura internacional, indo para o país que proibiu os seus primeiros toques na bola em território estrangeiro: Itália. O Inter de Milão foi o escolhido e lá terminou a carreira, em 2009, depois de mais títulos: quatro Ligas italianas, uma Taça de Itália, três Supertaças e, novamente, uma Liga dos Campeões. Ao serviço do emblema italiano, Luís Figo protagonizou um momento que não caiu nada bem em Alvalade. Em 2006, no Estádio San Siro, o Inter recebeu e venceu o Sporting com um golo de Crespo na primeira parte. As câmaras mostraram o banco do Inter, onde estava o português a celebrar o tento contra o clube onde se estreou no futebol profissional, para desagrado dos adeptos sportinguistas.
O capitão de Portugal
Ao serviço da seleção portuguesa de futebol, o eterno camisola 7 jogou 127 jogos oficiais, tendo marcado 32 golos.
Durante a carreira, Luís Figo foi o símbolo maior da seleção lusa e o representante máximo da equipa que ficou conhecida como "Geração de Ouro". O feito que valeu esta alcunha aconteceu em 1991, quando a seleção sub-20 de Portugal, a jogar perante mais de 120 mil pessoas no Estádio da Luz, conquistou o título de Campeã do Mundo contra o Brasil. Nesse jogo, ao lado de Figo, estavam outros jogadores que viriam a ser as peças principais dos consecutivos apuramentos para as fases finais dos Europeus e Mundiais a partir de 2000 (e quem não se lembra do golo contra a Inglaterra?), culminando no verão agridoce de 2004. Portugal organizava o Europeu desse ano e chegou à final, novamente no Estádio da Luz, contra uma Grécia que não constituía, em teoria, grande ameaça. O capitão Figo, na altura com 31 anos, tinha a oportunidade ideal para dar a maior alegria que a camisola das quinas alguma vez viu. Todos sabemos o que aconteceu.
Tempos diferentes
"Eu tive a felicidade de jogar no meu tempo com grandes jogadores, tanto na minha equipa como contra, possivelmente melhores do que Cristiano e Messi." Foi assim que Figo se referiu recentemente à luta a dois pelo estatuto de Melhor Jogador do Mundo.
Depois de subir ao Olimpo como futebolista, o antigo capitão da seleção, Bola de Ouro e vencedor de duas Ligas dos Campeões, procura, neste momento, o trono do organismo que dirige o futebol mundial.
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