Aos 53 anos, o 'camisola 10' orgulha-se de uma ligação intensa ao clube, para onde entrou com oito anos.
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A reeleição de Rui Costa no Benfica, para mais um mandato como presidente, não passa tanto pelo sucesso desportivo, que tem sido relativamente escasso, mas sim pela evidente carga afetiva de ser um antigo ídolo do futebol 'encarnado'.
Aos 53 anos, o 'camisola 10' orgulha-se de uma ligação intensa ao clube, para onde entrou com oito anos, passando por todos os escalões de formação, com uma pausa de uma dúzia de anos, em Itália, para se retirar dos relvados em 2008.
Mal terminou a carreira, em maio de 2008, Luís Filipe Vieira, então presidente, chamou-o para diretor desportivo do clube e mais tarde Rui Costa também foi escolhido para administrador da SAD.
'Número dois' de Vieira, assumiu pela primeira vez a direção em 2021, primeiro em substituição de Vieira e depois sufragado nas urnas, em outubro desse ano. Volvidos quatro anos e um mês, o 'sonho' do miúdo tão promissor, que Eusébio 'descobriu', prossegue.
A nível mundial já não são tão raros assim os casos de jogadores de topo que chegam a presidentes de grandes clubes, ou até a organismos internacionais - como Franz Beckenbauer ou Michel Platini.
Mas em Portugal isso foi novidade, Rui Costa foi mesmo o primeiro grande ídolo dos adeptos, enquanto futebolista, a chegar ao topo.
Analisando agora, passados 17 anos, e aos olhos de Vieira, Rui Costa teria potencial para as funções de gestão e planificação. Tinha o prestígio, mas também a sensatez para planear épocas, projetar investimentos e negócios estruturados.
Ao contrário de outros, não foi treinador. Falta-lhe esse ponto no currículo e Vieira nem lhe deu tempo para equacionar isso.
No seu já longo percurso 'atrás da secretária' fica ligado às contratação ganhadora (pelo menos de início) de Roger Schmidt. Que também deixou cair, quando ficou por demais evidente que os resultados 'fugiam'.
Contas feitas, não foi pelo sucesso desportivo que os adeptos benfiquistas estão com Rui Costa. Na Liga dos Campeões, as coisas estão francamente 'negras', na Liga nacional não recuperou nestes anos liderança face ao FC Porto de forma consistente e até a perdeu mais recentemente para o Sporting.
Mas os adeptos não esquecem o 'maestro' da equipa principal, no início do século, que aceitou a transferência para Florença, que não queria, para ajudar os 'cofres' do clube, então em evidente penúria. Não esquecem o menino que cumpriu o sonho de ser campeão, entrando na Luz pela mão de outro campeão, Eusébio.
Com oito anos apenas, foi da Damaia, onde cresceu, para mostrar o que valia, à Luz. A viagem era curta mas a ambição era grande - o Benfica já era o clube do coração. Para reforçar a mística, foi Eusébio quem mais se entusiasmou com os seus dribles, domínio de bola e força de remate.
Cumpriu na Luz toda a formação de jogador, entre 1981 e 1990, e no qual se começou a evidenciar como sénior, entre 1991/92 e 1993/94, depois de um empréstimo, em 1990/91, ao Fafe, então na Zona Norte da II Divisão B (terceiro escalão).
O ano de 1991 ficou gravado na sua carreira, já que coube ao então médio ofensivo de 19 anos marcar o penálti que deu a Portugal o segundo título mundial de sub-20, na final contra o Brasil, perante 120 mil espetadores no antigo Estádio da Luz, em 30 de junho.
Após três temporadas em que venceu uma Taça de Portugal (1992/93) e um campeonato (1993/94) pelo Benfica, transferiu-se para a Fiorentina por cerca de seis milhões de euros sem contar com a inflação, no que foi a transferência mais cara do ano.
A dupla com o avançado argentino Gabriel Batistuta fez dele referência também no clube 'viola', tendo realizado 277 jogos oficiais e vencido duas Taças de Itália (1995/96 e 2000/01) e uma Supertaça (1996), em sete épocas. Foi aí que ganhou o epíteto de 'maestro'.
Jogou depois cinco temporadas pelo AC Milan (contratação recorde de quase 37 milhões de euros), tendo-se sagrado vencedor da Taça de Itália e da Liga dos Campeões (2002/03), antes de conquistar o campeonato (2003/04) e a Supertaça (2004).
A par do trajeto realizado na Liga portuguesa e na Serie A, Rui Costa marcou 26 golos em 94 jogos pela seleção portuguesa, tendo disputado a final do Euro2004, já como suplente, no Estádio da Luz. Foi o seu último jogo de 'quinas' ao peito - era evidente que as escolhas de início de Luiz Felipe Scolari iam passar sempre por Deco.
Regressou ao clube do coração em 2006, tendo realizado 67 jogos pelos 'encarnados' nas duas últimas temporadas da carreira, marcadas por algumas lesões e pela ausência de sucesso desportivo. Foram 778 jogos oficiais na carreira, no total, tendo apontado 115 golos.
Como dirigente, era evidente que era o 'braço direito' de Luís Filipe Vieira, mas soube distanciar-se quando o então presidente começou a ter problemas com a justiça e Rui Costa acabou por não sair 'queimado' no processo 'Cartão Vermelho', no caso dos e-mails e tão pouco nas operações Lex e Saco Azul.
Nas funções de diretor desportivo, Rui Costa contratou Pablo Aimar e também Javier Saviola, Ramires e Javi García, entre vários outros, que foram vitoriosos.
Para os registos, fica também a vinda de outro símbolo do clube, Di María, e um par de outros bons jogadores, a bom preço, alguns rapidamente transferidos, com grande margem positiva para o Benfica - exemplo máximo é Enzo Fernández que rumou ao Chelsea por 121 milhões de euros em janeiro de 2023.
Para o novo mandato e com as contas já mais estabilizadas, pretende atingir os 500 milhões de euros em receita anual, para reduzir a necessidade de venda de futebolistas e garantir a permanência dos melhores, virando assim a página da regra das 'boas vendas', que limitaram os objetivos desportivos.
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