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"Estou aqui por 11 milhões de pessoas": Aldeeb é o único atleta palestiniano nos Jogos Paralímpicos

Fadi Aldeeb ficou paraplégico em 2001 quando foi baleado nas costas por um soldado israelita.

03 de setembro de 2024 às 21:45

Fadi Aldeeb tem 40 anos e é o único atleta a representar a Palestina nos Jogos Paralímpicos. o palestiniano ficou paraplégico em 2001 quando foi baleado nas costas por um soldado israelita e há uma década, saiu de Gaza, para iniciar uma carreira como basquetebolista. Passou pela Turquia, Grécia e França. Agora, na competição em Paris, participou na prova de lançamento de peso. 

O atleta diz sentir a pressão de ser a voz do seu povo nos Jogos Paralímpicos. "São demasiados sentimentos, demasiada responsabilidade, porque não estou a falar de mim, não estou a jogar para mim. Estou aqui por 11 milhões de pessoas, por todos os que dizem que sou palestiniano, por todos os que falam de humanidade e da liberdade da Palestina", disse à Al Jazeera. 

Para o palestiniano, a presença da Palestina nos Jogos Paralímpicos nunca foi tão significativa como agora. Ao erguer a bandeira do seu povo, acredita que está a mostrar ao mundo que "os direitos e a liberdade" do seu povo são importantes. 

Descrevendo o exército israelita como "uma máquina de matar", Fadi Aldeeb refere que para aqueles militares "não há diferença entre atletas, deficientes ou não, crianças ou mulheres, casas grandes ou pequenas, hospitais, hotéis, universidades ou escolas". 

O atleta confessou que se sentiu desconfortável com a presença dos participantes israelitas que realizaram uma homenagem aos membros da equipa olímpica israelita mortos por atiradores palestinianos nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972.

Sem ser por este constrangimento, Fadi Aldeeb afirmou que recebeu um grande apoio de outros participantes. "Não me estou a sentir sozinho. Estas pessoas dão-me um sentimento de humanidade."

A guerra entre Israel e o Hamas já matou mais de 40 mil pessoas em Gaza. Fadi Aldeeb perdeu o irmão na sequência do conflito. Em dezembro do ano passado, perdeu várias chamadas do irmão. Quando tentou retornar a ligação, não obteve resposta. No dia seguinte, descobriu que o familiar tinha sido morto num ataque israelita. "Não consigo deixar de pensar naquilo que ele me queria dizer naquela chamada", afirmou. 

A Carta Olímpica refere que os atletas nos Jogos Olímpicos devem gozar de liberdade de expressão, mas que não é permitida qualquer "propaganda política" em quaisquer locais, instalações ou outras áreas olímpicas. Para a entrevista, Aldeeb falava fora da Aldeia Olímpica.

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