MALDITAS PASTILHAS

Faz hoje uma semana que uma criança inglesa de 10 anos morreu com uma overdose de ecstasy. Era uma menina bonita, de olhar doce e sorriso enternecedor, que fez as manchetes dos principais títulos sensacionalistas do seu país quando – tudo indica, inadvertidamente – ingeriu cinco desses comprimidos, com nome de carro (Ferrari) e formato de smartie.

19 de julho de 2002 às 19:31
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Para quem não sabe, o ecstasy – ou “pastilha”, na gíria – é uma droga sintética que pode ter consequências graves ao nível do sistema nervoso central e das células cerebrais. Dado que actua em zonas algo “obscuras” do cérebro, o seu efeito (que ainda não é totalmente conhecido) é como um tiro no escuro – não se sabe onde vai acertar. E se acerta, pode causar danos irreversíveis.

Moralismos à parte, a ingestão de ecstasy é sempre “complicada”. E a complicação é tanto maior quanto menor for a idade de quem o consome.

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Uma coisa é um adulto de 23 anos tomar um ecstasy, outra é um adolescente de 14 anos fazer a mesma coisa. E digo isto porque um estudo do Instituto Português da Droga e Toxicodepenência (IPDT) revela que 4% dos alunos do terceiro ciclo já experimentaram esta droga.

Mais: segundo um artigo publicado no DN, a heroína está a ser destronada pelo ecstasy, na liderança das drogas mais consumidas neste país - o consumo de “pastilhas”, até aqui associado à diversão nocturna, estravasou esse âmbito e tornou-se num “acto” praticado a qualquer hora do dia. Perante isto, pergunto: Será que quando o meu filho (hoje com três anos) entrar no liceu, o cigarro fumado às escondidas nas traseiras da escola –a grande trangressão dos meus tempos – foi ultrapassado pelo comprimido tomado na casa de banho? É que uma coisa são as baforadas toscamente aspiradas num recanto. E outra é a acção de um comprimido que pode ter um nome tão cândido como Dino (de dinossauro) ou Delphin (de golfinho) .

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