O passado entre espiões

O livro foi apresentado como um regresso de George Smiley à ficção. Se fosse só isso já era muito bom. Mas é mais.

29 de outubro de 2017 às 17:30
O passado entre espiões Foto: Getty Images
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As Escolhas de... Francisco José Viegas

Passados muitos anos, Peter Guillam, discípulo, serviçal, colaborador, investigador, confidente e motorista de George Smiley – além de antigo chefe de uma rede de informadores da Europa do Sul e no Norte de África, operacional do MI6, e responsável dos serviços de informação britânicos na embaixada em Paris – vive em França, numa quinta que comprou e mantém com a sua reforma de leal funcionário público. Isto não faz um romance, mas é o começo.

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Para ler inteiramente, verdadeiramente, ‘Um Legado de Espiões’, é bom que o leitor tenha presente quatro livros anteriores,   ou  –  se possível – cinco. São eles ‘O Espião Que Saiu do Frio’, ‘A Toupeira’, ‘O Ilustre Colegial’ e ‘A Gente de Smiley’, ficando tudo mais completo se lhe juntássemos ‘O Peregrino Secreto’ (mas é facultativo, vá lá).

Antiga Alemanha comunista

O objetivo é simples, surpreendente e amargo: verificar se, há cinquenta anos, os serviços cometeram algum deslize durante a operação de extração de um espião britânico em solo da antiga Alemanha comunista. Para o leitor de John Le Carré – e fanático dos romances do seu espião George Smiley – trata-se de um ambiente familiar: reexaminar o caso de ‘O   Espião Que Saiu do Frio’, durante o qual perde a vida Alec Leamas.

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Peter Guillam sabe que, com este inquérito (efetuado depois de o filho de Leamas ter pedido uma indemnização milionária) são os serviços secretos e a sua honra que estão em causa;  mas também o papel de Guillam e, claro, de Smiley, o pai espiritual do Circus, como é designado o corpo (além do edifício) da espionagem britânica.  

Guillam encontra-se uma derradeira vez com George Smiley, já centenário, vivendo na Alemanha, entre livros e recordações. E o leitor ficará feliz por saber que Smiley continua a velar por todos nós.

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