O império de Peter Jackson contra-ataca

Realizador de 'O Senhor dos Anéis' e 'O Hobbit' sabe o que é uma grande aventura.

21 de dezembro de 2014 às 14:30
22-12-2014_11_04_56 Peter Jackson.jpg Foto: D.R.
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um rumor antigo nos meandros de Hollywood: desde pequeno que Peter Jackson cobiça o poder de George Lucas na indústria do cinema, graças à saga de ‘Star Wars’. Ora, na hora de fechar o projeto de cerca de 15 anos que o levou pelo mundo mágico e movediço da Terra Média, criada pelo escritor J.R.R. Tolkien, Jackson está mais próximo do que nunca do ídolo.

Tal como Lucas, ergueu seis filmes que já renderam quatro mil milhões de euros nas bilheteiras. Também renovou um culto em torno do fantástico e ajudou a dar novo rumo à tecnologia, numa arte sedenta de efeitos especiais como pão para a boca.

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Numa altura em que ‘O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos’ está em exibição, Peter Jackson acaba de ganhar uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood e já pertence à galeria dos grandes vultos. Na altura da homenagem, há pouco mais de uma semana, o neozelandês de 53 anos reconheceu estar a cumprir um sonho de criança. Ele, que agora vê o nome figurar na estrela número 2538, muito perto da de outro ‘mago’, Steven Spielberg.

O dom para a imagem começou com uma câmara de filmar Super 8, recebida aos oito anos. De imediato, a criança nascida em Pukerua Bay começou a engendrar curtas-metragens marcadas por engenhosas montagens e um gosto especial pelo terror. Foi nesse género que se estreou, em 1987, com ‘Carne Humana, Precisa-se’.

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O filme ‘gore’, sobre uma comunidade que era o alimento favorito de extraterrestres, impressionou no Fantasporto. Além de surgir em vários papéis, Jackson usou a cozinha de casa para conceber modelos em látex que simulassem cadáveres. Seguiram-se ‘Feebles – Os Terríveis’ (1989), sátira sangrenta a ‘Os Marretas’, e ‘Morte Cerebral’ (1992), obra que marcou pelos 300 litros de sangue falso usados.

O percurso de realizador marginal sofreu um desvio em ‘Amizade sem Limites’ (1994), drama negro sobre a relação doentia de duas amigas, que revelou Kate Winslet. Foi, aliás, este filme que mais contribuiu na hora de ser a escolha para o colossal desafio que se adivinhava: transpor para a tela a jornada épica de ‘O Senhor dos Anéis’ projeto que muitos julgavam inadaptável. No meio de avanços e recuos, Jackson conseguiu convencer a produtora New Line a deixá-lo dirigir três capítulos de uma vez, num orçamento acima dos 200 milhões de euros.

SENHOR DOS MILHÕES

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Fã de J.R.R. Tolkien desde jovem, Jackson agarrou a oportunidade e, inspirado na tecnologia permitida por ‘Parque Jurássico’, mostrou-se hábil na gestão de grandes produções. Mais: em vez de se render a Hollywood, forçou-a a deslocar-se até à sua Nova Zelândia natal, cenário usado nos filmes.

A estreia de ‘O Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel’ (2001) agradou tanto aos fãs indefetíveis da obra de Tolkien como ao restante público, influenciando inclusivamente o grande cinema-espetáculo do século XXI. Com um bónus: ‘O Regresso do Rei’ ganha 11 Óscares (o mesmo número recorde de ‘Ben-Hur’ e ‘Titanic’), incluindo o de realizador.

Os últimos três anos foram dedicados a ‘O Hobbit’. O segredo para o sucesso da saga? "Aceitar um desafio gigantesco e filmá-lo como um projeto pessoal", justificou numa entrevista. 

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Peter Jackson parece agora estar pronto para seguir em frente. Em vista tem já, novamente a meias com Steven Spielberg, a produção de uma nova aventura de ‘Tintim’, depois da elogiada experiência de ‘O Segredo do Licorne’ (2011).

Quanto às comparações com George Lucas, o neozelandês faz por agradecê-las, mas assume que se trata, acima de tudo, de uma inspiração. Jackson elogia o olho para o negócio do criador de ‘Star Wars’, capaz de investir parte do dinheiro que ganhou em novos métodos para conceber efeitos especiais. Mais ou menos o que Peter Jackson também fez com a saga que agora chega ao fim. O cinema agradece.

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