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Artigo exclusivo
Na maior praça de touros do País, José Henriques usa o seu instrumento como elo entre o diretor de corrida e os toureiros.
ssim que termina a temporada e entra no defeso [época do ano sem touradas], José Henriques – que há precisamente 50 anos faz soar o seu cornetim na praça do Campo Pequeno – vinga-se nas azeitonas. “Não sou pessoa para acreditar em bruxas nem em mitos mas, pelo sim pelo não, é melhor não arriscar: como as azeitonas são oleosas, dizem que o óleo da azeitona amolece o calo que nós temos na parte inferior do lábio [provocado pela pressão do instrumento], eu nunca quis experimentar comê-las em altura de touradas e, por isso, quando tenho corridas não como. Só quando termina a época.” Come azeitonas, mas continua a manter os cuidados com o calo, também conhecido como embocadura. “Temos de treinar em casa, 15 a 20 minutos todos os dias, para manter o calo quando regressamos”, partilha José Henriques, 73 anos, natural de Lisboa, filho de um cornetim. O pai não só lhe transmitiu a paixão pela “festa brava” como os truques do ofício que até chegar à reforma conjugou com o emprego numa companhia de seguros.
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