A edição de hoje
Artigo exclusivo
Em 1969, a morte foi fotografada e filmada. A Operação Ostra Amarga haveria de ficar conhecida por Operação ‘Paris-Match’.
No continente africano, a província da Guiné é pequena: 40 mil metros quadrados, a superfície da Bélgica." A imagem aérea mostra a capital, Bissau, e depois braços de rio e de selva, o palco onde as tropas portuguesas combatiam o PAIGC. A voz-off do vídeo da televisão ORTF, que integra na equipa de reportagem francesa ainda uma agência noticiosa e um jornal, acrescenta que o partido marxista de Amílcar Cabral para a independência da Guiné e Cabo Verde "tinha ali começado a luta armada sob a égide de Che Guevara" em 1963; e "desde então, a guerra tinha-se estendido à quase totalidade do território". Nesse mês de outubro de 1969, Geneviève Chauvel tinha 30 anos e o batismo de fogo feito no Vietname, durante a ofensiva do Tet, em fevereiro de 1968. Seguira com o marido Jean-François Chauvel (1927-1986) – repórter de imprensa e produtor de televisão francês, com ela casado em terceiras núpcias – para Angola e Moçambique, "onde o exército português estava a ser atacado pela rebelião". "Impus-me e acompanhei esta operação militar na Guiné. Uma operação noturna numa área perigosa, com muita adrenalina", conta à Domingo, por email, 52 anos depois. "Fazia equipa como fotógrafa do meu marido, enviado pelo ‘Figaro’. Eu trabalhava na agência Gamma, que difundiu a minha reportagem em várias revistas de França e no estrangeiro. ‘Ela arriscou a vida por estas fotografias’, titularam algumas publicações em Itália e na Suíça, enquanto a ‘Paris-Match’ escreveu: ‘Guiné, a estranha guerra dos portugueses.’"
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