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A ‘Carrie’ ficou-lhe tão bem

Uma série sobre quatro mulheres numa cidade tornou Sarah Jessica Parker rica e influente

18 de março de 2012 às 00:00

A eterna ‘Carrie Bradshaw’ da série ‘O Sexo e a Cidade’ debutou no cinema em 1979, no filme ‘Rich Kids’, mas foi de 1998 em diante, na pele da cronista de amor e sexo em Nova Iorque, que provou a fama e o sucesso à escala planetária. Sarah Jessica Parker, ‘dona’ da personagem há 14 anos, foi, segundo a ‘Forbes’, a actriz mais bem paga de Hollywood em 2011, ex-aequo com Angelina Jolie, ambas com salários anuais de 30 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros). O segundo filme baseado na série rendeu 290 milhões de dólares. Com o tempo, o sucesso da personagem fez dela mais do que actriz na série: Sarah tornou-se produtora também.

"Não tinha esse plano de carreira no tempo em que, em Cincinnati, Ohio [onde vivia], nos cortavam a luz volta e meia porque os meus pais não tinham podido pagar a factura. Ver o meu talento reconhecido já me parecia ser um êxito. Ganhar assim tão bem, então...", confessou numa entrevista recente. ‘Carrie Bradshaw’ recheou-lhe a conta bancária e concedeu-lhe o estatuto de estrela na passadeira vermelha, mas entre as duas, garante, há mais diferenças do que os fãs da série imaginam.

"A vida da ‘Carrie’ não tem absolutamente nada a ver com a minha. Eu adorei interpretá-la e ela mudou a minha vida como nenhuma outra personagem, mas eu não sou uma louca por sapatos e também não penso em moda o dia inteiro. Todas as escolhas que fizemos foram diferentes", explicou à ‘Vogue’ americana numa produção com fotos de Mario Testino.

Ao contrário da personagem – que procura o amor durante as seis temporadas da série e vive atribulações várias com ‘Mr. Big’ até ao enlace final –, Sarah vive uma relação duradoura com o actor Matthew Broderick, com quem casou em 1997 e de quem tem três filhos. As duas mais novas, gémeas, foram geradas numa barriga de aluguer assumida publicamente. Os paparazzi apontam baterias quando a apanham em roupas descontraídas e com os filhos pela mão, longe do ícone de moda e estilo que se tornou graças a ‘Carrie’ – como se o papel que desempenha na vida real causasse mais estranheza do que os que representa na ficção.

Embalada pelo sucesso da personagem no campo das tendências, Sarah lançou no ano passado uma linha de perfumes e criou uma colecção própria de roupa, a Bitten, em 2007. Nos ecrãs – onde representou dezenas de papéis sem grande impacto mediático antes de ‘Carrie’ (‘Lua de Mel em Las Vegas’ e ‘Marte Ataca’ são disso exemplo) – também não voltou a brilhar da mesma forma depois de ‘Carrie’. Consta, ainda assim, que o sucesso que alcançou com a série a tornou mais selectiva em relação aos projectos em que participa: escolherá apenas aqueles com que se identifica, como no caso de ‘A Jóia da Família’ (2005) e, mais recente, ‘Não Sei como Ela Consegue’ (2011).

Mas foi com o papel de ‘Carrie’ que arrecadou quatro Globos de Ouro, dois Emmy e três Actor’s Guild Awards, atribuídos ao longo dos seis anos em que a série esteve em exibição. Certo é que o sucesso [que justificou dois filmes com as mesmas personagens] ditará o regresso da personagem à televisão em breve, ainda que bastante mais jovem e desta vez protagonizada por AnnaSophia Robb.

‘The Carrie Diaries’ vai mostrar a adolescência da colunista durante os anos de 1980. "Os americanos são extremamente inteligentes: faz todo o sentido recuperar a vida da personagem e mostrar como chegou até ali, quem era ela antes, precisamente por ser muito marcante", considera António Barreira. O sucesso da série, deve-se, segundo o argumentista, "ao facto de ser extremamente aspiracional. O público feminino gosta porque facilmente se identifica e o masculino vê porque tem a pretensão de entender as mulheres".

‘CARRIE’, A INVEJADA

De ‘Carrie’, Sarah Jessica Parker já disse invejar "sobretudo o tempo de que dispõe para ir almoçar ou jantar com as amigas" – as outras três magníficas que compõem o quarteto – mais do que as roupas e os sapatos. Para Rita Barata Silvério, autora do Blogue Rosa Cueca e fã da série, o sexo é parte fundamental no sucesso da ficção.

"‘Carrie’ tem centenas de amantes ao longo da série: mais novos, mais velhos, mais ricos, mais pobres, ‘nerds’ e desportistas, artistas, músicos. Faz sexo bom, faz sexo mau, mas tem sexo, sem culpa, sem remorsos. Essa é a mensagem importante da série graças à qual gerou tanto entusiasmo global: o sexo, o nosso sexo, não é motivo de vergonha nem de supervisão, só nós sabemos dele, só nós, as mulheres, somos responsáveis por ele. Esse foi o grande salto intelectual de ‘O Sexo e a Cidade’, o motor nunca antes usado na ficção televisiva. Sexo praticado por mulheres reais, que trabalham, têm filhos, mães que morrem, cancros da mama, mulheres que são encornadas e põem os cornos, que são despedidas, que têm contas por pagar, desgostos de amor, que cozinham e têm ressaca."

Para Mónica Lice, consultora de moda e autora do blogue Mini-Saia, "‘Carrie Bradshaw’ personaliza tudo o que uma mulher moderna pretende ser: bonita e sexy, mas, ao mesmo tempo, romântica e amiga. Brincalhona, mas também séria e profissional. Uma mulher que é livre, apesar de ligada sentimentalmente a várias pessoas, a objectos e até a cidades, como Nova Iorque. ‘Carrie’ é ainda moda – o seu estilo e o seu guarda-roupa fazem inveja a qualquer mulher e, mais do que moda, ela é estilo – um estilo único, que a faz usar e ousar peças com as quais sonhamos apenas". Ainda que Sarah, a mulher por detrás da personagem, a dias de fazer 47 anos, se vista "rapidamente" todas as manhãs.

PRÓXIMA ‘CARRIE’ ESTREOU-SE NO MCDONALD'S

‘Carrie Bradshaw’ está quase de regresso... ao passado. Isto porque a cadeia de televisão norte-americana CW está a preparar uma série – ‘The Carrie Diaries’ – que irá contar a história da protagonista antes de Nova Iorque, da coluna do jornal, das amigas do coração e do sexo.

A série vai mostrar quem era ‘Carrie’ antes de chegar à idade adulta e, para lhe vestir a pele, a escolhida foi a jovem AnnaSophia Robb, de 18 anos, que se estreou num anúncio do McDonald’s mas já desempenhou papéis no cinema, em ‘Charlie e a Fábrica de Chocolate’ e ‘O Segredo de Terabítia’, entre outros. Para trás deixou Elizabeth Olsen, Blake Lively e Miley Cyrus.

NOTAS

POLÍTICA

Aceitou um cargo no Comité de Artes da equipa do presidente dos EUA, Barack Obama.

FILME

Sarah será a substituta de Demi Moore em ‘Lovelace’, um filme sobre a actriz pornográfica Linda Lovelace.

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