Tinha tudo mas, em 2002, conspirou para matar os pais.
Suzane Von Richthofen podia ter passado pela vida, sem nunca ter chegado às páginas dos jornais, a não ser que esta filha da abastada família Von Richthofen, constituída por Manfred, engenheiro alemão imigrado no Brasil, e Marísia, uma psiquiatra descendente de portugueses e libaneses, fizesse um ótimo casamento e desse uma festa à medida das colunas sociais. O que poderia ter acontecido. Mas Suzane mandou matar os pais na mansão da família em São Paulo, foi condenada em 2006 a 39 anos de prisão – bem como o seu namorado e o irmão deste – e, por isso, é que foi notícia nos jornais e televisões brasileiros.
Foi também notícia por, uma vez presa, ter querido estudar administração, por ter sido pomo da discórdia entre reclusas, objeto amado de um promotor, por causa dela punido por comportamento inadequado pelo Ministério Público, por ter casado com ‘Sandrão’, condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro de uma empresária em São Paulo, e voltou agora a ser notícia por ter, finalmente, obtido licença para sair temporariamente da cadeia – ter saído e ter voltado um dia mais cedo.
A VIDA DELA
O destino do casal Manfred começou a ser traçado no ano de 1999, durante um passeio a Ibirapuera, o mais importante parque urbano de São Paulo. Levavam os filhos, Suzane, de 15 anos, e Andreas, de 13, e foi naquela tarde que a rapariga conheceu Daniel Cravinho, de 17. Suzane apaixonou-se como acontece aos quinze, é certo, mas começou a faltar às aulas e a consumir maconha. Os Von Richthofen fizeram o mais comum – proibiram o namoro. A 31 de outubro de 2002, Suzane e Daniel convidaram o irmão deste, Cristian, a participar no assassinato dos pais dela, pela força dos golpes de barras de ferro, enquanto o casal dormia, e depois simulariam um roubo. Usaram Andreas como álibi. Daniel e Cristian mataram Manfred e Marísia no quarto do casal. Suzane, que chamou a polícia por ter "encontrado a porta de casa aberta", foi depressa suspeita. No rés do chão da mansão perguntou à polícia como os pais tinham morrido, antes de os corpos terem sido encontrados no primeiro andar.
Ao longo dos anos, Suzane lutou pelo dinheiro dos pais – houve suspeitas de que Manfred mantinha contas na Suíça em nome dela, quantia fruto de desvios nas obras do troço Oeste do Rodoanel, realizadas pela Dersa –, tentou as pazes com o irmão, que nunca mais a quis ver e hoje é doutorado em química, e passou por várias cadeias e paixões. Em Rio Claro, por exemplo, duas funcionárias deram-lhe regalias ilegais, como acesso à internet. Em Ribeirão Preto, um promotor prometeu lutar para tirá-la da "vida do crime".
Em 2014, a reclusa casou-se na penitenciária de Tremembé, com Sandra Regina Gomes, ou ‘Sandrão’, e foi novamente notícia. ‘Sandrão’ vivia maritalmente com Elize Matsunaga, presa pela morte e esquartejamento do marido em 2012. Suzane, que conheceu a futura mulher na fábrica de roupas da cadeia, onde tinha cargo de chefia, chegou a dar entrevistas para comentar o triângulo amoroso e a dizer que "nunca tinha pensado em ter uma relação com uma mulher". Em setembro daquele ano, Suzane e Sandra passaram a dormir numa cela especial, com mais oito casais, onde as camas eram separadas por lençóis como se fossem cortinas. Teve de assinar um documento que reconhece o elo, mas que impõe regras como por exemplo, em caso de separação, a presa só pode voltar àquela cela seis meses depois.
Segundo os jornais brasileiros, era a primeira vez que deixava a prisão desde 2006. Autorizaram uma saída antecipada de Páscoa, mas deveria retornar à Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier na terça-feira, 15. Suzane decidiu antecipar o regresso para a tarde de segunda. Na sexta-feira anterior tinha saído da prisão numa carrinha com vidros escuros, provavelmente para a morada da pessoa, que nunca a visitou na prisão, mas com quem tinha pedido para passar o Natal.
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