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CHICAGO: A CIDADE DOS VENTOS

A cidade dos ‘gangsters’, de Al Capone e dos Chicago Bulls, mas também da música, da arquitectura e das pessoas. Eis Chicago, a metrópole cantada por Frank Sinatra e outra vez retratada no cinema. Fascinante...

21 de fevereiro de 2003 às 20:05

Em 1893, num artigo de opinião, o editor do ‘New York Sun’, Charles Dana, atribuiu a Chicago o título de “Cidade dos Ventos”. Uma metrópole que se descobre a ela própria todos os dias, e que assim se dá a conhecer, tal qual o ser humano. Porque Chicago não seria a mesma sem as gentes que deambulam nas suas ruas, povoam o seu passado e desenham as promessas de um futuro.

Chicago existe como cidade desde 1837, mas só depois de 1871 é que começou a crescer e a desenvolver-se — a 8 de Outubro de 1871 deflagrou um incêndio no West Side que só foi extinto ao fim de três dias, matou centenas de pessoas e deixou quase tudo destruído. Mas tal como aconteceu em Lisboa depois do terramoto, a destruição possibilitou o planeamento de raiz e a reconstrução de uma nova cidade. É das novas infra-estruturas – museus e bibliotecas – que floresce um genuíno interesse pela cultura. Nessa época surge – a propósito da Exposição Mundial Colombiana – o Palace of Fine Arts, onde hoje está instalado o Museu de Ciência e Indústria.

Mas o grande e verdadeiro desenvolvimento ocorre nos loucos anos 20. As mulheres sobem as baínhas das saias – dos tornozelos para os joelhos — , cortam o cabelo, fumam e bebem em público, passando a usar um adorno até então utilizado somente pelas prostitutas: a maquilhagem. Mais: em Agosto de 1920 conquistam o direito ao voto.

Simultaneamente, a Lei Seca aguça a sede aos que – aliviados pelo fim da I Guerra Mundial – têm dinheiro e querem divertir-se. A música escrita, tocada e cantada pelos afro-americanos – em especial o ‘jazz’ – enfeitiça toda a gente e até os mais conservadores se rendem.

É neste ambiente fervilhante de transformação e modernidade que a cidade de Chicago começa a afirmar-se em todos os sentidos. E por estranho que pareça, uma parte do desenvolvimento deve-se à Máfia (que ‘nasce’ oficialmente em Chicago a 17 de Janeiro de 1920, dia em que é aprovada a 18.a Emenda da Constituição Americana, a famosa Lei Seca, que proíbe a venda e consumo de bebidas alcoólicas). Até essa altura, existiam apenas quadrilhas de criminosos, que vão finalmente juntar-se e dar lugar ao crime organizado. Esta gente vê no contrabando de bebidas uma excelente oportunidade para “dar de beber a quem tem sede” e com isso faz dinheiro... muito dinheiro.

Figura incontornável na chefia da Máfia é Al Capone, que com apenas 26 anos torna-se chefe do maior ‘gang’ da cidade, enchendo as ruas de sangue, álcool e lendas. Hoje em dia, ainda encontra muitos cafés, bares e clubes com o nome do lendário mafioso. O mesmo Al Capone tem sido, ao longo dos tempos, personagem irresistível para realizadores de cinema, séries televisivas, documentários e até livros. Igual sorte teve Eliot Ness, um antigo funcionário do Tesouro Nacional recrutado para prender Al Capone. Para cumprir essa tarefa, Ness reuniu um grupo de homens da sua inteira confiança que ficaram para a história como “Os Intocáveis” (que deram nome ao filme de Brian de Palma sobre a Máfia).

CIDADE DO ‘JAZZ’ E DA ‘PLAYBOY’

Hugh Helfner escolheu Chicago para lançar, em 1953, a revista “Playboy”, cujo primeiro número trazia na capa a actriz Marilyn Monroe.

A primeira mulher americana a ganhar o Prémio Nobel da Paz (em 1931) foi Jane Addams, natural de Chicago, cidade onde nasceu o termo ‘jazz’ (em 1914) e Benny Goodman. As primeiras regras de basebol e bastões usados por jogadores profissionais foram criados por um antigo lançador de basebol — Albert G. Spalding — que se tornou num importante industrial de Chicago.

A cidade foi a primeira a possuir um arranha-céus com estrutura em aço e a apresentar lentes de contacto bifocais, envelopes com janela, relógios de corda e tantas outras invenções que actualmente nos parecem tão banais. Talvez por isso, só desde 1989 foram rodados na cidade mais de 200 filmes e séries televisivas — o que muito tem contribuído para a economia municipal — de que são exemplo “Batman”, “Chicago Hope”, “O Fugitivo”, “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, entre outros.

Mas um dos primeiros filmes a ter este local como cenário foi “The Great Train Robbery”, realizado em 1903.

ARQUITECTURA E MUITAS LOJAS

Chicago está situada na margem sudeste do Lago Michigan e é banhada pelo rio com o mesmo nome. A cidade é um enorme centro comercial, a começar pelo Magnificent Mile – situado na Michigan Avenue – , sem esquecer o Water Tower Place, o Chicago Place ou o Garrett’s Popcorn Shop. Recomendável a todos é o cruzeiro no Lago Michigan, onde também se pode jantar à luz das velas. Uma vista completa de Chicago é obtida do topo do Observatório Hancock.

Ao deambular pela cidade vai encontrar, aqui e ali, a pleno céu aberto, várias obras de arte assinadas, por exemplo, por Picasso, Chagall ou Miró. Talvez pela força dos ventos ou por possuir uma população multi-étnica, o certo é que aqui a música ganha maior expressão. Da ‘soul’ ao ‘gospel’ e do ‘blues’ ao ‘jazz’ os sons percorrem a cidade, onde proliferam os bares, pequenos clubes e grandes salas de espectáculo (com uma oferta quase ilimitada nestes géneros musicais).

Se é fã do basquetebol e do melhor que a NBA possui, não deixe de passar pela sede dos Chicago Bulls – o United Center — e talvez encontre Michael Jordan. Edifício magnífico é o Sears Tower, espaço inaugurado em 1974, com 4.756 metros de altura e que abrange uma área de 408.747 m2. Trata-se de um verdadeiro bilhete postal da cidade e o facto é que, anualmente, recebe mais de um milhão de visitantes. Antes de qualquer visitante chegar ao topo do arranha-céus é-lhe apresentado um vídeo com imagens do que poderá vislumbrar lá de cima.

Dos edifícios mais antigos da cidade destaque ainda para o Centro Cultural de Chicago, datado de 1897, o Auditório Adler & Sullivan, de 1889, e o Chicago Board of Trade. Aprecie as várias pontes que atravessam o Rio Chicago e as grandes zonas verdes da cidade, como o Jardim Comunitário ou o Grant Park – que acolhe o Oceanarium, o Planetário e o Museu de História Natural, trilogia ideal para agradar a pequenos e graúdos.

Obras de arte encontram-se, por exemplo, no Art Institute of Chicago, um edifício em estilo neoclássico datado de 1893, com diversos trabalhos de pintores impressionistas - como Claude Monet – mas também de artistas norte-americanos do século XX.

GUIA DE CHICAGO

Localização: Médio-Oeste dos EUA, Estado do Ilinois

Área: 150.007 km2

Fuso horário: - 6 horas

Moeda: Dólar

Língua oficial: inglês

Indicativo telefónico: 001312

População: 2.783.726 habitantes

Religião: Protestante

Regime de governo: democracia

Como ir:

É necessário Passaporte português com uma validade mínima de seis meses. É bom ter o cartão de vacinas em dia.

Onde voar:

Não existem voos directos entre Lisboa e Chicago. A Continental Airlines tem voos Lisboa-Nova Iorque-Chicago e Lisboa-Newark-Chicago.

Onde ficar:

Hotel Sutton Place****

Hotel Four Points****

Hotel Hilton Homewood***

Hotel Hilton Garden Inn***

Obrigatório ver e fazer:

Museu de Ciência e Indústria

Magnificent Mile

Garrett’s Popcorn Shop

Cruzeiros no Lago Michigan

Museu de Arte Contemporania

Observatório Hancock

Clubes e bares de blues e jazz

Sede dos Chicago Bulls

Passeio no Rio Chicago

Sears Tower

Centro Cultural de Chicago

Auditório Adler & Sullivan

Grant Park

Museu Field

Art Institute os Chicago

Museu de História Natural

Oceanarium e Planetário

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