Filho do antigo procurador da República, José Maria Souto de Moura ganhou cem mil euros no ‘Quem quer ser milionário'
José Maria Souto de Moura tem o sorriso calmo e a voz ponderada de quem acredita que o "futuro a Deus pertence". Mas, ainda assim, admite que depois de ter ganho cem mil euros no concurso da RTP 1 ‘Quem quer ser milionário’ a sua vida, "acima de tudo, acho que vai ser mais segura. Este prémio vai facilitar a possibilidade de continuar a trabalhar como ilustrador e a dar o meu tempo às pessoas e projetos que me fazem sentido".
Com alma de fadista e gosto pelas artes, deu logo nas vistas ao acertar no nome do cavalo de D. Quixote, Rocinante, ou no par amoroso de ‘Amor de Perdição’, Teresa e Simão. Também sabia que Sébastien Ogier foi o vencedor do Campeonato Mundial de Ralis em 2013 e Roy Lichtenstein o autor da pintura ‘Whaam’.
Tal como o protagonista do filme ‘Quem quer ser bilionário’, também José Maria se valeu da cultura e experiência pessoais para acertar nas 15 respostas que lhe valeram o título de milionário. A diferença é que o percurso deste vencedor de 25 anos não se cimentou nas agruras de um bairro de lata da Índia, mas sim na inspiração de uma família abastada.
ARTES NAS VEIAS
Filho do antigo procurador da república José Souto de Moura, José Maria decidiu para si um caminho diferente. Seguiu a inspiração do tio paterno, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, e estudou arquitetura na Universidade Técnica de Lisboa. Trocou os projetos pela ilustração para dar azo à veia artística e dedica o tempo que sobra a apoiar os mais necessitados.
Com sólida formação cristã, herdada pela veia materna, José Maria Carvalho Souto de Moura fez parte do CUPAV - Centro Universitário Padre António Vieira, viveu um ano em S. Tomé e Príncipe com os Leigos para o Desenvolvimento e é animador da Gambozinos, movimento juvenil católico que integra crianças e jovens de várias localidades e estratos sociais. Atualmente, trabalha em part-time numa escola privada, onde dá apoio à biblioteca e na formação humana.
Foi graças a esta experiência de vida e "à cultura que já tinha" que o primeiro vencedor da edição apresentada por Manuela Moura Guedes acertou nas 15 respostas sobre os temas mais variados e não hesitou em arriscar a pergunta final, que lhe valeu o prémio de cem mil euros.
Sobre as suas opções de vida, diz: "Creio que têm muito a ver com um caminho, enquanto pessoa e enquanto cristão. Acredito que a melhor maneira de gastar o meu tempo é pô-lo ao serviço de causas que fazem sentido dentro desse percurso."
GOSTO POR JOGOS
A ideia de entrar no concurso da RTP 1 surgiu cedo, nos muitos serões em família. "Desde a primeira edição que achava graça ao programa, por envolver jogo e cultura num formato muito interessante. Era novo ainda mas pensava ‘um dia hei de concorrer’. Agora, quando vi o anúncio desta nova edição, achei que era desta, e inscrevi-me", conta à ‘Domingo’.
Curiosamente, ganhar os cem mil euros nem era o objetivo inicial. José Maria tem fama de bom jogador e de irritar os amigos por ganhar os jogos todos. "Primeiro, já achava que não ia, porque ainda demorei um bocado a ser contactado. Depois acreditava que pudesse chegar à cadeira e ganhar 500 ou 4000 euros, mas nem pensei na hipótese de ganhar. Fui avançando!", conta, sobre a sua participação no programa da RTP 1.
Aplicado, José Maria preparou-se para o concurso e serviu-se também do muito que tem aprendido na vida. "Ainda me predispus a ler umas coisas (sobre os Jogos Olímpicos e os órgãos europeus, que às vezes aparecem no programa), mas rapidamente percebi que tinha era de me valer da cultura que já tinha e que fui ganhando ao longo da vida. E da sorte, claro."
Na cadeira, e perante as câmaras, mostrou ter sangue frio, cultura acima da média e raciocínio rápido. Contornou as rasteiras da apresentadora, pediu ajuda a um primo, que seguia o programa em casa, e contou no estúdio com o apoio da namorada, Amélia, e da prima Constança. Na plateia, havia quem rezasse por ele. "Tive uma excelente educação, cristã, logo a partir de casa, e crescer numa grande família ajudou muito na minha formação", confessa.
Zé Maria, como gosta de ser tratado, destacou-se como aluno interessado logo nos bancos da escola primária, onde seguia o lema "já que estou aqui, aproveito para aprender". Com interesses vários, que vão das letras, à história e geografia, com enfoque nas artes, concluiu o 12º ano nas Oficinas de São José, escola católica de Lisboa, e seguiu Arquitetura, "por ser um curso abrangente, visto que ainda não estava decidido quanto ao meu caminho dentro das artes". Admite que não se arrepende do tempo passado entre contas e megaprojetos. "Mais tarde vim a perceber que a minha vocação estava mais nas artes plásticas, e tirei um curso de ilustração."
ALMA FADISTA
A par dos estudos, José Maria dedica-se também de corpo e alma à música. Canta fado e no YouTube circulam vários vídeos das suas prestações como tenor no grupo Vocal Emotion. "A música sempre foi transversal à minha vida nas suas várias dimensões. E uma paixão. A dada altura, achei que valia a pena investir em formação musical, para encarar a música mais a sério", revela.
Curiosamente, foi essa cultura musical que o ajudou a acertar na última questão, quando por dedução bloqueou a resposta A, Divino Sospiro, para a pergunta ‘Como se chamava a orquestra barroca sediada em Lisboa e com direção artística de Massimo Mazzeo?’.
A vitória no concurso da RTP 1 celebrou-se com sorrisos, abraços e... um fado. E deu a José Maria uma exposição mediática extra que, por enquanto, não parece incomodar o novo milionário. "Por acaso, era uma dimensão em que eu não tinha pensado quando fui ao programa. Não é que me fosse alheia, mas estava mais focado no concurso em si. No entanto, à parte os media, tenho passado bastante anónimo." E nem o facto de pertencer a uma família conhecida lhe causa constrangimentos. "Tenho imenso orgulho na família que tenho. E acredito que posso ser bem sucedido por mim próprio, sem isso ser posto em causa pelo facto de ser filho ou sobrinho de quem sou." No entanto, não esconde que "o meu pai e o meu tio ficaram muito contentes, naturalmente!".
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