Quatro décadas depois da sua criação, em Angola, e nove anos volvidos da extinção, renasce em Portugal a mais carismática das tropas especiais: os Comandos.
Foi em 1962, no âmbito da resposta do Exército Português à guerra surgida em Angola, que foi criado o Centro de Instrução Especial de Contra Guerrilha – CI 21. É neste centro, sediado em Zemba, que se inicia a especialidade que, no ano seguinte, toma a designação de Comandos, instalando-se, então, em Quibala.
Os objectivos que presidiam à sua criação compreendiam a utilização como tropas de infantaria de assalto, integradas em acções de guerra convencional, bem como a realização de operações irregulares, tais como incursões em território inimigo, infiltrações, guerra psicológica, sabotagens e contra-terrorismo.
Inspirados nos pára-comandos belgas e na Legião Estrangeira francesa, os Comandos portugueses contaram, no início, com a experiência de um ex-sargento da Legião, o italiano Dante Vachi, ex-combatente na Indochina Francesa e na Argélia.
Formados inicialmente com base numa selecção de voluntários, a instrução dos Comandos assentava em duas vertentes: a preparação técnica para o combate, e a preparação psicológica, sendo esta última responsável não só pela motivação do combatente como também pelo seu autocontrole e elevada capacidade de resistência à fadiga.
No fundo, pretendia-se criar um militar capaz de dar luta ao inimigo nos terrenos deste, usando métodos semelhantes mas superiorizando-se do ponto de vista técnico.
Apesar do seu lema afirmar que “A Sorte Protege os Audazes” ('Audaces Fortuna Juvat '), a chave do êxito de muitas operações realizadas pelos comandos na guerra em África assentou na elevada preparação, na mobilidade e no efeito surpresa, pois, como afirma um dos seus mais conhecidos comandantes, o coronel Jaime Neves, aquelas que “obrigavam a deslocações anormais e de grande aparato geralmente não tinham êxito, porque nos referenciavam”.
De 1962 a 1974 estiveram em operações mais de 9000 comandos tendo sofrido 357 mortos, 28 desaparecidos e 771 feridos; apesar de representarem cerca de 1% dos efectivos envolvidos na guerra, os seus mortos refletem uma percentagem dez vezes superior à das forças regulares. Eloquente é o número de condecorações individuais por feitos em combate: 12 da Ordem Militar da Torre e da Espada; 23 Medalhas de Valor Militar e 375 Medalhas da Cruz de Guerra.
Dos excessos cometidos pelos Comandos no teatro de operações ficou bem conhecido o massacre de Wiryamu, uma aldeia remota de Moçambique onde, em 16 de Dezembro de 1972, depois de a aviação ter efectuado bombardeamentos com “napalm”, entrou uma companhia de comandos, em vagas de helicópteros, com ordem de “limpar” o terreno. No rescaldo ficaram cerca de 400 mortos, de acordo com o relato do padre Adrian Hastings. Anos depois, Jaime Neves classificava o sucedido como “um problema delicado e muito susceptível”.
Com o fim da guerra, em 1974, os Comandos transferem-se para a Amadora, onde será criado, no ano seguinte, o Regimento de Comandos, que virá a ter participação decisiva no 25 de Novembro, às ordens do Presidente da República.
A sucessão de acidentes mortais registados durante a instrução, entre 1988 e 1991, veio ditar a extinção do Regimento e o fim dos cursos de comandos. Os militares com essa especialidade que não se integraram na Brigada Aerotransportada Independente, dispersaram-se pelas várias unidades do Exército, dando, também, instrução em países africanos de língua portuguesa que, reconhecendo o valor do antigo inimigo, exigem ser formados na especialidade comando.
A necessidade de combate à ameaça terrorista, que se fez sentir a nível mundial após o 11 de Setembro, ditou a reactivação de uma unidade de Comandos a nível de batalhão (cerca de 300 homens), integrado, desde 16 de Setembro de 2002, no Regimento de Infantaria No 1.
Com a mesma audácia com que os jovens bailundos desafiavam o leão, volta-se a ouvir o grito de guerra que os Comandos adoptaram: “Mama Sume” – Aqui estou!
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