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Os fiteiros

Hoje é dia de Óscar! A festa saloia mais cosmopolita do Mundo, tantas vezes filistina (o meu cineasta predilecto, Hitchcock, morreu a chuchar no dedo), mas sorvida pela TV por metade dos terráqueos – daí que um anúncio no intervalo custe 200 mil euros.

24 de fevereiro de 2008 às 00:00

E a farra no teatro Kodak anda cada vez mais ecuménica; para não falar nos negros (Morgan Freeman, Halle Berry, Denzel Washington, Jamie Fox), ingleses, espanhóis e franceses que açambarcam os prémios. O troféu nasceu em 19 de Março de 1927, com a criação da Academia de Artes Cinematográficas. Um dos pais da criança é o produtor S. Goldwyn, um dos asnos mais impagáveis de sempre.

Críticas negativas? “Não ligo nenhuma aos críticos: nem os ignoro, sequer.” Inspiração? “Hoje cedo tive uma ideia genial, mas não gostei dela.” O nome do galardão surgiu quando uma secretária da Academia silvou: “É a cara chapada do meu tio Oscar!” Ainda bem que o tio dela não tinha cara de cu. Até 1940, os jornais recebiam a lista dos vencedores, jurando divulgá-la só no final da noite.

Mas o ‘Los Angeles Times’ deu com a língua nos dentes – desde daí, só os envelopes lacrados sabem o segredo. O troféu mede 34 centímetros e pesa 3,8 quilos. Compõe-se de 92,5 % de estanho e 7,5 % de cobre, folheado a ouro 14 quilates. Na II Guerra passou a ser de gesso, para poupar metal. Cada estatueta custa míseros 150 dólares – mas o valor simbólico (e profissional) é incalculável.

Os premiados comprometem-se a nunca vendê-la, a não ser para a própria Academia – e por 10 dólares! Porém, num leilão em 1993, o Oscar que Vivien Leigh embolsou por ‘E Tudo O Vento Levou’ foi licitado por meio milhão de euros. O discurso de agradecimento mais longo foi o da diva Greer Garson: mais de uma hora (a plateia ressonava em uníssono)! Já a reacção mais lenta partiu de Geraldine Page, em 1986: levou vários minutos a levantar-se rumo ao palco.

Emoção? Nada: a actriz não conseguia encontrar os sapatos embaixo da cadeira. Na Meca do cinema é tudo faz de conta. O emblemático letreiro HOLLYWOOD, empoleirado numa colina de L.A., era originalmente a publicidade de um condomínio – e mais comprido: HOLLYWOODLAND.

Um dia, uma enxurrada de lama arrastou a fracção LAND, e voilà! Uma metáfora de que a gananciosa Hollywood não passa de um mar de lama disfarçado? Ao contrário: significa que, como todos os ídolos, tem os pés de barro. E não o corpo todo, como nós, os idólatras.

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