‘Sou Imortal e Estou Vivo’ é uma mostra monográfica sobre Gil J. Wolman. Em Serralves, no Porto, estão patentes 250 obras e documentos.
Houve um tempo em que se acreditava na evolução da humanidade e no progresso, um tempo em que as artes (e a política) reivindicavam a vanguarda nesse avanço para um mundo perfeito. A última vanguarda artística, a Internacional Situacionista, pugnava mesmo pela interpenetração entre arte e política e elegia a revolução como única obra de arte passível de ser realizada – e esteve prestes a consegui-lo com o Maio de 68, nessa perspectiva uma obra de arte inacabada. Mas também paradigma de uma nova óptica sobre o papel social da arte e a possibilidade de criação de espaços opcionais de vivências e de afectos.
As vanguardas davam assim lugar ao underground e à contracultura, em que já não se pretendia influenciar o sentido da sociedade, as suas escolhas e a sua visão, mas apenas inventar no quotidiano formas alternativas de organização social e de criação artística. O francês Gil J. Wolman esteve no âmago de toda esta transmutação ocorrida no século XX desde que em 1946 se juntou a Isidore Isou e Gabriel Pomerand, arautos de um modesto movimento literário autodesignado Letrismo, que defendia uma poesia fundada na letra separada da palavra, no signo esvaziado do peso semântico.
Com a entrada de Wolman, mas também de Jean-Louis Brau e Marc’O, o Letrismo passa a reivindicar-se como vanguarda, proclamando que "12 milhões de jovens vão descer à rua para fazer a revolução letrista", e a intervir noutras disciplinas, como o cinema, onde aplicavam os mesmos princípios introduzidos na poesia. E o primeiro filme letrista ‘Tratado de Baba e de Eternidade’, de Isou, que rompe o sincronismo entre som e imagem, provoca grande agitação no público do 4º Festival de Cannes e a curiosidade de um jovem cinéfilo, Guy Debord.
Outros filmes letristas se seguem, como ‘L’Anticoncept’, de Gil J. Wolman, e ‘Uivos em Favor de Sade’, de Guy Debord, cujas projecções públicas provocam motins na assistência, mas também cisões no seio do movimento. E Debord criará em 1952, com Gil J. Wolman, Jean-Louis Brau e Serge Berna, a Internacional Letrista, que tinha como programa superar a arte para a realizar na vida quotidiana.
PERCURSO
Incrementam assim as técnicas da deriva como experiência diária e do desvio como prática artística, que defendem teoricamente nas páginas do ‘Potlatch’, boletim oficial do movimento, ou da revista surrealista belga ‘Les Lèvres Nues’. Mas quando em 1957 a Internacional Letrista dá origem à Internacional Situacionista, Gil J. Wolman já não está no seu seio – desenvolverá solitário a arte scotch e o separatismo, formas derivadas da técnica do desvio. E é todo este seu percurso artístico, representado por cerca de 250 obras e documentos, que pode ser visto até 27 de Março na Fundação de Serralves, no Porto.
RESUMO
Exposição monográfica sobre Gil Joseph Wolman – pintor, poeta e realizador francês nascido em Paris em 1929 (morreu em 1995).
Título: ‘Sou Imortal e Estou Vivo’
Autor: Gil J. Wolman
Local: Fundação Serralves
info. www.serralves.pt
LIVRO: ‘O COELHO DE PORTO SANTO E OUTRAS ZOO-HISTÓRIAS DE PORTUGAL’
A história do coelho nascido a bordo da nau de Bartolomeu de Perestrelo que, chegado a Porto Santo, se reproduz e se transforma numa praga é a primeira de sete narrativas sobre problemáticas ecológicas que cruza biologia com a geografia e a história.
Autor: Ana Isabel Queiroz
Ilustração: Maico
Editora: Gradiva Júnior
DVD: KÔJI WAKAMATSU PACK 5 DVD
Cinema underground japonês pela mão de um mestre celebrado. Entre erotismo e revolução, ‘O Embrião Caça em Segredo’, ‘O Êxtase dos Anjos’, ‘Sex Jack – Sistema Violado’, ‘Os Segredos Atrás das Paredes’ e "Vai, Vai Virgem pela Segunda Vez’ traçam um retrato do Japão dos anos 60 e 70.
Realizador: Kôji Wakamatsu
Editora: Clap Filmes (Colecção Packs)
DISCO: ANNA CALVI
O álbum de estreia da italo-londrina, algures entre PJ Harvey e Jeff Buckley com pozinhos de Siouxsie, é desde já candidato a melhor disco de 2011 e coloca a autora no panteão dos artistas com obra-prima ao primeiro opus. Incensada por Brian Eno ou Nick Cave, dona de uma voz intensa, mestre nas orquestrações, Calvi é um assombro.
Autor: Anna Calvi
Editora: Domino Records
FUGIR DE...
PHIL COLLINS
Após oito anos de abençoado silêncio, um dos mais destacados pirosos regressa em dose dupla, com ‘Going Back’ e ‘Going Back Live at Roseland Ballroom, NYC’ – este um DVD, para assassinar com a sua voz insuportável alguns dos clássicos da Motown e da soul que supostamente lhe terão despertado a paixão musical, na já longínqua adolescência. A boa notícia é que esta regressão encerra de vez a sua carreira.
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