Antes de Hemingway ou Henry Miller fazerem a festa já Paris era o destino do amor e da boémia – que podem andar de mãos dadas sem que nenhum mal venha ao mundo. Na verdade, os romanos não estavam loucos quando diziam (a fazer fé nas cartas de Tito Lívio) que Roma, ao lado de Paris, era "de um tremendo tédio".
Serviu a cidade desde tempos imemoriais para todos os fins, da virtude filosófica de Voltaire ou Montaigne (que depois procurou exílio nos bosques) à celebração do deboche de cabarets e prostíbulos como os ainda resistentes Moulin Rouge ou Pigalle. Do culto religioso fervoroso ao ateísmo, da monarquia absolutista à anarquia ou ao terror revolucionário de Napoleão. Palco de momentos capitais da história europeia como o Iluminismo ou o Maio de 68. Um dado é certo: quem lá foi nunca voltou indiferente à sua magia, branca, negra ou cor de vinho tinto. Diz-se que esta magia (a branca) está na luz e que nenhuma outra garante finais de dia tão românticos entre as capitais do Velho Continente.
De facto, o viajante é levado a concordar – quase sem pestanejar – com semelhante máxima, quando se senta no alto das escadarias do Sacré Coeur e contempla a cidade ao entardecer de um dia de Outono. Nem precisa ascender aos píncaros atravancados de turistas da Torre Eiffel para se enamorar de vez com a cidade. Talvez só a bordo de um avião quando se sobrevoa Lisboa nocturna a alma fique assim comovida com os banhos de luz e as perspectivas monumentais. Seja quem nos lê um viajante novato ou experiente nas andanças por Paris é nossa obrigação convencê-lo a estrear-se ou a repetir a viagem. De preferência que fique saciado e passeado como um flannêur. Podemos garantir-lhe que poucas cidades são assim celebradas por um movimento incansável de renovação que tem a sua melhor expressão na comida e na hotelaria.
HAVERÁ, COMO PODE VER nas nossas propostas de dormida, hotéis mais vistosos (e a custarem uma nota preta), mas em nenhuma cidade consegue um hotel de primeira categoria a 100€ euros a noite como o Hotel de la Bretonnerie, acabado de passar por um formidável restauro. É um excelente ponto de partida para se entrosar com a cidade. Comecemos pelo rio Sena e as suas margens feitas para serem vividas e que no Verão se tornam a praia dos parisienses.
Vá quando for, não deixe de caminhar por aqui sem horas marcadas ou a toque de caixa, abstendo-se de eventuais ataques dos maçadores floristas paquistaneses e apenas deixando-se encantar com a luz (sempre ela) que doura os muros e o dorso dos pequenos barcos que andam para cá e para lá a saciar turistas. Embarcar na Pont Neuf é, refira-se, uma maneira deliciosa e eficaz de por pouco dinheiro tomar o pulso à cidade e aos seus principais edifícios, como o Palácio da Justiça, a Conciergerie, a Catedral de Notre Dame (no dito caminho das Ilhas; ver caixas), ou, na margem direita, o Museu do Louvre (entradas na place Napoléon, 99, ou na rue de Rivoli, 99) o Centro Pompidou (place Georges Pompidou), o Marais e as maravilhosas arcadas da Place dês Vosges.
A Este deve focar as íris na Opéra Bastille e na cúpula branca do Sacré Coeur (rue du Chevalier de la Barre, 35) onde, num final de tarde, é de lei (sentimental) subir a maravilhosa escadaria. Na margem esquerda do rio, os pontos a reter são a Sorbonne e a Grandes Ecoles, o pólo universitário da cidade, o Jardin du Luxembourg, a Mosquée de Paris (onde poderá tomar uns magníficos banhos turcos; na place de Puits de l'Ermite) ou o Museu National d'Orsay (quai Anatole France) e a sua colecção de primeira linha de pintura impressionista. Impressionado?
COZINHA INTERNACIONAL - Na capital francesa a concorrência gastronómica é feroz. a questão gourmet é levada a sério e as possibilidades são infinitas. Regemo-nos por um critério de ‘o que está a dar’. Nota importante: deve sempre reservar mesa.
ONDE COMER?
Le Salon d´Helene - Fica na Rue d'Assas, 4, tel. 422.200.11, e a batuta da cozinha pertence a Hélène Darroze. Cozinha francesa chique. Chez Michel. Não é o Michel quem manda na cozinha deste bistrot mas sim Thierry Breton. Divinal "tout simple", disseram os críticos. Fica na rue de Belzunce, 10. Tel. 445.306.20 Au Bon Accueil. Rue Monttessuy, 14, é o endereço e guarde-o bem guardadinho porque é acolhimento bom (óptimo) mas pequeno demais para a fama que lhe virá num ápice se não o disfarçarmos no meio das propostas. Descobrimo-lo num daqueles acasos felizes de quando se anda a pé. Tel. 470.546.11 L'Epi Dupin. Rue Dupin, 11. A lista vai longa mas nunca ficaria completa sem este ninho de fartura na modalidade bistrot. Caem lá todos os parisienses que nem tordos.
ONDE DORMIR?
Hotel de la Bretonnerie - R. Ste Croix de la Bretonnerie, 22. A dois passos da Catedral de Notre-Dame e do Centro Georges Pompidou. www.bretonnerie.com. Tel. 00.33.1.4887.7763
Hotel Axial Beaubourg - R. du Temple, 11. www.axialbeaubourg.com. Tel. 00.33.1.4272.7222. Duplo a partir de 155 euros
Murano Urban Resort Boulevard du Temple, 13 - Dispõe de 43 quartos e nove suites. Desde o Verão que os clientes podem também benificiar de um Spa. www.muranoresort.com. Tel. 00.33.1.4271.2000. Duplo a partir de 450 euros.
QUE FAZER?
Igrejas - Há igrejas para todos os dias do ano mas não deverá perder as de St. Chapelle, nos terrenos do Palácio da Justiça, e sobretudo a Catedral de Notre Dame e o Sacré Coeu.
Ilhas - Trata-se de uma forma menos comum de conhecer a cidade a partir de uma viagem de barco (entrada no cais de Pont Neuf).
Boémia - Paris fundou o termo e a reputação ainda é o que era, apesar de não haver Hemingways e Millers ou Anäis Nin à solta. Não hesite em parar no Club 287 (avenue de la Porte de d'Aubervilliers, 33) ou no Amnesia (rue de l'Arrivée, 24).
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