A edição de hoje
Depois de quase duas décadas em África, onde pôs de lado a carreira artística para se dedicar aos negócios na Rodésia e África do Sul, Victor Gomes regressou a Portugal. Em 1992, o ‘rei do twist’, líder da provocadora banda Gatos Negros, prometia um regresso fulgurante aos palcos nacionais.
Um puto de 17 anos, acabado de chegar de Moçambique, abalou um Portugal cinzento. Em 1963, Victor Gomes e a banda Gatos Negros ganharam o concurso ‘Rei do Twist’ e tornaram-se estrelas.
Vestido de cabedal e a cantar em inglês, Victor contou com a ajuda do empresário teatral Vasco Morgado para se tornar o ídolo de uma geração que queria muito mais do que fado.
Em 1964, um concerto no Monumental estava tão lotado que teve de se fazer na rua. "Era uma loucura, toda a gente nos queria ver", lembra o actor do filme ‘Canção da Saudade", baseado na sua vida.
DESTINO ÁFRICA
Tudo mudou em 1967: "Fui tocar para as nossas tropas de Angola e Moçambique. Acabei por ficar 18 anos em África".
Deixou a música para se dedicar aos negócios, mas a chegada de Mugabe ao poder na antiga Rodésia fê-lo partir. "Cheguei a Portugal em 1985, mas depressa parti para a Europa". O regresso definitivo só aconteceu em 1992.
"Fiz espectáculos por todo o país e depois fui artista residente no T-Club, em Lisboa". Voltou a guardar a guitarra para se dedicar à escultura de pedra no Algarve. Mas problemas de saúde fizeram-no voltar a Lisboa e à música: "Até ao fecho do Maxime [em Janeiro deste ano], fui o artista que mais vezes lá tocou".
Aos 69 anos, tem uma autobiografia e um DVD prontos a sair. E acalenta o desejo de comemorar os 70 anos "com uma grande festa de rock em que estivessem os meus amigos", conta este pai de seis filhos.
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