Sandro Eusébio treina vários praticantes de Powerlifting, em Vila do Conde, para participarem no Campeonato do Mundo
Passam horas a treinar para serem os melhores. Dedicam-se de corpo e alma ao desporto e à competição. O grupo de praticantes de Powerlifting, modalidade de peso que cruza os exercícios de halterofilismo e culturismo é composta por três provas (agachamento, supino e levantamento terra), reúne-se diariamente na Academia Corpos, em Vila do Conde. O objectivo é serem os melhores do Mundo e levar o nome de Portugal o mais além possível.
A academia, localizada num armazém cor-de-laranja, é uma autêntica fábrica de campeões. O amor à camisola leva muitos a viajar de vários pontos do País só para serem treinados por Sandro Eusébio, presidente da WPC (World Powerlifting Congress); impulsionador da modalidade e também o melhor atleta de força em Portugal: levantou 420 Kg em agachamento, no Campeonato do Mundo da Finlândia, em 2010.
O primeiro objectivo deste grupo é treinar intensamente e quase sem descanso para o Campeonato do Mundo, que se realiza de 14 a 19 de Novembro, em Riga, na Letónia. Pedro Claro, 46 anos, da Figueira da Foz, campeão europeu de Supino na categoria de Raw (sem equipamento) e equipado, e Luís Baptista, 35 anos, campeão europeu na categoria até 140 quilos de Powerlifting, treinam diariamente para atingir o tão aguardado sonho.
"Estou confiante e bem preparado. Tenho grandes esperanças que vou conseguir bater o recorde do Mundo", diz Pedro Claro, que dedica as 24 horas do seu dia ao desporto. "Comecei no Boxe ainda muito novo. Depois passei para o Halterofilismo e o Powerlifting surgiu repentinamente. Hoje já não passo sem isto. Se não tiver hipótese de treinar sinto-me muito triste. Às vezes nem as dores me conseguem fazer parar", refere, entusiasmado.
Quem também sonha com a competição mundial é Paulo Vilas Boas, 25 anos, carinhosamente tratado por ‘Xouras’ e que recentemente foi campeão nacional, na categoria 75 Kg no campeonato WPC da Exponor. Fez um levantamento terra de 280 Kg. "Treino desde os 16 anos. Oito meses depois fiz a minha primeira prova. Desde aí comecei a competir. Hoje o Powerlifting é o meu mundo. Há cinco anos consecutivos que sou campeão nacional na categoria 75 Kg", explicou o jovem, que trabalha em artes gráficas, mas que treina entre duas a três horas por dia. "Passo mais tempo aqui do que em casa. Isto é um vício. Mesmo que não treine, como é agora o caso, porque estou lesionado, venho para aqui ajudar", afiançou.
Também Sérgio Silva, 34 anos, professor de Educação Física na Secundária Rodrigues Freitas, em Vila do Conde, não passa sem ir à Academia Corpos. "Fui campeão nacional em 2010. Isto é mais do que uma paixão. É aqui que consigo relaxar e esqueço o stress do dia-a-dia", explica. Para os alunos, Sérgio é um herói. "Perguntam como podem ser como eu e onde podem competir", conta.
TUDO EM FAMÍLIA
É em família que Sandro Eusébio passa grande parte do seu tempo. O mentor da modalidade em Portugal tem três Academias Corpos: a de Vila do Conde, a de Alvarelhos, Trofa – a primeira a abrir, em 2002 –, e a mais recente, em Ribeirão, Famalicão. "Os meus quatro filhos passam grande parte do tempo aqui na academia. É aqui que treino os atletas e também a minha mulher", referiu.
Para Carla Carneiro, 34 anos, mulher de Sandro Eusébio e campeã de Powerlifting em 2009, treinar todos os dias é fundamental. "Comecei quase ao mesmo tempo que o Sandro. É aqui que passamos grande parte do nosso tempo. Também os nossos quatro filhos [de 3, 7, 9 e 15 anos] têm aqui um espaço. Eles não têm noção de que os pais participam em competições. Pensam que é uma brincadeira", contou a atleta, que tem alguma mágoa, porque, em Portugal, as mulheres que participam nas provas de competição são muito poucas.
"Nos homens há sempre aquela rivalidade: ‘se tu consegues eu também tenho de conseguir’. Nas mulheres é diferente. Como não há muitas praticantes, eu não tenho aquela vontade de querer fazer melhor do que outras. Mas gostava que as mulheres olhassem para isto com prazer e que treinassem como eu", diz.
MÁQUINA DE 6000 EUROS
Sem apoios de nenhuma entidade, Sandro Eusébio, explicou que todo o dinheiro que gasta com as máquinas sai do seu bolso. "Tudo o que tenho aqui na academia é meu. Fui eu que comprei. Todo o dinheiro extra que tenho serve para comprar material", adiantou o campeão, que tenta economizar dinheiro de todas as formas. "A máquina para praticar agachamentos cá em Portugal custa mais de 6 mil euros. Eu compro as peças que vêm da Finlândia e monto a minha própria máquina. Estou quase a conseguir registar a patente para depois comercializar", diz Sandro, que também foi árbitro, em Junho deste ano, no Campeonato da Europa.
Apesar de já ter feito várias investidas para conseguir apoios, a verdade é que todas as portas se fecham e ninguém quer apoiar o Powerlifting. "Uma vez pedi ajuda à Câmara Municipal de Trofa para levar a equipa a Barcelona. Disseram que emprestavam o autocarro, mas que os motoristas, a estadia, o gasóleo e as portagens ficavam todas por nossa conta. No entanto se fosse para o futebol já havia mais do que um autocarro", acusa, lembrando que, nessa altura , regressou a Portugal com "cinco campeões ibéricos".
No próximo dia 4 de Dezembro irá realizar-se em Vila do Conde, um Campeonato Nacional por equipas de Powerlifting: "Consegui uma parceria com o Círculo Católico de Operários e as provas irão decorrer lá", assegura.
FOI À FINLÂNDIA
Farto de respostas negativas, Sandro resolveu, no ano passado, viajar até à Finlândia, onde decorria o Campeonato do Mundo. Pegou na carrinha e na família e fez-se ao caminho. "Nunca nenhum português tinha participado nesta prova. Quando cheguei inscrevi-me, fiz um agachamento de 420 Kg e bati o recorde mundial", recorda Sandro Eusébio, acrescentando que foi desclassificado na prova seguinte, "mas consegui o respeito de todos os que participavam". Durante a viagem emagreceu oito quilos. "Conduzi o tempo todo. Demorei três dias a chegar. Mas valeu a pena. A vontade era maior do que tudo. E tinha de ir", concluiu.
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