A beleza pode salvar-nos a vida; mas as exigências brutais dessa musa insaciável podem derrotar-nos no final
Lee Alexander McQueen era um rapaz do East End londrino, uma parte da cidade sem a elegância e a sofisticação de outros bairros. Mas um talento natural para a moda levou-o para Savile Row, primeiro, e para Itália, depois, como aprendiz do ofício. Quando regressou a Londres, com uma técnica apuradíssima, prosseguiu estudos na St. Martins. O resto, como se costuma dizer, foi história.
É essa história que Ian Bonhôte e Peter Ettedgui nos apresentam em ‘McQueen’, um dos grandes documentários do ano. Recorrendo a vídeos domésticos do próprio criador e a depoimentos dos seus colaboradores, Bonhôte e Ettedgui recriam uma época – a última década do século XX, a primeira do século XXI – para nos apresentarem um artista de génio, que fez da moda uma pessoalíssima questão pessoal, exorcizando os seus demónios em criações sombrias, oníricas, teatrais. "Um hooligan com uma agulha nas mãos", como o próprio se definia, embora talvez fosse mais exacto olhar para McQueen como um surrealista fora do tempo. As sequências em que McQueen, já director artístico da Givenchy em Paris, se entretém a usar generosamente a tesoura em criações solenes de ‘haute couture’ (para horror e assombro dos trabalhadores da casa) é um dos mais impressionantes momentos sobre a natureza selvática e prodigiosa de um artista dominado pela "loucura da arte".
Fatalmente, esta é também uma história de ascensão e queda, sobretudo quando as demenciais exigências da indústria arrastaram McQueen para a velha valsa da depressão e das drogas. A transformação física do criador, para não dizer metafísica (o seu olhar adquiriu uma dureza e ferocidade pungentes), é apenas um prenúncio para o fim trágico. O contexto em que esse fim se dá, e que obviamente não vou revelar, é o testemunho da grandeza e da fragilidade que definiam McQueen como artista.
‘McQueen’, em rigor, não é um documentário sobre moda. É uma reflexão sobre o grande paradoxo da arte. A beleza pode salvar-nos a vida; mas as exigências brutais dessa musa insaciável podem derrotar-nos no final.
LIVRO
Disposição para ser conservador
Verdade: "ser um conservador" não é coisa que se aprenda.
Mas para quem já tem uma disposição para essas águas, Sir Roger Scruton ensina a nadar melhor.
Como?
Recolhendo o que existe de estimável nas ideologias rivais, dispensando o que não interessa.
LIVRO
Uma presença constante na história da humanidade
Sempre gostei das mentalidades fanáticas para quem ‘Deus’ não passa de um anacronismo que a ciência e a técnica acabarão por enterrar. Que Deus, ou pelo menos a ideia de Deus, seja uma das mais constantes presenças na história da humanidade, eis a proposta de Aslan neste ensaio histórico e autobiográfico singular.
LIVRO
Lembrar o básico para discutir as 'fake news'
Todos lamentam a era da pós-verdade. Mas poucos lembram que o assalto começou na contracultura dos ‘sixties’ e no relativismo moral que se tornou dogma nas humanidades. Kakutani, que nunca poupou ninguém enquanto crítica literária do ‘New York Times’, lembra o básico para discutir Trump e as ‘fake news’.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.