Preço de alimentos essenciais sobe três vezes mais depressa num mês do que salários num ano
Todas as semanas, desde que começou a guerra na Ucrânia, o preço do cabaz de compras tem aumentado.
Em Portugal, fazer compras de bens de primeira necessidade é cada vez mais caro desde que começou a invasão russa à Ucrânia, a 24 de fevereiro. Um mês depois do início do conflito, comprar um cabaz de referência com 63 produtos está 10 euros mais caro. Quem o diz é a Deco, num relatório publicado a 1 de abril.
A 30 de março, o preço do cabaz de produtos essenciais custava 5.45% mais do que no dia anterior ao início da guerra, 23 de fevereiro. Em pouco mais de um mês, o preço passou de 183,63 euros para 193,63 euros no final de março. O aumento do preço do cabaz é três vezes superior ao aumento do salário médio mensal dos portugueses, sendo que aumentou apenas 1.7% em janeiro deste ano, face ao mesmo mês em 2021. O produto alimentar que sofreu o maior aumento de preço foi o óleo alimentar 100% vegetal que, entre 23 e 30 de março passou a custar mais 59% que o habitual. No entanto, neste momento os preços não estão a aumentar pela escassez efetiva de produto e matéria prima, mas antes pela especulação de que a procura por bens essenciais será muito superior à oferta disponível daqui a alguns meses.Isto acontece principalmente porque Portugal depende muito das importações de mercados externos para conseguir satisfazer o consumo interno. Segundo a Deco, se no início da década de 90 a autossuficiência portuguesa em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, um dos mais baixos do mundo.A subida do custo de produção de determinados produtos alimentares, nomeadamente com o aumento do preço dos combustíveis e eletricidade, é responsável pelo sucessivo aumento da taxa de inflação. De acordo com as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta semana, a taxa de inflação homóloga - que traduz a subida média do nível de preços num determinado período - voltou a subir em março, atingindo 5,3%, depois de um aumento de 4,2% em fevereiro.
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