Salgado ligou a Amado para pagar caução
Livro do jornalista da ‘Sábado’ António José Vilela revela segredos dos processos mediáticos dos últimos 12 anos.
Quando foi detido pela primeira vez, em 2014, Ricardo Salgado ligou ao presidente executivo do BCP, Nuno Amado, a pedir ajuda para pagar a caução de três milhões de euros que lhe fora aplicada pelo juiz Carlos Alexandre no âmbito do processo Monte Branco.
Esta é uma das revelações do livro ‘Apanhados’, do jornalista da ‘Sábado’ António José Vilela, que explica a teia dos processos mediáticos dos últimos anos, desde a Operação Furacão - o primeiro grande caso de crime económico, desencadeado em 2005 - à Operação Marquês, que envolve José Sócrates e Ricardo Salgado.
O livro mostra, por outro lado, a evolução do Ministério Público e dos investigadores face à complexa criminalidade económica, relatando situações insólitas durante diligências, e ainda a forma como os vários processos e os seus protagonistas se encadeiam.
Segundo conta o jornalista em ‘Apanhados’, a primeira conversa entre Salgado e Amado, que ficou registada no processo, aconteceu a 29 de julho de 2014. O banqueiro queria saber se o BCP estaria "disponível para lhe emprestar a garantia bancária da caução".
Um dia depois, Nuno Amado negou a pretensão de Salgado, explicando-lhe que "isso poderia afetar a reputação e a imagem do banco", mas ajudou o ex-líder do Grupo Espírito Santo a pensar numa estratégia e sugeriu-lhe alguns contactos. Salgado acabou por transferir dinheiro do estrangeiro para o Millennium BCP e pagou a caução a 5 de agosto de 2014.
Comuns a todos os processos mediáticos de crime económico são o juiz Carlos Alexandre, o procurador Rosário Teixeira e o inspetor tributário Paulo Silva, que desde a Operação Furacão, em 2005, nunca mais pararam de descobrir milhões em offshores e ligações perigosas.
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