Cancelamento de várias corridas no estrangeiro, devido à pandemia de covid-19, abriu caminho na altura à presença nacional.
O eventual regresso do Mundial de Fórmula 1 a Portugal em 2027 compensaria um investimento inicial de 30 a 50 milhões de euros, admite o economista Paulo Reis Mourão, face à pretensão anunciada pelo Governo em agosto.
"As contas finais de qualquer prova de desporto motorizado são sempre políticas, no sentido de que o escrutínio público ou académico é muito raro. No geral, a generalidade dos promotores refere receitas, que compensam mais ou menos os custos faturados", disse o especialista na economia dos desportos motorizados, em entrevista à agência Lusa.
Na Festa do Pontal, em Quarteira, o primeiro-ministro Luís Montenegro disse ter "tudo pronto para formalizar" o regresso do Grande Prémio (GP) de Portugal ao Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, que já acolheu o evento em 2020 e 2021.
O cancelamento de várias corridas no estrangeiro, devido à pandemia de covid-19, abriu caminho na altura à presença nacional na mais importante classe do automobilismo 24 anos depois, na sequência de passagens por Boavista (1958 e 1960), Monsanto (1959) e Estoril (entre 1984 e 1996).
"Se me pergunta como cidadão, eu digo que compensa, ainda que, honestamente, não valha a pena prometer aumentos de rendimento aos habitantes de Portimão ou que a prova se traduzirá numa chuva de dinheiro sobre o país. Diria que, no final, todos ganharão algo e alguns ganharão muito. Este ganho vai desde unidades de euros até à satisfação individual, ao orgulho coletivo e ao sentimento de prestígio internacional", observou Paulo Reis Mourão, autor de um livro sobre a faceta económica da Fórmula 1.
Visando a promoção do Algarve, onde o GP de Portugal está fixado no calendário do MotoGP, prova rainha do motociclismo de velocidade, desde 2020, e tem presença garantida até 2026, Luís Montenegro considerou que a F1 implica "algum esforço financeiro por parte do Governo, mas tem um retorno direto e indireto que vale a pena".
"O impacto deve ser sempre calculado numa perspetiva nacional, nunca numa local ou regional. O erro infantil de quase todos os relatórios bondosos que são feitos é julgar o impacto numa leitura paroquial, quando uma prova deste calibre tem repercussões nacionais e até ibéricas", alertou o economista, apontando para um retorno em redor dos 30 milhões de euros aquando da realização do GP de Portugal de Fórmula 1 em contexto pandémico.
Na semana passada, antes do GP de Itália, em Monza, o presidente da F1, o transalpino Stefano Domenicali, confirmou o interesse de Portugal, Turquia e Alemanha em acolherem uma prova do Mundial, mas revelou que "será difícil" por haver "pouquíssimas vagas disponíveis", sendo que "aqueles que se sentam à mesa precisam de ter poder financeiro".
"Os custos de uma prova profissional de alcance internacional são uma das questões mais melindrosas no desporto motorizado, assim como as receitas associadas e a respetiva distribuição. Se falarmos só das taxas, no meu livro de 2017, eu atingia um valor médio mundial em redor dos 40 milhões de euros, aos quais se acresciam custos de atualização das infraestruturas, centrados em 20 milhões de euros, e de contratação temporária, bem como outros mais intangíveis, que poderiam atingir várias dezenas de milhões de euros", explicou Paulo Reis Mourão.
O Governo não especificou quanto prevê gastar pela possível presença da Fórmula 1 em Portugal, com o professor da Universidade do Minho a reconhecer que "o apoio estatal, para lá da verba materializada, funciona sempre como um certificado de reconhecimento público", protegendo os promotores privados de "acusações de elitismo ou snobismo" oriundas de quem não é adepto da modalidade ou de determinados grupos de interesse.
"Se perguntarem a um contribuinte sem interesse na F1 se parte dos seus impostos deve ir para receber uma prova destas, a resposta mais provável não será a mais afirmativa. Ainda assim, o Estado, mesmo que não apoie com um cêntimo que seja, fica a ganhar em ter este desporto, desde acréscimos de receita fiscal até ao marketing promocional, que agilizará a atração de investimento direto estrangeiro e catapultará fluxos turísticos futuros", finalizou.
Em 18 edições, o GP de Portugal foi vencido por antigos campeões mundiais como Jack Brabham, Alain Prost, Nigel Mansell, Michael Schumacher, Damon Hill, Jacques Villeneuve ou Ayrton Senna, cujo primeiro triunfo de sempre aconteceu debaixo de chuva e ao volante de um Lotus-Renault, no Autódromo Fernanda Pires da Silva, no Estoril, em 1985.
Recordista de títulos de Fórmula 1, com os mesmos sete de Schumacher, o inglês Lewis Hamilton, então da Mercedes e agora na Ferrari, impôs-se em 2020 e 2021 em Portimão, superando há cinco anos os 91 triunfos do alemão para ser o piloto com mais vitórias em absoluto.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.