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'EXPORTAMOS CEM MILHÕES EM PRODUTOS PORTUGUESES'

António Baptista, administrador-delegado do Carrefour Portugal, diz que a empresa tem em Portugal objectivos que vão além da função meramente comercial e afirma que ajuda os produtores portugueses.

05 de outubro de 2003 às 00:00

Correio da Manhã – Como está o mercado português? Já está saturado de super e hipermercados?

António Baptista – Não está saturado. Há vários formatos: hipermercados, supermercados, lojas ‘discount’ e lojas de proximidade. Há de facto uma concentração razoável de hipermercados, nomeadamente de grande dimensão, com dez mil metros quadrados ou mais. Temos ainda, apesar disso, situações de cidades que vivem praticamente em monopólio no que respeita a hipermercados. O ideal seria haver dois ou três em cada uma dessas cidades, complementada por uma rede de supermercados e lojas de ‘discount’ e de proximidade.

O trabalho a fazer é criar uma estrutura de comércio equilibrado, com uma concorrência saudável, para que o consumidor tenha os melhores preços possíveis. Seria também uma forma de combater a inflação e de democratizar o acesso a produtos pela concorrência.

– Quais os factores diferenciadores do Carrefour em relação à concorrência?

– O primeiro é o preço. Somos os hipermercados mais baratos do País. Um cliente que vai às nossas lojas tem uma vantagem de entre dois e oito por cento. Um consumidor que gaste, num ano, 1500 a dois mil euros , terá uma economia que vai de 50 a 160 euros. O segundo ponto é o nosso sortido, temos uma oferta caracterizada pelo equilíbrio e qualidade. O terceiro aspecto é a inovação, o que se traduziu no surgimento do nosso cartão “Carrefour Família” que dá importantes descontos aos clientes.

– Além da componente comercial, Portugal ganha alguma coisa com a presença da empresa no País?

– Esse é um ponto que também faz a diferenciação e que é o conceito de empresa-cidadã. Estamos a promover, por exemplo, o programa Fileira da Qualidade, que tem permitido a exportação de produtos portugueses, como a pêra rocha, o queijo amanteigado da Serra e o vinho do Porto, entre outros, para a nossa rede que tem milhares de pontos de venda na Europa. Exportamos cem milhões de euros de produtos portugueses. Outro exemplo é a ajuda que vamos dar às vítimas dos incêndios. Todas as famílias que perderam as suas habitações vão receber, através da Fundação Internacional Carrefour, um frigorífico, um fogão, uma máquina de lavar roupa, um televisor e um esquentador. Vamos gastar 150 mil euros com a iniciativa.

– Pensam investir em novas unidades em Portugal?

– A nossa disponibilidade para investir dentro do País é total. Estamos a aguardar como toda a gente, a saída da lei (do licenciamento e regulação do sector comercial), que está em fase final e não conhecemos ainda os seus contornos.

António José Gonçalves Baptista tem 49 anos e é licenciado em Economia. Entre 1976 e 1984 foi professor de política económica e política industrial no Instituto Superior de Economia de Lisboa. Em 1984 ingressou no grupo Carrefour tendo desempenhado diversas funções.

Nos períodos compreendidos entre 1984 e 1992 e entre 1995 e 1998 esteve no Brasil. De 1995 a 1998 trabalhou em Portugal, tendo depois seguido para França (1998/2001). Actualmente é administrador-delegado do Carrefour Portugal.

DESPORTO

“Quando posso faço desporto: gosto de jogar basquetebol e ‘bowling’”. Esta é apenas uma parte de resposta imediata de António Baptista quando questionado sobre os passatempos favoritos, pois a primeira escolha é o estar com os seus dois filhos. Além disso gosta de viajar - “viajo muito em trabalho”, salienta. Para as férias prefere a época baixa no nosso país. No estrangeiro, as cidades que o marcaram foram Paris e Nova Iorque.

INTERNET

A rede global é uma das ocupações que mais tempo ‘rouba’ ao administrador-delegado do Carrefour Portugal. “É um meio fabuloso acedermos à informação e, quando temos um conjunto de ‘sites’ seleccionados, podemos ter uma visão razoável do que se passa no mundo”, salienta. A Internet é utilizada por António Baptista essencialmente como um meio de trabalho e de recolha de informação económica, política ou social.

LEITURA

António Baptista passa muito tempo com a leitura. Os livros técnicos são os que mais atenção lhe merecem, sobretudo os que dizem respeito “à evolução das organizações, do posicionamento das empresas, da sua estratégia”. No entanto diz também gostar de romances (autores portugueses e estrangeiros). Ao nível da música, ouve essencialmente clássica ou orquestrada enquanto trabalha no seu próprio computador.

BILHETE DE IDENTIDADE: CARREFOUR

O grupo Carrefour está em Portugal há 11 anos. Em 1992, dois anos depois de terem sido inauguradas as lojas Euromarché de Telheiras e Vila Nova de Gaia, o grupo francês adquiriu a insígnia mudando-a para a marca do grupo: Carrefour. Daí para cá os passos mais marcantes da empresa têm sido os da abertura de novas lojas.

Em 1997 inaugurou o hipermercado de Braga e em 1998 o de Oeiras. Nesse ano abriu uma estação de serviço em Vila Nova de Gaia. Em 1999 instalou-se na cidade de Aveiro e em 2000 estreou a estação de serviço de Braga. Em 2001 e depois de uma parceria de dez anos, o Carrefour adquiriu a participação que o Grupo Espírito Santo detinha no capital da empresa. Em 2002 e 2003 inaugurou mais dois hipermercados (Loures e Montijo).

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