Isabel Almeida deslocou-se ao escritório de Ricardo Salgado, pedindo-lhe que fosse explicar a recompra de obrigações do Grupo Espírito Santo.
Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires recusaram explicar a recompra de obrigações, com avultados prejuízos para o BES, à nova administração do BES, liderada por Vítor Bento.
Segundo Isabel Almeida, ex-diretora financeira do banco, em julho deslocou-se ao escritório de Ricardo Salgado, no Estoril, pedindo-lhe que fosse explicar a recompra de obrigações do Grupo Espírito Santo (GES) à nova equipa de gestão. O mesmo pedido foi dirigido a Amílcar Morais Pires, o ex-administrador executivo a quem reportava diretamente antes das alterações nos órgãos sociais do banco.
"Nunca fui a casa de Ricardo Salgado, nem antes nem depois da saída. Mas nunca fui chamada para nenhuma instrução. Em julho, a meu pedido, fui ao escritório dele pedir-lhe para explicar toda a temática das obrigações ao novo conselho de administração. Também pedi a Morais Pires, que também recusou", explicou a antiga responsável pelo departamento de mercados do BES aos deputados da comissão de inquérito ao BES.
Isabel Almeida explicou também detalhadamente os motivos que levaram à recompra das ditas obrigações pelo BES.
"No dia 2 de julho foi sugerido que se alterasse o preço das obrigações que estavam a ser dadas aos clientes para execução das ordens em mercado secundário", porque o intermediário financeiro "estava a exigir alterações de preço significativas, em linha com o mercado".
A proposta não foi bem acolhida pelos administradores comerciais, explicou aos deputados, porque havia o receio de que se houvesse uma alteração na política de preços e poderia haver uma corrida aos depósitos.
"Foi decidido que a carteira do banco deveria providenciar essa liquidez e eu alertei que isso poderia resultar em perdas a registar na carteira do bancos", sublinhou a responsável.
No dia 11 de julho, em vésperas de substituição da administração executiva do BES, os prejuízos na carteira do banco ascendiam já a "perto de cem milhões de euros", adiantou a responsável, explicando que quando alertou Morais Pires para o impacto da recompra este lhe respondeu que o assunto deveria ser tratado pela nova gestão executiva do banco, liderada por Vítor Bento.
"Na semana seguinte foi das primeiras coisas que tratei, mas aqueles tempos não eram particularmente fáceis", adiantou Isabel Almeida, explicando que foi difícil à nova administração "tomar o pulso à situação".
"Eu ia todos os dias à comissão executiva e voltei a insistir na questão das menos valias [resultantes da recompra das obrigações]".
Só no dia 21 de julho conseguiu explicar de forma clara à comissão executiva a dimensão do problema. "Nessa altura, os prejuízos já eram de 250 milhões de euros."
No dia seguinte, iniciaram-se os trabalhos por parte da KPMG. "Disponibilizei a minha equipa para dar apoio à KPMG, mas esta disponibilidade e colaboração não significa que eu concordasse com as provisões ou com o método que estava a ser seguido" para a contabilização das provisões resultantes da recompra das obrigações.
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