Casal e amigo búlgaros levavam 10 mil euros para comprar material a ladrões perigosos, que os terão executado a tiro.
Quando partiram em direcção ao Alentejo, na quarta--feira de madrugada, já sabiam que os esperava um negócio arriscado. Com um grupo "perigoso". Habituados a comprar sucata para revenda, o casal búlgaro Vascil e Sasca, 55 e 50 anos, e o amigo Yriacen, de 39, não conseguiram recusar uma boa oferta e fizeram-se à estrada, de Palmela até Aljustrel, na carrinha do patrão. Levavam dez mil euros para comprar cobre e alumínio roubados, mas já não deram mais sinal de vida. Os três caíram numa emboscada. Foram executados a tiros de caçadeira – e a Polícia Judiciária procura o grupo de ladrões de cobre. Já referenciados.
A carrinha Mitsubishi das vítimas accionou a Via Verde nas portagens da A2 pelas 05h30 de quarta-feira. Sabe-se que não foram assassinados logo nesse dia – uma vez que os agricultores que encontraram os cadáveres, às 09h00 de sábado, na herdade do Monte de Valverde, tinham atolado um tractor no local do crime na quinta-feira. E nada viram. O que aponta para o rapto das vítimas num local próximo entre quarta-feira e o fim-de-semana. Até à execução. De quarta a sábado, os telemóveis dos três imigrantes estiveram ligados mas ninguém atendia, o que levou amigos a alertar a GNR.
Vladimir Yurokov, amigo e vizinho das vítimas na Quinta do Conde, em Sesimbra, recorda: "Terça-feira à noite falaram-me que iam fazer um negócio perigoso porque eram pessoas que trabalhavam com cobre e alumínio roubados. Nós nunca mais soubemos nada deles."
Os amigos dos búlgaros e o patrão no negócio das sucatas já foram ouvidos pela PJ, que procura o grupo suspeito. Estão referenciados por roubos de cobre dos postos de transformação (PT) e dos pivôs de rega no Alentejo. A maioria dos ataques ocorre nos concelhos de Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Castro Verde. Um PT pode custar 15 mil euros, e o metro de fio de cobre 10 euros. Os ladrões de cobre vendem-no a metade do preço.
SASCA VEIO TER COM O MARIDO A PORTUGAL EM OUTUBRO PASSADO
Vascil e Yriacen, de 55 e 39 anos, respectivamente, estavam em Portugal há três anos, onde começaram a trabalhar na compra de ferro-velho para posteriormente ser vendido em sucatas. Sasca só chegou ao nosso país em Outubro para trabalhar com o marido. Os três viviam num anexo alugado na Quinta do Conde, em Sesimbra. Os vizinhos recordam-nos como pessoas educadas e trabalhadoras. "Não faziam mal a ninguém. Estavam sempre a trabalhar e a arranjar forma de encontrar material para vender", disse ao CM o vizinho António Pereira.
COMPRAVAM EM OFICINAS PARA VENDER EM SUCATAS
As três vítimas abatidas a tiro trabalhavam por conta própria. Compravam vários materiais a oficinas para as vender depois em sucatas. Uma delas é a Resisperfil, Lda, sediada em Palmela, com a qual trabalhavam. A empresa, presidida por Manuel Augusto Moleiro, valoriza todo o tipo de resíduos metálicos, mas, contactado ontem pelo CM, o proprietário não quis prestar declarações. "Eles não imaginavam que este negócio os levaria à morte. Viviam bem e pensavam que era rentável. Agora os filhos ficaram sozinhos", diz o amigo Metori.
"ESTRANGEIROS SUMIRAM DA SUCATA"
A sucata da Resisperfil é malvista pelos vizinhos devido a várias confusões geradas pelo transporte dos materiais. Uma das moradoras junto àquela empresa disse ao CM que durante meses trabalharam
naquele espaço vários estrangeiros, "mas que de repente sumiram". "Ultimamente não eram vistos porque quem aí trabalha tem armas", disse Olinda, revoltada. Ao que o CM apurou, na passada quinta-feira um dos trabalhadores envolveu-se em discussão com um dos vizinhos, que não queria deixar passar uma das máquinas retroescavadoras no seu terreno. "Tivemos que chamar a GNR. Comecei a ouvir gritos, mas quando vi a caçadeira nas mãos é que telefonei logo para a polícia", disse ontem ao CM a mulher de 65 anos.
TRANSPORTADOS PARA A MORTE NUM MONTE EM RUÍNAS
Quem armou a execução dos três búlgaros conhecia na perfeição a herdade do Monte de Valverde, Aljustrel. Primeiro levou as vítimas na carrinha para junto de um monte em ruínas – onde deixaram rasto de pneus. Mas como estavam próximos da estrada para Escanchadas (100 metros), conduziu-as para outro monte (na foto) a mais de 500 metros do alcatrão. Foi neste lugar ermo que ocorreu o triplo homicídio, entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sábado .
"Deviam estar sob ameaça de arma. Ninguém vem para aqui porque quer", frisou João Colaço, um dos três agricultores que se depararam com os corpos. O macabro achado deu-se na manhã de sábado, pelas 09h00, quando os agricultores, residentes em montes vizinhos, se preparavam para desatolar um tractor, imobilizado no terreno desde quinta-feira.
"Mataram as pessoas depois deste dia", diz João Colaço, acrescentando que a carrinha estava encostada à parede traseira do monte, e um dos corpos, do motorista e mais novo das vítimas, deitado de costas na estrada de terra, a 10 metros da viatura. Apresentava um tiro na zona lombar. O casal estava deitado de bruços junto à viatura. Foi executado à queima-roupa.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.