O Benfica vai rebaptizar o estádio da Luz (na realidade, a designação oficial é ‘Estádio do Sport Lisboa e Benfica), que passará a ter o nome de uma das multinacionais com as quais o clube está a negociar. Trata-se de uma iniciativa pioneira em Portugal mas comum no estrangeiro, com contrapartidas financeiras que se perspectivam muito interessantes.
Segundo o CM apurou, o Benfica pretende negociar a cedência dos ‘naming rights’ do estádio por um período entre os oito e os dez anos.
O encaixe previsto é ainda uma incógnita, podendo contudo estabecer-se uma comparação com os valores que se pagam lá fora. Por exemplo, o Arsenal vai receber cerca de 5 milhões de euros por ano pela cedência dos ‘naming rights’ do seu futuro estádio à companhia aérea ‘Fly Emirates’. Parece evidente que o Benfica não poderá aspirar a valores desta grandeza, tendo em conta as diferenças entre o mercado inglês e o português. Mas este número pode servir como referencial para se perceber que o negócio pode ser muito proveitoso para os ‘encarnados’ – fala-se em valores entre os dois e três milhões de euros.
Para além do estádio da Luz, o Benfica pretende também negociar os ‘naming rights’ do centro de estágio que está a ser construído no Seixal. Os ‘encarnados’ foram, de resto, pioneiros na cedência de ‘naming rights’ de recintos desportivos, quando negociaram o seu pavilhão com a empresa Açoreana Seguros.
Refira-se que a verba que vier a ser arrecadada pelo Benfica com o rebaptismo do estádio e do centro de estágio não está incluída no plano de negócios do clube apresentado recentemente, pelo que será sempre uma receita extra.
CONTESTAÇÃO LÁ FORA
A cedência do nome do estádio da Luz a uma empresa poderá não ser do agrado de alguns adeptos e sócios, como de resto sucedeu noutros países. Em Inglaterra, a cedência do nome do novo estádio do Bolton à empresa Reebok foi alvo de contestação, tal como no caso do Bayern Munique, cujo novo estádio se chama ‘Allianz Arena’, mas nada que impedisse a consumação dos negócios.
SÓCIOS DO CLUBE SEM VOTO NA MATÉRIA
A cedência do nome do estádio da Luz a uma empresa pode ser concrectizada sem que os sócios do Benfica sejam ouvidos. O novo estádio da Luz é propriedade da Benfica Estádio, S.A. (ao contrário do antigo recinto, cujo dono era o próprio Sport Lisboa e Benfica), uma entidade privada que tem por isso total liberdade para agir de acordo com os seus interesses económicos.
É certo que o capital da Benfica Estádio é detido pelo clube, mas uma decisão deste tipo não obriga a que os associados sejam escutados.
No entanto, dado o melindre do assunto e devido à carga simbólica inerente ao nome do estádio (por muito conhecida como ‘A Catedral’), não seria de estranhar que a Direcção presidida por Luís Filipe Vieira decidisse levar o assunto a uma Assembleia Geral (AG) de Sócios. Essa é de resto a posição defendida, em declarações ao CM, por Manuel Botto, antigo dirigente do clube: “Apesar de ser conceptualmente contra a cedência do nome do estádio a uma empresa, até admito que, se estivesse na Direcção do Benfica e a situação financeira fosse apertada, como é o caso actual, poderia adoptar uma medida como estas. Mas, se o fizesse, seguramente que levaria o assunto a uma Assembleia Geral de Sócios. Apesar de me parecer que não é obrigatório ir a AG, dada a delicadeza do tema justificar-se-ia que os sócios fossem ouvidos”.
"Tendo em conta o aperto financeiro do clube é uma medida inteligente, mas conceptualmente não concordo. Há valores que não podem ser ultrapassados, é perigoso, a seguir ao estádio pode vir o nome do clube. A Catedral ficaria manchada a troco de dinheiro. Mas é facil criticar estando de fora, se calhar estando dentro poderia ter de me curvar perante uma proposta vantajosa.
Manuel Botto - Ex-dirigente
“Nestas questões considero-me algo conservador, embora entenda que o futebol está a evoluir. Vender as bancadas ainda entendo que seja normal, mas creio que o estádio deve manter o seu nome. Compreendo que há carências financeiras, mas nem tudo serve para realizar dinheiro. Há valores que devem ser preservados e um deles passa pela manutenção do nome do estádio”. Gaspar Ramos - Ex-dirigente
“O futebol de hoje é muito diferente do que era antigamente e têm-se registado alterações a todos os níveis. Esta é apenas mais uma. Se isso vier a acontecer, não me espanta e acabo por concordar, pois é o fruto da evolução e os clubes têm de recorrer a situações destas para angariarem mais receitas. Deve haver pessoas que discordam, mas a mim fazia-me mais confusão se fosse no antigo estádio. Esse foi o ‘meu’ estádio”. Toni - antigo jogador e treinador
EUA PIONEIROS
Os Estados Unidos foram pioneiros neste tipo de negócio em que são atribuídos aos estádios nomes de empresas a troco de contrapartidas financeiras. Actualmente existem um sem-número de recintos nessas condições. O ‘Ford Field’, em Detroit, e o ‘McAfee Coliseum’, de Oakland, são dois exemplos.
EUROPA
A Europa só recentemente acordou para esta nova possibilidade, com os ingleses a destacarem-se neste particular. Dois exemplos são o Bolton, que cedeu o nome do estádio à Reebok, e o Wigan, que negociou com a JJB. Na Alemanha, o novo estádio do Bayern Munique chama-se ‘Allianz Arena’.
BRASIL
O Atlético Paranaense foi o primeiro (e até ao momento o único) clube brasileiro cujo estádio tem o nome da Kyocera, uma multinacional japonesa. Os números rondaram os 8,5 milhões de euros, por 3 anos. Bem abaixo dos conseguidos pelos Houston Texas nos EUA: 245 milhões de euros em 32 anos.
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