A Unidade de Resposta Táctica da PJ começou a ser preparada há cerca de dois anos. Em Janeiro, Santos Cabral assumiu que era um dos objectivos para 2006. Mas a entrada ao serviço da nova força está a abrir uma guerra entre polícias.
A Polícia Judiciária vai contar, dentro de pouco tempo, com uma equipa de operações especiais vocacionada para missões de combate ao crime organizado e ao terrorismo, à semelhança do que já faz o Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP e a Companhia de Operações Especiais (COE) da GNR. A criação da Unidade de Resposta Táctica (URT) é um dos objectivos de gestão da Direcção Nacional da PJ para este ano, mas a nova unidade, encarada por muitos como uma duplicação desnecessária de meios, ameaça abrir uma guerra entre polícias mesmo antes de nascer.
“Entendeu-se por correcto criar uma unidade que desse apoio a operações da Polícia Judiciária – nas áreas da sua competência – que se revestissem de maior risco para os investigadores”, explicou ao Correio da Manhã Manuel Rodrigues, porta-voz da Direcção Nacional da PJ. A decisão, explica o mesmo responsável, foi tomada “no seguimento de diversas operações, algumas recentes, que vieram reforçar a sua necessidade”.
Um despacho do director nacional da PJ, Santos Cabral, já homologado pelo ministro da Justiça, Alberto Costa, com os cinco objectivos principais para este ano, incluindo a criação da URT, veio tornar público um processo que decorre há pelo menos dois anos. Foi em Novembro de 2004 que, segundo consta no relatório de importações de armas do Ministério da Defesa relativo a esse ano, a PJ adquiriu os primeiros exemplares daquela que se supõe vir a ser a espingarda de assalto da URT.
As oito metralhadoras israelitas Tavor TAR 21, compradas por 8076 euros, foram apresentadas aos instrutores de tiro da Judiciária, na carreira de tiro da Carregueira, por um um técnico da IMI – Israel Army Industries, fabricante da Tavor. Desde então, e segundo fontes policiais contactadas pelo CM, alguns elementos da PJ terão viajado até aos Estados Unidos da América para receberem formação, ao mesmo tempo que se intensificou o esforço de equipamento.
A Judiciária não revela muitos pormenores sobre a URT – segundo Manuel Rodrigues “para evitar polémicas sem sentido”–, mas confirma que os homens das operações especiais já estão na PJ. “Recorremos à ‘prata da casa’. A unidade será composta por quadros da Polícia Judiciária. Alguns elementos estão já há algum tempo a receber formação específica em diversas áreas que consideramos fundamentais.”
A implementação da Unidade de Resposta Táctica está referenciada no mesmo objectivo em que se alude à necessidade de continuar a implementar a estrutura de resposta à ameaça terrorista, feita através de uma alegada reestruturação da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB).
Embora tudo aponte para que a URT venha a estar na dependência directa do director nacional, como uma espécie de unidade de reserva, à semelhança do que sucede na PSP, é provável que a maior parte do trabalho seja feito directamente com a DCCB, mais do que com qualquer outro departamento da PJ.
Isto porque é à DCCB que cabe investigar o terrorismo e a criminalidade mais grave e organizada – onde as operações de captura de suspeitos podem revestir-se de maior perigosidade. “O objectivo é evitar danos graves para o pessoal de investigação e, até mesmo, para os suspeitos que estejam a ser capturados”, disse Manuel Rodrigues.
Quando for apresentada, a URT tornar-se-á na sexta unidade de operações especiais portuguesa e passarão a ser três os ministérios – Defesa, numa vertente militar, Administração Interna e, agora, Justiça – a tutelar forças com este tipo de capacidade à disposição. Contactado pelo CM, o assessor do Ministério da Justiça, que tutela a PJ, afirmou desconhecer o assunto. Resposta igual teve o assessor do Ministério da Administração Interna, a que respondem a PSP e a GNR.
PORTUGAL TEM CINCO EQUIPAS
A Unidade de Resposta Táctica da PJ será a sexta equipa vocacionada para operações especiais a actuar em Portugal, juntando-se às duas das forças de segurança, o GOE da PSP e a COE da GNR, e às três dos ramos militares. Na Marinha, o Destacamento de Acções Especiais dos Fuzileiros tem participado em diversas acções da PJ, nomeadamente na abordagem a navios em operações de combate ao tráfico de droga. As capacidades de Portugal, contudo, não se esgotam no mar. Em Lamego, o Exército mantém activo o Batalhão de Elementos de Operações Especiais, ao mesmo tempo que na Força Aérea uma unidade treina todos os dias, na Base Aérea do Montijo, acções de resgate de pilotos em território inimigo. Chama--se Rescom, Resgate em Combate.
TREINAR COM ALTA EXIGÊNCIA
A diferença abissal entre o número de candidatos a qualquer unidade de operações especiais, seja civil ou militar, e o grupo de escolhidos no final do curso é suficiente para perceber a dureza do treino. Normalmente, as centenas transformam-se em dezenas em escassas semanas. “O treino é muito exigente porque as missões não admitem falhas”, explicou ao CM um elemento do GOE. Para pertencer a uma unidade de elite, o candidato tem de mostrar capacidade psicológica, de modo a lidar com situações de pressão máxima, destreza e resistência física e, acima de tudo, discrição. A formação inclui exercício físico, defesa pessoal, tiro com todo o tipo de armas e as mais diversas acções tácticas em todo o tipo de ambientes operacionais.
CRIAÇÃO DE NOVA UNIDADE MAL RECEBIDA PELAS POLÍCIAS
Começou por ser apenas um rumor, que circulava aos mais altos níveis na PSP e na GNR, mas de há um ano para cá a possibilidade de a PJ criar uma Unidade de Resposta Táctica tornou-se tão certa como mal recebida no seio das forças de segurança. Oficialmente, e apesar de contactadas pelo CM, nem a PSP nem a GNR querem comentar, mas entre os operacionais são cada vez mais frequentes expressões como “duplicação desnecessária de meios” e “absoluta falta de lógica”.
Neste momento, quer a GNR quer a PSP têm unidades vocacionadas para as situações policiais de maior violência: a Companhia de Operações Especiais (COE), do Batalhão Operacional do Regimento de Infantaria, e o Grupo de Operações Especiais (GOE), respectivamente,
Uma e outra apoiam, sempre que é necessário, acções pela PJ, como confirmaram ao CM fontes policiais. No ano passado, por exemplo, realizaram-se, pelo menos, dez acções conjuntas.
“O País é demasiado pequeno para que se dupliquem meios desta forma. Se já há duas unidades deste tipo, qual é a necessidade de se criar uma terceira?”, questiona um alto responsável policial, sob anonimato. “Pela frequência com que são utilizadas, há valências policiais que não devem ser duplicadas. Falta definição nesta matéria”, sublinha.
A PSP escusou-se a fazer qualquer comentário oficial e a GNR, através do seu porta-voz, tenente-coronel Costa Cabral, fez o mesmo. “Não comentamos. Apenas posso dizer que quanto melhor equipadas estiverem as forças de segurança mais eficaz será o combate à criminalidade”, disse o oficial.
COMO É LÁ FORA COM AS POLÍCIAS
ESPANHA
Espanha tem duas equipas policiais de operações especiais: os GEO (do Corpo Nacional de Polícia, equivalente à PSP); e os UEI (Guardia Civil, como a GNR).
FRANÇA
A Gendarmerie Nationale (equivalente à GNR) conta com duas unidades, a GIGN e a EPIGN. Já a Polícia Nacional francesa (congénere da PSP), tem apenas um grupo, o RAID.
ISRAEL
Israel conta apenas com uma unidade especial na polícia civil – a YAMAM –, já que grande parte da segurança interna está entregue à IDF, o Exército israelita.
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