O serial killer de Santa Comba Dão aceitou um favor sexual de Isabel Isidoro como pagamento de uma dívida de 25 euros. Mas a jovem, no fim, ameaçou apresentar queixa por violação – e o cabo António Costa matou-a.
Os factos estão descritos na Acusação do Ministério Público, que já foi enviada para o Tribunal da Figueira da Foz. A advogada de defesa prescindiu da instrução – e o julgamento deve começar até meados de Abril. O cabo Costa é acusado da morte de Isabel e de mais duas jovens.
Isabel Isidoro, de 18 anos, apanhou boleia do serial killer para casa, em Maio de 2005. No caminho, questionada sobre quando é que pagava o dinheiro que lhe havia emprestado na véspera, terá respondido que não o podia reembolsar, mas que estaria disposta a manter relações sexuais com ele.
O cabo Costa, de 54 anos, conduziu então o seu carro – um Fiat Punto – para um pinhal, onde mativeram “relações sexuais completas”, na bagageira da viatura, depois de o autor confesso dos crimes ter rebatido o banco da rectaguarda para a frente de forma a ganhar espaço.
No fim, Isabel Isidoro – sustenta a Acusação – terá ameaçado o cabo Costa com uma queixa na GNR por violação. Nessa altura, o assassino agrediu e asfixiou a jovem, envolvendo-lhe o pescoço com um braço – fazendo uma ‘gravata’ –, meteu-a dentro de sacos e atirou-a pouco depois ao mar da Figueira da Foz, ainda com vida.
No caso das mortes de Mariana Lourenço, de 19 anos, e de Joana Oliveira, de 18, as motivações do cabo Costa foram igualmente de índole sexual. Decidiu matar – também por asfixia – quando as vítimas o ameaçaram com queixas na GNR e o método que usou para se desfazer dos corpos foi semelhante.
Nos três casos, aproveitou a ausência da mulher de casa para cometer os crimes. Primeiro, atraiu Mariana, em Outubro de 2005, a um barracão, na Quinta das Regueiras, nas proximidades da sua residência, onde a tentou beijar. A jovem reagiu e agrediu-o com uma carteira, ameaçando de seguida que faria queixa às autoridades.
Na luta que se seguiu, o cabo Costa asfixiou Mariana com a técnica da ‘gravata’. Depois – à semelhança do que já fizera com o corpo de Isabel Isidoro – envolveu-a em sacos e lançou-a ao rio Mondego, junto à ponte de Almaça, perto de Almacinha. Já não foi à Figueira da Foz, porque a tentativa de esconder o primeiro cadáver não tinha resultado e sabia que naquele sítio do rio se tinha despenhado um carro e o corpo do condutor nunca fora encontrado.
Com Joana Oliveira, em Maio de 2006, repetiu-se quase o mesmo cenário – revelador de atitudes típicas de um serial killer –, só que o corpo foi lançado ao rio Mondego na barragem do Coiço, Penacova, e o cabo Costa tê-lo-á despido para “observar a zona genital da vítima” e daí retirar prazer sexual, vestindo-o antes de o atirar à água.
CARTAS PARA BARALHAR
A Acusação relata a existência no processo de quatro cartas – duas da autoria do cabo Costa e outras tantas enviadas de Espanha – que procuram atribuir os crimes a um tio de Mariana por afinidade, tese que a investigação refutou sem dúvidas. No entanto, não deixa de ser assinalável que duas delas tenham sido expedidas de Ciudad Rodrigo (Espanha), o que significa que, estando o serial killer em prisão preventiva, conseguiu “instrumentalizar” alguém para as endereçar a partir dos correios espanhóis. As cartas enviadas de Espanha foram dirigidas ao juiz do Tribunal da Figueira da Foz e à polícia de Santa Comba Dão. Nelas, a presudo-autora refere que o tio de Mariana tinha pedido o carro ao cabo Costa para o incriminar e que fora violada por ele; o mesmo tendo sucedido com Mariana.
PJ EVITOU QUARTA MORTE
A quarta vítima do serial killer seria uma jovem de 15 anos, identificada na acusação. A determinada altura, o cabo Costa dirigiu-se-lhe para saber se já ‘trabalhava’. O arguido, segundo a acusação, chegou a dar-lhe “palmadinhas no rabo” . Estes factos podem corresponder a um crime de abuso sexual de crianças, mas como se trata de um crime semipúblico era preciso que os pais apresentassem queixa. O inquérito referente a esta matéria viria a ser arquivado porque a mãe da vítima renunciou àquele direito. Na altura em que o serial killer foi detido, surgiram pelo menos duas jovens indicadas como potenciais vítimas, o que indicia – como defendeu na altura a PJ – que o homicida não iria parar de matar para satisfazer instintos sexuais. Todas residiam nas proximidades da casa do cabo da GNR na reserva e conheciam-no.
O PROCESSO
O processo reúne cinco volumes principais e vários apensos – perto de duas mil páginas. Só a Acusação tem 40. Os bens do cabo Costa, incluindo o apartamento na Figueira da Foz e uma casa em Santa Comba, foram penhorados para garantir o pagamento das indemnizações. Antes, o militar na reserva deveria ter pago uma caução de 405 mil euros, o que não fez.
NERVOSISMO
Quando foi abordado, no início das investigações, o cabo Costa começou a mostrar um “estranho nervosismo” e a apresentar-se precupado em explicar situações de que ninguém lhe falara. Manchas de sangue encontradas na mala do seu carro, os óculos e os cabelos de vítimas descobertos perto de sua casa ajudaram a confirmar as suspeias. Acabou por confessar todos os crimes.
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